Será sábado, mas também será eterno. Coadjuvantes, anônimos e protagonistas viverão muito mais que o sábado que se avizinha.
O mundo a ser conquistado é o êxtase de uma busca que beira o devaneio e, muitas vezes, o surrealismo de algo que parece inatingível para a maioria. E é mesmo.
Olho para o nosso umbigo ao vislumbrar o sábado que se avizinha. E me encho de questionamentos, pensamentos, desdobramentos.
O que está por de trás do Grêmio finalista do Mundial Interclubes da FIFA? Um treinador que é ídolo histórico como jogador, mas agora também como treinador. Um grupo recheado de atletas desprezados em outras agremiações. Um time de futebol vistoso. Uma grata “surpresa”, se é que nem podemos chamar de surpresa, mas seguramente grata.
Os críticos vão dizer que depender da prorrogação contra os mexicanos do Pachuca descredencia o tricolor gaúcho.
Mas e se tivesse perdido? Só que não é essa a questão. Há muito mais que o simples fato de ter passado pelas semifinais.
Há outro ponto. Para muitos, o Grêmio tinha tudo para disputar de igual para a igual o título brasileiro deste ano com o Corinthians se assim quisesse. Não quis.
O seu treinador foi firme no propósito de priorizar. E pagaria caro se a estratégia falhasse. Não falhou.
O Grêmio conquistou aquilo pelo qual se preparou. E ganhou a Libertadores da América, sem sustos, com maturidade, ousadia e uma dose irritante (para alguns) de convicção. A mesma Libertadores – é bom que se diga – que já foi de Renato Gaúcho como jogador do mesmo Grêmio.
No tricolor dos pampas, Renato, Gaúcho por “sobrenome” que virou nome próprio, recuperou atletas que outros desprezaram.
Edilson, o lateral direito que o Corinthians perdeu e não sentiu; Cortez o lateral esquerdo tantas vezes renegado por aí; Barrios, atacante que o Palmeiras não quis; Cicero que o São Paulo jogou fora; e por aí vai.
Além do que, Renato tem Marcelo Grohe, o goleiro das defesas impossíveis. Quem garante que ele não pode ser no sábado o mesmo que Cássio foi contra o Chelsea?
Ainda tem o ótimo zagueiro Geromel que até outro dia ninguém falava; o rei Arthur, um atleta completo. Sem falar em Luan, o medalhista de ouro que Tite ainda não enxerga na seleção principal. Ainda.
Acrescente a estrela de Everton que com um golaço credenciou o Grêmio para o último grande passo.
Sábado. No nosso horário. Três da tarde. O Brasil será mais uma vez tricolor. A missão será fácil ? Claro que não. Mas bem que a bola poderia nos dar esse presente.
Para o já imortal Renato Gaúcho, para seus súditos que cumpriram com tanto afinco as ordens e planos de um comandante exemplar.
Que o Grêmio possa ser do mundo. Mas se não for, quantos ensinamentos já não foram alcançados?
O Brasil será tricolor quando sábado chegar. Muito real é acreditar que a taça que já foi tantas vezes a Madrid, possa desta vez ficar por aqui.