Crítica: Megan Leavey (2017)

Não há no mundo uma relação de amor e companheirismo tão profunda e verdadeira quanto a de um cão e seu dono. O drama baseado em fatos verídicos Megan Leavey (EUA, 2017), apesar dos clichês narrativos e estrutura totalmente convencional, não falha em perpetuar a mensagem de amizade e lealdade que envolve o indivíduo humano e sua metade canina, aqui personificados por duas almas que longe uma da outra, não encontram sua razão de ser.

Megan (a bela Kate Mara, dos thrillers Morgan e Atirador), é uma jovem problemática e rebelde, filha de pais separados e que pouco compreendem o delicado momento vivido pela filha. Após perder seu melhor (e único) amigo, vítima de uma overdose, Megan decide sair da casa de sua mãe (Edie Falco, da série Família Soprano), em busca de um rumo na vida, e surpreendentemente, acaba se alistando no corpo de fuzileiros navais norte-americano.

Mesmo depois de finalizar o programa e se tornar uma fuzileira, Megan continua sentindo falta de um propósito em sua jornada, até que ela conhece Rex, um cão pastor-alemão agressivo e cheio de atitude, que pertence ao programa de treinamento de cães farejadores do exército. Quando Megan então se inscreve no programa e o invocado Rex é designado à ela, parece que nada vai dar certo, mas aos poucos a dupla mostra entrosamento e perícia, e sua relação enfrenta um teste de fogo quando Megan e seu cão são enviados para o barril de pólvora da Guerra do Iraque, no ano de 2006.

Dirigido por Gabriela Cowperthwaite (do aterrador documentário Blackfish: Fúria Animal), Megan Leavey é aquele típico filme americano redondinho. Não há nada que salte aos olhos do espectador no quesito inovação ou mesmo narrativo. O roteiro escrito à seis mãos por Pamela Gray (A Condenação, 2010), Annie Mumolo (Missão Madrinha de Casamento, 2011) e Tim Lovestedt, apesar de lugar-comum (ainda que baseado em fatos reais), ao menos trabalha o material com veracidade e delicadeza, mesmo que em algumas passagens fique evidente a tentativa do roteiro em fazer o espectador chorar, o que em mim não funcionou, pelo menos até os minutos finais da produção, estes sim bastante emocionantes.

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A produção tem boas passagens, como as sequências que mostram a protagonista e seu novo companheiro peludo se conhecendo e treinando para o front de batalha, assim como todo o trecho do filme ambientado durante o conflito no Iraque. A forte e bela presença da pequenina Kate Mara (atriz da qual pessoalmente gosto bastante) no papel-título, também ganha pontos para a produção, que consegue manter a narrativa sempre num ritmo crescente.

Porém, independente do que este Megan Leavey possa significar como experiência cinematográfica, é mais importante e relevante assisti-lo pelo que ele realmente representa: mais uma inquestionável evidência da incomparável relação entre um cão e seu dono. O pastor-alemão Rex não economiza nos atos de bravura retratados na produção, e mais do que apenas um cão treinado, o animal revela-se um verdadeiro anjo de quatro patas, que encontra em Megan seu alicerce, e vice-versa.

Ambos machucados pela vida e pelo jeito antissocial de ser, Megan e Rex encontram propósito um no outro, e uma fiel amizade capaz de perdurar por toda uma vida. Então, ao invés de me preocupar com os clichês, ou outros apontamentos negativos presentes no filme, prefiro me apegar à sua bonita e edificante mensagem de amor e lealdade, que nunca se mostrará desgastada ou lugar-comum, exatamente como o sentimento de amor, respeito e dedicação incondicional de um cão por seu dono.

Megan Leavey ainda não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros.

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