Querida leitora,
Já falei aqui que as escolas têm obrigação legal de proteger nossos filhos. Todos já sabem disto. Mesmo assim continuamos a receber notícias de denúncias sobre hostilidades e agressões a crianças e adolescentes com autismo dentro das escolas.
A pergunta que tenho é: até quando as mães terão que esconder gravadores nas lancheiras e mochilas dos filhos para investigar que eles estão sofrendo algum tipo de violência durante as aulas?
Onde estão os outros tantos funcionários quando um colega de trabalho está desrespeitando uma criança que está aos cuidados de uma instituição de ensino?
Como advogada fico indignada e desejo ver a justiça sendo feita com apuração de responsabilidade, compensação financeira à vítima pelos danos morais sofridos e punições aos infratores. Mas como mãe, sinto a raiva e o desespero das famílias que passam por isso e choro com elas pela dor da impotência diante do ocorrido.
Mas só chorar não resolve nada. Temos que agir. Não podemos nos calar! Por isso resolvi voltar hoje a esse assunto tão triste. Falarei sobre isso sempre que for necessário. Faz parte da luta pelos direitos dos nossos filhos.
Qualquer forma de violência contra uma pessoa com deficiência é inadmissível. Mas fica ainda mais horrenda quando o ato vem daqueles que deveriam dar proteção. É inconcebível que docentes ou funcionários de escolas representem risco emocional ou físico para os alunos.
A legislação que protege as crianças e adolescentes com autismo não está aí por acaso e podemos exigir das instituições públicas e privadas a implementação de medidas preventivas.
Penso que os colégios devem sentir no bolso o peso de sua omissão, com o pagamento de altas indenizações pelos danos morais sofridos por alunos dentro de suas instalações, assim vão preferir investir em treinamento e capacitação para seus funcionários, promovendo uma cultura inclusiva e de respeito à diversidade.
As escolas devem ser espaços de aprendizado e desenvolvimento, onde nossos filhos se sintam respeitados e valorizados. Não podemos aceitar que a falta de preparo ou falta de humanidade justifiquem abusos e discriminação.
Mas também não podemos generalizar, por isso, vamos valorizar e enaltecer os excelentes educadores que fazem do seu trabalho uma missão.
Vale lembrar ainda que em casos de discriminação ou desrespeito a alunos com autismo é possível registrar um boletim de ocorrência na Delegacia da Pessoa com Deficiência ou procurar suporte jurídico especializado.
A união da nossa comunidade é fundamental para promover mudanças e assegurar que cada pessoa com autismo receba o tratamento digno que todo cidadão merece. Juntos, podemos criar um futuro no qual a inclusão não seja apenas um conceito.
Vamos em frente atentos e com esperança por dias melhores.
Todas as pessoas com autismo devem ter seus direitos respeitados e seus talentos reconhecidos. Se você tem um familiar com autismo, sinta-se acolhida aqui! Me escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe algum desafio se desejar. Será uma honra conhecer você melhor!
Um beijo e até a próxima quarta-feira.
Juçara Baleki,
@querotratamento
Uma resposta
Sempre tão necessária a sua coluna!
Penso o mesmo!
Sinto com frequência o constrangimento de ter que brigar na escola (particular, que dói no meu bolso!) pelos direitos da minha filha, sempre com medo de “sobrar para ela”, com medo que algum funcionário faça mais algum outro comentário…
Precisamos adquirir o hábito de exigir na Justiça para que finalmente façam algo! Até mesmo pela nossa própria saúde mental.