Eu percebo que muitas famílias não entendem o caminho para conseguir o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e acabam desistindo deste auxílio por causa da burocracia.
Por isso, gostaria de explicar de forma simples e clara como funciona esse processo, para que você possa ter mais segurança e clareza ao buscar esse direito tão importante.
Primeiro é necessário explicar que o BPC – Benefício de Prestação Continuada – é uma ajuda financeira garantida pela Constituição para pessoas com deficiência, como aquelas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), e para idosos a partir de 65 anos que estão em situação de vulnerabilidade social.
Ele dá direito a um salário-mínimo por mês e precisa ser renovado com o tempo, mas para obter, a pessoa precisa preencher alguns requisitos:
Comprovação da Deficiência e Avaliação Médica: relatório médico e avaliações médicas e sociais realizadas pelo INSS.
Renda Familiar: A renda por pessoa na família precisa ser menor que 1/4 do salário-mínimo.
Apesar de termos notícias de aumento muito grande no número de pessoas com TEA que recebem o BPC, infelizmente, muitas famílias ainda enfrentam dificuldades para conseguir o benefício.
Me deixa muito triste ver essa via sacra para conseguir esse benefício e é comum que o BPC seja negado na esfera administrativa (INSS), pois não consideram as particularidades que envolvem o autismo.
Aqui estão alguns dos principais motivos:
- Avaliações Inadequadas do INSS
- As avaliações médicas e sociais realizadas pelo INSS são fundamentais para a concessão do BPC. Como o TEA é uma condição com variações significativas nos sintomas e impactos, nem sempre os profissionais responsáveis conseguem compreender a necessidade.
- Critério Rígido de Renda
- Um dos principais critérios para a concessão do BPC é a renda familiar per capita, que deve ser inferior a 1/4 do salário-mínimo. Mesmo famílias que claramente precisam do benefício acabam sendo excluídas por causa desse critério.
- Interpretação Restritiva das Normas
- Os servidores do INSS seguem rigorosamente o que está na lei, o que pode resultar em decisões que ignoram o contexto e as dificuldades reais enfrentadas pelas famílias.
Mas o importante é entender que, mesmo que seja negado na esfera administrativa, é possível recorrer à justiça para conseguir o BPC, porque os juízes têm a oportunidade de adotar uma visão mais ampla e sensível sobre o impacto do TEA.
Eles podem considerar depoimentos e outras provas que demonstrem claramente como a condição afeta a vida da pessoa, algo que pode ter sido subestimado ou ignorado nas avaliações feitas pelo INSS.
Temos que lutar para que esse acesso seja simplificado e menos burocrático para que as famílias que já enfrentam tantas dificuldades, possam ter o apoio que precisam.
Devemos manter a perseverança e nos indignar quando nossos direitos são negados. Apesar dos desafios, o BPC pode garantir uma vida mais digna para quem precisa. Insista e procure o judiciário caso tenha seu direito negado.
Os Direitos das Pessoas com Autismo devem ser respeitados e aqui é um lugar para você se sentir acolhida! Me escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe algum desafio se desejar. Será uma honra conhecer você melhor!
Um beijo e até a próxima quarta-feira.
Juçara Baleki, @querotratamento