Fabio Abate: O que aprendi com o filme Matrix

Como eu gosto de uma boa ilusão, não tenho como contar quantas vezes criei cenários na minha cabeça, fantasiei sobre pessoas e situações e me aproveitei de toda minha criatividade para passar o tempo sonhando acordado. E sou muito honesto com vocês não vejo nada demais nisso, a única coisa é que sei quando estou lá, nas minhas viagens mentais e sei quanto estou aqui com os meus pés no chão.

E quando falo de viagens mentais não estou falando apenas de momentos de sonhos e fantasias, também estou falando quando vamos construindo desculpas para tudo aquilo que não conseguimos fazer, verdades absolutas que justificam o que estou fazendo e até mesmo quando construímos saídas mentais para suportar a nossa realidade (esse é sistema bem importante para manter a sanidade por um tempo).

Em resumo a nossa mente tem uma capacidade incrível de criar e muitas vezes nem consegue distinguir entre verdade e fantasia, nosso cérebro vive a fantasia como se fosse uma verdade, é só lembrar dos óculos de realidade virtual e simuladores que você já foi em algum parque, você tem a sensação de estar dentro da cena. Essa é mais uma capacidade ambígua da nossa mente, porque nos alivia em alguns momentos, mas nos aprisiona em outros.

É nesse ponto que começo a falar de Matrix e se você ainda não assistiu faça isso logo após ler esse e texto. E se for preciso volte aqui para ver qual sentido tudo isso que escrevi fez para você.

Matrix foi um filme muito importante para mim porque surgiu na época que estava fazendo minha formação em psicanálise. Com Matrix ficou muito mais fácil entender que cada um de nós é um universo em si e bastante complexo por sinal.

Porém vou ficar apenas na icônica cena das pílulas, azul e vermelha, quando Morfeus propõe a Neo que ele tem de tomar uma decisão importante, continuar vivendo nesse mundo fantasioso que ele acredita ser real, que no filme é construído pelas maquinas mas podemos entender as maquinas de várias formas como os valores culturais da sociedade onde vivemos, que nos deixa a impressão que estamos vivendo as nossas vidas, mas na real estamos apenas seguindo os padrões exigidos, ou seguir em um viagem de encontro com o mundo real, uma viagem sem volta de autoconhecimento.

Olha que legal a metáfora que o filme traz quando Neo resolve viver o mundo real, ele sai do que parece um útero, fica cego e começa a sentir dores, galera que incrível esse filme, é exatamente isso que acontece quando você toma a decisão na vida de viver a sua vida, entende que os seus resultados dependem de você e que de agora em diante você tem que constantemente se desenvolver.

Vou fazer as respectivas comparações:


– O casulo que o Neo saí que referencia pra mim um útero é o lugar quentinho, aconchegante onde o bebê sobrevive sem nenhum esforço, tudo está ali pensado e acontecendo para ele, nesse ponto podemos entender quando você está naquele emprego onde conhece tudo, naquele relacionamento que você já sabe o que vai rolar, vai aos mesmo lugares porque já sabe o que vai acontecer e faz sempre o mesmo porque é o mais fácil, mesmo que não seja o melhor e você esteja insatisfeito;


– Quando Neo fica cego é primeiro momento que ele realmente abre os olhos pra vida, a realidade nua e crua é de cegar mesmo, no começo a gente não consegue perceber porque sempre viveu de outra forma, mas aos poucos nossa visão vai se acostumando e começamos a enxergar de outro jeito;


– E as dores? Galera já tentou mudar algo na sua vida? No começo dói mesmo, você esta fazendo movimentos que nunca fez, pensando de formas que nunca pensou e talvez a maior dor será quando se der conta porque demorou tanto para tomar essa decisão, dores físicas e emocionais.


E em meio a tudo isso o que eu quis dizer? Que em algum momento você também terá que tomar essa decisão entre viver essa vidinha no automático de tudo aquilo que já conhece, achando que isso é a única realidade ou mergulhar numa estrada sem volta e dolorida de autoconhecimento mas que saiba é a única forma de viver tudo aquilo que você fantasia quando está de olhos fechados.

 

Fabio Abate

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagem 01: Geek Feminist

Imagem 02: Viva Mundo

Imagens 03 a 06: Cenas do Filme Matriz (The Matrix é um filme de ficção científica e ação dirigido pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski e lançado em 1999)

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