Oie, tudo bem por aí?
Na minha viagem aos Estados Unidos, em março deste ano (2022), descobri que não é cultural do americano o café da manhã no valor da diária. E, apesar de achar isso péssimo, já superei! O que é um movimento totalmente contrário do que acontece aqui no Brasil. De acordo com pesquisas realizadas em aplicativos de reserva, esse item é o principal na hora de escolher e fazer uma reserva na hospedagem, representando 68% dos clientes.
Por causa da crise no setor, provocada pela pandemia, cresce a tendencia da hotelaria de começar a cobrar pelo café da manhã, como forma de aumentar as receitas dos hotéis. Assim como já acontece na aviação, onde algumas refeições – entre outros serviços – são cobradas a parte. Esse efeito “dominó” é comum, levando em conta que a hotelaria sempre usou as companhias aéreas como inspiração para melhorar seus serviços e aumentar seus lucros.
Com o objetivo de reduzir custos operacionais, terceirizar o serviço e por fim cobrar pelo café da manhã e outros serviços pode ser a “solução” encontrada em algumas hospedagens. Lavar ou passar uma peça de roupa já está mais cara, além própria tarifa da diária, que eu acredito ser um jeito de “mascarar” a cobrança pelo café, você não concorda? Alguns lugares justificam a mudança com o argumento que não faz sentido todos os hóspedes pagarem pelo café da manhã se nem todos fazem uso desse serviço.
Na prática, a capital gaúcha, por exemplo, é a que tem a maior taxa de reservas sem café (cerca de 14%), levando em conta os dados de 2021. Já em alguns hotéis em São Paulo, estão trabalham com tarifas flexíveis, deixando a escolha do hóspede pagar um valor a mais pelo serviço. O que facilita na montagem do bufe, que é feito de acordo como a demanda dos hóspedes que optaram pela tarifa com café incluso.
Por outro lado, de acordo com o consultor em hotelaria Mario Cezar Nogales, vender hospedagem sem café da manhã, sem qualidade ou terceirizado é o mesmo que comprar um carro sem rodas. E, ter o hóspede certo, no momento certo, no quarto cero com a tarifa certa é o que faz a questão de receitas ser um estilo de gestão e não apenas flutuação tarifária.
Para o brasileiro o café da manhã é a identidade do hotel e precisa ser usado pelo setor como uma oportunidade de estratégia de fidelização. Não é à toa que existe a Breakfast Weekend, uma semana que promove cafés da manhã nos hotéis.
Para o hotel é na primeira refeição o dia para impressionar o hóspede, turista e até mesmo o passante (eu, que sendo a louca do hotel, mesmo não estando hospedada aproveito para conhecer cada experiência). Tanto é que muitos lugares abrem suas portas justamente para quem não é hóspede, para aumentar a receita e para atrair novos clientes
Um café da manhã bem montado não é um café com poucos itens em grande quantidade, mas sim um café com muitos itens em pequenas quantidades. E, ele vai além de alimentar, também proporcionar ao hóspede uma experiencia de prazer. Você mesmo já deve ter tido a sensação de que as férias só começarem na hora do café da manhã, ou ainda, de aproveitar essa refeição para conhecer um pouco mais da cultura gastronômica do local.
É fato que a pandemia levou todos a repensarem suas opções, por questão de custos e pelos desafios dos novos protocolos de higiene. Mas não justifica a terceirização ou a má administração do café da manhã trazem, como sucos artificiais em terras de produção de frutas, por exemplo.
De qualquer maneira, para o cliente, na hora de colocar a conta do café da manhã no hotel, que pode variar de 5% do valor da diária, não vale a pena. Eu mesma, quando isso acontece prefiro fazer a refeição fora, para controlar melhor o orçamento
O que a hotelaria e gestores não podem esquecer a força cultural do café da manhã já incluso na diária, afinal a pergunta que mais se ouve no momento do check-in é: “que horas começa o café da manhã?”
Confesso que sendo apaixonada por hotel prefiro que essa regra não mude, mas vamos ter que esperar os próximos capítulos, ou diárias.
Um beijo e até o próximo Check-in da Lau.
Laura Moura Lima
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