Jorge Lordello: Braço de ferro entre porteiros e moradores. Quem vence? 

Um porteiro que já participou de treinamento e capacitação comigo mandou e-mail esta semana dizento estar tremendamente chateado com o que ocorreu com ele durante o serviço. Contou que uma moradora telefonou para a guarita dizendo que uma visita chegaria ao prédio com um veículo Gol de cor cinza e que já tinha combinado para a pessoa piscar o farol por duas vezes para que a portaria liberasse a entrada da garagem.

O colaborador comentou educadamente que não poderia atender tal pedido, pois esse tipo de procedimento não era previsto no regimento interno e explicou para a moradora avisar o visitante para estacionar o auto na rua e dirigir-se até a guarita para realizar o cadastramento mediante apresentação de documento público com foto, ou seja CNH ou RG.

Veja o comentário do porteiro após informar a solicitante sobre as regras do condomínio:

“Ave Maria, o mundo desabou sobre minha cabeça por conta da recusa do pedido de abertura do portão da garagem. Aí ela ligou para o síndico e ele autorizou o tal procedimento. Assm fica difícil trabalhar”.

E ao final, ele fez o seguinte desabafo:

“Nós porteiros tentamos de tudo para dificultar as invasões a condomínios, mas não é fácil. É uma luta árdua; somos taxados como burocráticos e que queremos mandar no apartamento do morador quando dizemos não a pedidos não previstos”.

Caro leitor, a verdade é uma só! Porteiros e zeladores sofrem diariamente com a disputa entre comodidade e segurança.

Ao receber pedido não constante nas normas internas referentes ao controle de acesso, cabe ao porteiro não atender a solicitação. A experiência como pesquisador criminal na área condominial mostra que as reações dos moradores são distintas e passo a expô-las abaixo:

– Alguns entendem a explicação dos colaboradores do edifício e acatam sem discutir.

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– Outros contestam e partem para a ofensa e ameaça de demissão do emprego, podendo caracterizar assédio moral.

– E por último, temos moradores que, inconformados com a recusa do porteiro em atender seu pedido, entram em contato imediatamente com o síndico tecendo severas críticas ao colaborador, isso com a intenção de ter sua solicitação atendida. Alguns síndicos mostram que o porteiro está certo com a negativa e explicam ao condômino que é necessário seguir as normas internas vigentes para o bem da segurança da coletividade.

O problema é que muitos administradores acabam cedendo à vontade dos condôminos e desautorizam os colaboradores.

É óbvio que o porteiro desautorizado ficará chateado e até revoltado com a atitude do síndico, pois em dado momento é cobrado para seguir as normas de controle de acesso e em outras ocasiões é obrigado a descumprir o constante no regimento interno.

Não é possível fazer omelete sem quebrar ovos, como também não é possível ter nível elevado de segurança em condomínios se o síndico não apoiar os colaboradores no cumprimento rígido das normas internas.

De nada adianta o investimento em guarita blindada, instalação de dezenas de câmeras, equipamentos eletrônicos sofisticados de controle de acesso e proteção perimetral, se for permitido que alguns moradores vençam o braço de ferro com os colaboradores, pelo simples desejo de ofertar comodidade para a liberação de entrada de amigos, parente e até prestador de serviço.

Jorge Lordello

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagens: Universo condominio

 

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