Querida leitora,
Você já tentou levar seu filho ao cinema?
Levar um familiar com autismo a lugares públicos e cheios de gente pode ser um grande desafio devido às dificuldades sensoriais e outras necessidades especiais. Muitos ambientes não são adaptados, tornando atividades simples, como ir ao cinema ou a um parque temático, uma tarefa complexa e estressante.
Quando meu filho era pequeno, tivemos poucas oportunidades de ir ao cinema e ao teatro. Uma vez, fomos à Sala São Paulo assistir a um concerto infantil.
Eu fiquei ansiosa antes e durante o espetáculo, com receio de qual seria a reação dele aos estímulos, mas valeu a pena, porque ele aproveitou a experiência. Mas é fato que precisamos nos nutrir de muita coragem para enfrentar esses desafios.
Só quem tem um familiar com autismo e hiperatividade entende a complexidade de um simples passeio ao shopping.
Mas calma, comecei o texto hoje perguntando sobre cinema porque já há possibilidades de se aventurar com menos ansiedade. Aqui em São Paulo, a Lei nº 17.272 de 14 de janeiro de 2020 [1] determina que os cinemas no estado
ofereçam sessões adaptadas para pessoas com autismo e seus familiares ao menos uma vez por mês.
Durante essas sessões, o som fica num volume mais baixo, as luzes são adaptadas e não são exibidas propagandas comerciais antes do filme. Também é permitido correr, pular, comer, falar e caminhar pelo cinema.
Ultimamente temos ido com frequência a essas sessões adaptadas. A primeira vez, confesso que fiquei emocionada. É incrível como uma simples sessão de cinema pode nos proporcionar tanto prazer. A pessoa com TEA e os familiares podem se divertir, se comunicar e se expressar durante o filme sem que ninguém julgue ou reclame do comportamento. Essa é uma forma de promover a inclusão.
Mais um motivo para experimentar esses passeios é o desconto. Pessoas com autismo e seus acompanhantes têm direito à meia-entrada em vários cinemas, teatros, shows, museus, parques temáticos e jogos esportivos. Este benefício é garantido por lei e não está vinculado à renda. Vale para todas as pessoas com TEA.
O acesso ao lazer é um direito fundamental. Para garantir esses direitos, se prepare. Tenha sempre em mãos documentos que comprovem o diagnóstico de autismo, como laudos médicos e carteiras de identificação. Aliás vocês já fizeram a CIPTEA [2] , Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista? Ela facilita bastante o acesso aos seus direitos e no final do texto você pode acessar o link para ter mais informações.
Antes de sair de casa, confirme também a programação do local para ter certeza sobre horários, valores e forma de acesso.A informação é sua ferramenta para assegurar a inclusão, respeito e garantir seus direitos.
Depois, compre sua pipoca e se divirta. Você e sua família merecem! Se você experimentar me conte aqui como foi.
Todas as pessoas com autismo devem ter seus direitos respeitados. Se você tem um familiar com autismo, sinta-se acolhida aqui! Me escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe algum desafio se desejar. Será uma honra conhecer
você melhor!
Um beijo e até a próxima quarta-feira.
@querotratamento
[1] https://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-17272-de-14-de-janeiro-de-2020/detalhe
[2] https://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/ciptea/
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Imagem 02: Genial care + Foto Montagem Rachid
