Crise Espiritual na Modernidade : “Nones” e “Dones” – Quem são eles nos Estados Unidos?

Crise Espiritual na Modernidade : “Nones” e “Dones” - Quem são eles nos Estados Unidos?
Créditos: Revista Abrale

Bom dia meus amigos queridos,

Cada vez mais eu e a minha esposa somos convidados para falar de um fenômeno que é evidente e irreversível nos Estados Unidos. Livros e palestras, seminários e pesquisas buscam entender como responder a atual crise institucional nas igrejas nos Estados Unidos da América. Cada vez mais eu e a minha esposa somos procurados por líderes de igrejas, pastores que também desenvolvem o papel de pais, e portanto, não estão sabendo lidar com os próprios filhos tanto quanto com a quantidade de pais que lhes procuram para entender como responder a estes dois grupos que segundo os estudos realizados pelo Pew Research Center tem aumentado significativamente nas últimas décadas: “nones” e “dones”.

Quem são eles? Quais são as razões e motivos de ter um número enorme de jovens que se indentificam como “nones” e “dones”. Hoje, aproximadamente 30% da população adulta americana se identifica como não religiosa “nones”, sobretudo, os indivíduos de uma faixa etária inferior aos 30 anos de idade.

O que significa isto?

Ora, significa que a tendência é cada vez maior de ver igrejas e reuniões nas instituições religiosas sem a presença de famílias com crianças pequenas tanto quanto a ausência quase absoluta de jovens devido ao desinteresse profundo de tais grupos com respeito às práticas religiosas. Não è coincidência se deparar com uma quantidade enorme de igrejas vazias aos domingos nos Estados Unidos. Não é coincidência ficar chocado com uma quantidade enorme de igrejas se tornando “legado” e fechando as portas por não ter gente suficiente para manter o custo mensal de uma infra-estrutura que conta com quadras esportivas, cafeteria, cozinha, salas de reuniões, e além obviamente, do templo.

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Eu poderia escrever um livro sobre ambos os grupos. Caso você esteja ouvindo estes termos pela primeira vez, eu vou tentar ser o mais simples e claro possível. Vamos lá!

Nas pesquisas de opinião pública quando os indivíduos são questionados sobre qual afiliação religiosa eles pertencem segundo as opções: Cristianismo, Islamismo, Judaísmo, Budismo, etc., uma das opções é “None” (Nenhuma), ou seja, “None of the above” (Nenhuma das anteriores). Aqueles que escolhem essa opção são categorizados como “nones”. Aliás, esta já é uma realidade na Europa há décadas. Este grupo tem a ver com pessoas que estão abertas para uma conversa sobre espiritualidade, mas sem nenhum ataviamento institucional e religioso. Estes indivíduos são considerados e vistos como ateus e agnósticos devido a centenas de experiências negativas e religiosas, sobretudo com a Cristandade, que trouxe marcas profundas de contradições e hipocrisia. Há maioria destes indivíduos estiveram muito próximos destas incoerências em nome de Deus e da fé, tendo gente na família que carregava todos as características de tal incoerência e contradição entre “discurso e prática”.

Por outro lado, o grupo dos “dones” tem a ver com indivíduos que anteriormente participavam de tradições religiosas, mas optaram por sair delas devido a desilusões, cansaço das práticas religiosas que se imiscuíram com a política beirando ao fanatismo e discurso que exalasse o ódio e a descriminação. Ao contrário dos “nones”, os “dones” geralmente têm um passado religioso ativo, mas hoje guardam a fé e a sua espiritualidade para uma prática mais pessoal, com a esposa, se reunem com os amigos em grupos pequenos, ensinam aos filhos as narrativas dos Evangelhos, mas se desconectaram das disputas doutrinárias religiosas e estão distantes da hipocrisia percebida nas instituições religiosas.

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Isto posto, os “nones” são identificados como um grupo sem religião, incluindo ateus, agnósticos e pessoas que acreditam em algo espiritual, mas não estão ligados a uma instituição religiosa. Os “dones” são identificados como um grupo que guardam a fé e espiritualidade, mas se distanciaram das políticas institucionais-religiosas.

Isto dito, a realidade presente na Europa de ambos os grupos começa a ser uma realidade cada vez mais presente nos Estados Unidos onde há sinais evidentes de uma transição cultural de como a fé e a espiritualidade são observadas nesta presente geração norte-americana.

Ora, tais escolhas não significam necessariamente que estes indivíduos não estejam abertos para a espiritualidade, para uma conversa sobre as lindas parábolas descritas nos evangelhos segundo Jesus, para uma conversa sobre fé e experiências pessoais que algum indivíduo possa ter com Deus na sua jornada. No entanto, tais escolham significam que estas pessoas não seguem uma religião institucional especifica e estão cansadas dos proselitismos e “evangelismos” de muitas fórmulas, pois muitos deles, senão todos eles, foram testemunhas diretas ou indiretas de tal processo manipulativo enquanto eram crianças e adolescentes.

Hoje, eu fico por aqui. Uma boa semana a todos vocês!

Fábio

Collonges au Mont D’Or

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Respostas de 3

  1. Muito bom artigo Fábio. Através dessa situação, especialmente dos “dones”, a igreja em células cresceu na América, e tem sido uma alternativa para eles. Além disto, graças a Deus, tem havido muitos avivamentos especialmente de jovens nas universidades Americanas. Deus está trabalhando e as igrejas aqui também. Ore pelos EUA.

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