Há algumas semanas, comprei dois mamões verdes no hortifruti. Mesmo tendo aquela sensação de que nunca iriam chegar lá, comprei porque eram os únicos que “prometiam” alguma coisa. Cheguei em casa e, antes mesmo de desempacotar tudo, já fui providenciando umas folhas de jornal – e comemorei singelamente por fazer parte do grupo cada vez menor de pessoas que os compra. Embrulhei um por um e botei à beira da janela da cozinha, onde bate uma nesga de sol o dia todo.
Ainda olhei pra eles e continuei a duvidar de seus potenciais porque, realmente, apesar de lindos, rijos e terem um bom peso, estavam bem verdes. Meu marido compra bananas verdes toda semana para “durarem mais”, e elas amadurecem em dois dias maravilhosas e duram bastante, mesmo! Mas, sobre os mamões, o que a gente temia se confirmava dia após dia: uma mamão verde colhido tão precocemente dificilmente será um mamão maduro, nem com um milhão de folhas de jornal… A fruta foi ficando amarelada e, quando estava prestes a brilhar na mesa do café da manhã com mel e granola, começou a produzir uma espécie de fungo branco na casca e apodreceu antes mesmo de amadurecer. Até pensei em doce de mamão verde, mas tudo já estava perdido.
Alguns dias antes, havia tido uma discussão com uma amiga. Era uma coisa boba, um mal entendido aparentemente sem solução por pura falta de vocação de ser bem-sucedido. Esforços dos dois lados e, aparentemente, como no caso do mamão, não rolou, não conseguimos nos entender mais. Sabe aquelas amizades que surgem num ambiente profissional, tornam-se uma fortaleza por um período até que chegam ao fim sem mais nem menos? Pensei que, às vezes, uma amizade pode ser como um mamão verde que nunca vai chegar lá… só existe como uma grande expectativa.
Mas, claro, é possível que eu tenha feito uma merda muito grande, tanto no caso dos mamões como no da amizade. Por isso, estou aceitando sugestões.