Definitivamente eu não entendo de filosofia, mas como vivemos pendurados nos celulares com o olho grudado nas redes, acabamos por descobrir algumas coisas. Claro, que nem sempre sei se é verdade, mas, algumas frases são tão boas que nem me importa se é de fulano ou ciclano. Eu sei que não é minha e se está exposta em rede social me dou o direito de citá-la e construir a partir dela.
A frase de hoje, dizem, que é de Immanuel Kant, um dos filósofos mais influentes da modernidade, e ele diz de forma sucinta que “você só é livre quando faz o que não quer! ”.
Confesso que num primeiro momento fiquei sem compreender, achei que haviam escrito errado e depois me achei burro porque não conseguia entender o contexto, e por fim, fiquei pensando nessa frase por algum tempo. Até que busquei ler alguns pensadores sobre a frase e como consequência me permiti chegar numa conclusão própria, na verdade, algumas conclusões.
Vamos ao meu primeiro pensamento, que nada mais é que uma leitura do dia a dia de um empreendedor que vive no dia a dia fazendo coisas que nem sempre gosta. Exatamente isso, sou dono do meu próprio negócio que tenho muitas tarefas e atendo muitas solicitações que me levam a cumprir tarefas que eu não gosto de fazer. Logo, fiquei imaginando que se eu simplesmente fosse fazer apenas coisas que gosto de fazer para me sentir livre, eu estaria arruinado.
Mas, você pode estar se perguntando, então você não é livre. Seria uma excelente pergunta, mas vamos ao contexto. Quando penso que a partir do meu negócio eu tenho a liberdade de ser quem eu sou, de fazer da maneira como gosto de fazer e que o resultado me leva há uma condição de vida que me proporciona a liberdade de várias escolhas. Esse é o meu primeiro ponto, muitas vezes faço o que não gosto e dentro desse contexto profissional, não se trata de falta de liberdade, mas sim, de uma escolha por mim e pelos meus sonhos.
Nesse momento chegamos na segunda parte e que diálogo diretamente com o conceito original da frase. Quando falo de sonho, remeto a desejo e o desejo muitas vezes é impositivo e até mesmo imperativo. Quando vivemos a mercê de nossos desejos em sua ordem mais pura, temos a impressão de uma vida cheia de liberdade, mas não percebemos que estamos presos as nossas próprias vontades e busca por realizações. Nós sujeitos do desejo, impulsionados por essa força matriz da pulsão, somos escravos dessa busca interminável de realizações, e é nesta perspectiva que a liberdade se esvazia sem mesmo se dar conta.
O terceiro é complementar ao segundo e está ligado diretamente a uma fantasia infantil onde se acredita que ser livre é fazer apenas o que se gosta. É o prolongar da infância e adolescência que vive reivindicando fazer simplesmente o que gosta de fazer. E quando é contrariado se revolta e terceiriza imediatamente a sofrimento se sentindo incompreendido e classificando os ambientes como tóxicos. São que vivem uma perspectiva de vida infantilizada e escondida atrás de uma bandeira que não tem a mínima chance de acontecer de forma permanente. Por mais que passemos momentos realizando tarefas prazerosas, em algum momento teremos que fazer algo que não temos muita satisfação.
Em resumo, liberdade é fazer o que não gosta, é para mim o conceito mais honesto de vida real. É aceitar a jornada de tudo aquilo que não gosta, sabendo que é assim mesmo a vida e aproveitar cada uma dessas tarefas ou etapas para buscar aprendizados. O mundo nem sempre será o que você espera, faz parte.
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