O mês de março foi marcado por comemorações, congressos e debates, afinal, aproveitamos o momento para colocar em pauta nossas reivindicações, mobilizar a sociedade, chacoalhar quem está dormindo ou quem ainda não percebeu que apesar dos avanços conquistados, ainda temos um longo caminho a percorrer para atingir a igualdade de gênero.
Passei o mês correndo de um lado para outro, com agenda lotada com inúmeros eventos, em alguns falei e em outros aprendi.
Finalmente cheguei ilesa até o dia 31 quando resolvi aceitar 2 convites para fechar o mês com chave de ouro, seria palestrante num evento virtual às 19:00 horas e outro presencial às 19:50hs.
Planejei tudo com antecedência, minuto a minuto, chegaria às 19h00 no evento presencial, procuraria um local tranquilo para participar da live e depois voltaria para o auditório com calma para aguardar meu painel.
Parecia perfeito… só esqueci que não sou uma mulher com superpoderes capaz de interferir no clima e no trânsito, e infelizmente, ainda não inventaram aqueles tubos de teletransporte que eu via nos filmes de ficção científica.
Uma chuva torrencial e a cidade parou, um trajeto que duraria 35 minutos durou quase 2 horas, tentei me conectar de dentro do carro mas a internet estava instável e assim, aos poucos vi meu planejamento indo por água abaixo. Nada a fazer, só me restava engolir a impotência e aumentar o nível de paciência para não surtar.
Cheguei no local muito atrasada e toda esbaforida, pedindo um tempo para entrar na live virtual antes de subir ao palco.
Resumo da ópera, o evento virtual estava com mais de 1000 participantes ao vivo e a cores, e eu toda descabelada, do lado de fora do auditório para não atrapalhar, tremendo de frio porque errei a roupa, com o celular na mão, tentando parecer equilibrada e calma, mas é óbvio que era impossível.
Nem me lembro o que falei, só sei que ao terminar, saí correndo para subir ao palco, então, percebi que sequer sabia o tema do painel pois haviam me informado que seria um bate papo descontraído.
Respirei aliviada quando ouvi: “Lugar de mulher é onde ela quiser”… agradeci a Deus! Afinal, acredito piamente que mulheres podem estar em qualquer lugar, na política, nas ciências, na justiça, pilotando astronaves ou cuidando da casa e da família.
Ninguém imagina o caminho percorrido por cada uma de nós, somos as mulheres que insistem, as que escorregam, erram, capotam e se levantam, prontas para o próximo desafio.
Não temos superpoderes, mas em compensação temos criatividade, coragem e força para em meio ao caos vestir um sorriso no rosto e enfrentar os obstáculos que surgem no caminho.
Mulheres maravilhas só existem nas histórias em quadrinhos, nós somos mulheres reais dispostas a lutar por um lugar ao sol, dispostas a transformar sonhos em realidade, dispostas a ser feliz.
Lilian Schiavo
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Imagem: Foto divulgação – Filme Mulher Maravilha
