Olá, querida leitora,
Nos últimos anos o número de diagnósticos de autismo cresceu muito.
Algumas pessoas usam o termo “epidemia do autismo” para justificar o aumento de casos, mas na minha opinião, houve maior visibilidade e informação sobre os sintomas e critérios diagnósticos e, com isso a identificação dos pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo passou a ser maior.
O último estudo sobre o tema, realizado em 2020 e publicado em março de 2023 pelo CDC (Centers for Disease, Control and Prevention), uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, aponta 1 em cada 36 crianças de 8 anos com diagnóstico de autismo.
Vemos que o número de casos vem aumentando a cada nova apuração de dados e que devemos considerar que já cresceu de lá para cá, pois passaram quatro anos desde o levantamento dos dados. Para se ter uma ideia, no ano de 2000 a prevalência de autismo era de 1 em cada 150 crianças de 8 anos. Esse número saltou para 1 em cada 88 em 2008, depois para 1 em 44 em 2018.
No Brasil não há ainda um levantamento similar, mas utilizamos a estatística feita neste estudo por aqui, chegando a aproximadamente 6.000.000 de pessoas com autismo em nosso país.
É extremamente importante estimarmos este número, pois precisamos preparar nossa sociedade para os próximos anos e pensar em políticas públicas e privadas para estes cidadãos.
Sim. São cidadãos e necessitam de espaço para se desenvolver, se expressar e acessar os direitos fundamentais a eles garantidos.
Assim como você e eu, eles são consumidores, clientes, alunos, vizinhos, funcionários, servidores públicos, pais, mães e filhos. Há diferentes níveis de suporte e por isso, também diferentes necessidades a serem atendidas.
É muito forte o apelo pela importância do diagnóstico precoce e tratamento multidisciplinar às crianças diagnosticadas, com toda razão temos que manter essa conscientização.
Também vemos muito na internet e mídia com tristeza e indignação alguns retratos de violação de direitos de crianças em escolas e locais públicos, mas há muitas violações veladas e invisíveis espalhadas pelo Brasil praticadas contra adolescentes e adultos e está na hora de olharmos para isso com a devida atenção.
Como recebemos estes indivíduos? Como tratamos e trataremos esses cidadãos? Quais as perspectivas para nossos filhos na vida adulta?
No ensino médio, nas universidades e no mercado de trabalho há pessoas com autismo com nível de suporte 1, enganosamente entendido como “leve” que lutam para sobreviver sem nenhum suporte às suas demandas individuais.
É verdade que, em termos de impactos dos sintomas do autismo, os pacientes com nível 1 de suporte são acometidas de forma menos intensa, mas isso não significa leveza ou tranquilidade. O que sabemos é que há muito esforço e sofrimento dessas pessoas para se adaptarem à sociedade em que vivemos.
Os adultos com nível de suporte 2 e 3 estão dentro da estatística. Temos que olhar com uma atenção especial para estes também, por isto tratarei num capítulo à parte. É urgente chamar a atenção de políticas públicas que permitam vida digna a todas essas pessoas
Assim como a campanha “light it up” lançada pela ONU (Organização das Nações Unidas) que definiu o mês de abril para conscientização do autismo, vamos lançar luz e visibilidade aos adolescentes e adultos, alguns sem ter sequer diagnóstico, mas vivendo com as dificuldades de alguns sintomas do transtorno.
Mas como podemos iluminar esse tema? Capacitando professores, gestores e funcionários de escolas e universidades para dar suporte adequado aos alunos com TEA.
Espalhar informação para envolver os demais alunos e suas famílias na inclusão. Vamos lançar essa luz!
Conheça e busque pelos seus direitos. Nossos filhos merecem respeito. E lembre-se: aqui é um lugar para você se sentir acolhida! Me escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe algum desafio se desejar. Será uma honra conhecer você melhor!
Um beijo e até a próxima quarta-feira.
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Imagem 02: Revista Autismo edição n. 21