Fabio Abate: Faz o que ama ou ame o que faz.

Estamos sempre em busca de algo, prazer, satisfação, realização, felicidade. A falta nos coloca sempre em movimento, e isso é ótimo, enquanto tivermos o que buscar, estaremos vivos. Essa é a essência do impulso humano. Mas num determinado momento da vida é preciso sair da esfera da falta e partir para esfera do encontro, o encontro com um prazer mais alicerçado, algo que não acabe a cada conquista, mas que vai se fortalecer e crescer a cada conquista.

Como sempre estive envolvido com o comportamento humano, da psicanálise aos treinamentos corporativos, escuto com muita frequência as pessoas falando sobre satisfações e insatisfações sobre o que fazem, e eu embarco junto em cada história. Tem gente que tem tanto amor no que faz que parece que nunca fez outra coisa ou que nada deu errado até agora, tem gente que está tão infeliz que parece sempre fez a mesma coisa ou tudo deu errado até agora. São paradoxos do cotidiano profissional que me intriga a ponto de despertar em mim o desejo de ajudar as pessoas a se encontrar.

Nessa trajetória, consegui perceber pelo menos 3 profissionais distintos, aqueles que buscam encontrar seu talento, aqueles que encontram o talento “sem querer” e aqueles que sabem do talento, mas ainda não vive ele. Parece uma escolha simples, mas não é tão simples assim para todos. Tem gente que sempre soube o que queria ser, minha sobrinha estuda veterinária, ela desde pequena falava que iria ser veterinária, terminou o colégio e está na faculdade, mas tem gente que passa a vida sem saber o que quer ser. A grande diferença que vejo está na escolha de topar o trabalho que isso vai dar, o trabalho que dá construir esse encontro com seus talentos, aptidões e valores.

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O primeiro exemplo, pessoas que buscam encontrar seu talento, são pessoas que querem sair do automático, não estão realizadas com o que estão fazendo e sabem que depende de elas perceber em o que realmente sabem ou estão afim de fazer e começam esse caminho de construção. Normalmente são profissionais que mantem seu nível de entrega mas querem ter mais identificação com o que fazem, mas também tem gente que se apoia nesta muleta para justificar a falta de entrega no que fazem (sabe, eu não gosto do que faço).

No segundo caso, aqueles que encontram seu talento “sem querer”, na real, não sei se é um encontro ou se a pessoa passa a curtir o que está fazendo. Tem gente que tem a oportunidade de entrar numa empresa ou assumir uma função e fica nela por algum tempo e vai se dando conta que tem as habilidades certas para isso, ou percebe a importância do que faz, e isso vai transformando sua relação com seu dia a dia a ponto de mudar seu nível de satisfação com o trabalho.

Nosso terceiro e último exemplo, são pessoas que invariavelmente tem o futuro como motivador, porque sabem que um dia vão viver o que tanto almejam, mas ainda não. Esses profissionais sabem o que gostam de fazer, mas ainda não tomaram as rédeas de suas carreiras a ponto de realmente viverem seus talentos no dia a dia. Claro, que temos os que estão em transição, ainda trabalham em algo que não é exatamente o que gostam, mas em paralelo estão se preparando para essa virada.

Para mim, na maioria das vezes, as pessoas complicam a própria vida mais do que a vida já é complicada. As pessoas remoem demais os problemas, demoram muito para decidir e se escondem atrás das duvidas para permanecer no mesmo lugar. O mundo está cada vez mais prático, estamos na era da experimentação, muitos já perceberam que não temos tempo a perder com longos processos terapêuticos, remoendo passado em busca de respostas exatas para aquilo que não é exato. O autoconhecimento é dado na prática, no laboratório da vida.

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Temos uma ferramenta gratuita e a disposição a todo momento chamada pessoas. Por mais estranho que pareça, num mundo mega tecnológico, a ferramenta mais incrível de crescimento está na relação humana. Construa boas relações de confiança, busque se expor ao máximo possível e aceite os feedbacks de maneira construtiva, assim você perceberá na pratica o que funciona e o que não funciona, e com o tempo você mesmo se dará feedbacks e modelará seus comportamentos e atitudes construindo uma relação cada vez mais saudável com você mesmo. O autoconhecimento deve ser  uma construção prática e diária, amar o que faz ou fazer o que ama será fruto desta construção.

 

 

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