Fernando Calmon – Carros: Convergência necessária

Vista aérea do Complexo Industrial Automotivo da GM em Gravataí (RS). (Brasil) X05SN_SN263

Se alguém ainda duvidava, os resultados da indústria nos três principais indicadores – vendas internas, produção e exportação – ao final de agosto apontaram recuperação sem qualquer viés de baixa ou reversão das expectativas. Em comparação aos sete primeiros meses do ano passado, os percentuais são positivos: 5,3%, 25,5% e 56,1%, respectivamente. Os números se referem a automóveis e comerciais leves e pesados.

Desempenho do mercado interno ainda tem muito a melhorar, pois a média diária de vendas em agosto foi de 9.415 unidades. Quando o ritmo sustentável subir para mais de 10.000 veículos/dia, pode-se concluir que o crescimento é autossustentável. Como as exportações estão subindo bem mais que o esperado, deve ajudar na recriação de empregos e realimentar a demanda interna.

A Anfavea revisou para cima as projeções deste ano. Em relação aos três indicadores citados, a entidade espera que 2017 supere 2016 em 7,4%, 25,2% e 43,3%, respectivamente. No início de 2017, quando o pessimismo era grande, esta coluna previu 9% de crescimento nas vendas internas no fechamento do ano ao analisar os números ruins de 2016.

Depois de queda acumulada de quase 50% em três anos a reação deveria acontecer mesmo. Se as sucessivas crises políticas não tivessem atrapalhado as reformas econômicas – até agora concluídas parcialmente – o resultado poderia ser melhor. Basta olhar a Argentina, onde o mercado interno cresceu 30% de janeiro a agosto sobre igual período de 2016 na esteira de mudanças de rumo na economia.

O que pode ajudar muito é a convergência de boas decisões entre os dois países. Basta um simples exemplo: Argentina decidiu harmonizar as exigências de segurança veicular e considerar o mesmo prazo de 2020 para adoção simultânea com o Brasil do ESC (sigla em inglês para Controle Eletrônico de Estabilidade) nos carros de projetos novos e 2022 para todos os demais à venda. Seria muito bom que, em contrapartida, o Brasil passasse a exigir engates Isofix para bancos infantis já obrigatórios no outro lado da fronteira.

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Fato de grande relevância seria ambos terem regras em comum tanto em itens de segurança quanto em consumo de combustíveis e emissões, guardadas as diferenças pontuais. O programa brasileiro Rota 2030, a ser anunciado até novembro, poderia se tornar o ponto de partida para esse ajuste de médio e longo prazo. Com uma produção conjunta de cinco a seis milhões de unidades anuais dentro de cinco a seis anos, Brasil e Argentina alcançariam escala de peso. Poderiam exportar para mercados sul-americanos e de outros continentes de forma competitiva.

De acordo com a Anfavea, bastaria o Brasil manter a cotação do dólar, nos próximos anos, entre R$ 3,20 e 3,40 para que continuasse competitivo fora das fronteiras e pudesse importar componentes de tecnologia de ponta a preço compatível para os veículos aqui produzidos. Forçar uma modernização sem critérios técnicos foi um dos erros do programa Inovar-Auto que termina em 31 de dezembro próximo, conforme previsto, porém sob contestação da Organização Mundial do Comércio.

 

RODA VIVA

HATCHES médios-compactos como Cruze, Focus e Golf estão cada vez mais sob pressão de SUVs. Assim, a VW não será a única a produzir um utilitário esporte desse porte na Argentina. Há fortes rumores de que a GM também aproveitará sua fábrica no país vizinho para entrar na disputa, dentro de três anos, pressionando ainda mais a segmento de hatches e até de sedãs.

VOLKSWAGEN oficializou (como antecipado aqui) que o Gol volta a ser produto de entrada a preço pouco inferior ao do up!. O modelo veterano torna-se alternativa aos subcompactos Mobi e Kwid por oferecer mais espaço interno e diferença de custo relativamente pequena. Fox teve enxugamento de versões. Tal realinhamento prepara chegada do Polo às concessionárias no fim de outubro.

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COMO alternativa aos SUVs espaçosos de sete lugares, Citroën Grand C4 Picasso oferece dirigibilidade refinada e resposta em curvas segura por ter centro de gravidade mais baixo. Luminosidade interna e visibilidade à frente e lateral destacam-se. Bancos são bem confortáveis, mas motorista demora até não esbarrar no comando do limpador ao acionar minialavanca do câmbio.

FINALMENTE, autoridades regulatórias europeias adotam métodos atualizados de medição e homologação de consumo e emissões para todos os veículos fabricados no continente. Referência anterior fugia muito do mundo real, se comparada aos números nos EUA e no Brasil. Também exige teste de emissões fora de laboratórios, um avanço significativo de credibilidade.

MAIS um fabricante, dessa vez Jaguar Land Rover, aposta na eletrificação em lançamentos a partir de 2020. Isso não significa que todos os novos modelos serão elétricos, mas que poderão ter um motor elétrico associada ao a combustão, ou seja, híbridos recarregáveis em tomadas ou não. Essa flexibilidade permitirá custos mais acessíveis ao consumidor e uma transição menos arriscada.

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