Não é nenhuma novidade as pessoas falarem mal dos seus trabalhos. O mundo não está assim agora, parece que o mundo está assim a bastante tempo.
Como se ainda vivêssemos sob a custódia de capatazes. Parece que estamos presos aos nossos invéses antepassados que não conseguem se libertar das amarras das antigas relações com o conceito de trabalho, como se ainda fosse simplesmente um fardo e por ser este fardo jamais teremos o prazer tão esperado nesse ambiente.
Eu sempre curti os meus ambientes de trabalho e todas as vezes que este ambiente perdia o seu prazer ou sentido eu construía uma saída para uma nova jornada.
Sempre tive comigo que somos responsáveis por nossas escolhas e que temos o total direito de sermos felizes, afinal de contas, são muitas horas da minha vida dedicada ao trabalho, se não for para ser legal é melhor nem ser. Por isso sempre busquei sentido ao que eu faço e satisfação no ambiente onde fazia.
Claro que eu compreendo o quanto as pessoas estão cansadas e desgastadas pelo excesso de cobrança e o fardo da produtividade, mas será que é só isso? Será que sempre existe uma justificativa plausível para tanta reclamação? Eu realmente tenho dúvidas se todas as vezes que escutei uma reclamação sobre um líder, sobre uma equipe, sobre um ambiente, se o problema era realmente tudo isso ou se era a pessoa. Tem gente que procura o famoso “pelo em ovo. Tem gente que não está emocionalmente preparado para o ambiente competitivo e exaustivo do mundo corporativo, tem gente que nem se quer saiu da infância e continua vivendo seu vitimismo infantil, mas agora no corpo de um adulto.
Eu definitivamente acredito que tem doido para tudo e que não podemos generalizar as coisas. Conheço ambientes que para mim seriam extremamente tóxicos e que grandes amigos vivem muito bem obrigado e riem de mim ainda quando os questiono sobre “como eles aguentam”.
Nem todo mundo nasceu para certas coisas, não é? Tem gente que suporta qualquer pressão, tem gente que nem se importa, tem gente que será da mesma empresa até se aposentar e tem gente que mudará de profissão pelo menos 7 vezes. Tem gente que é funcionário, tem gente que é autônomo e tem outros empreendedores que nunca trabalharão para ninguém. Existe gente de todo tipo e para cada tipo existirá um espaço e logo nem sempre será o espaço o problema, mas o desencontro.
Mas, vamos chegando onde eu quero chegar.
Porque tem gente que reclama tanto do lugar onde trabalha, mas não sai de lá?
É sobre esses profissionais que quero falar hoje e provocar com toda minha acidez a possibilidade de estarem lá por similaridade aos valores e comportamentos que sempre reclamam. Quero falar sobre esse povo que se esconde atrás da narrativa da necessidade e passa anos aproveitando todos os benefícios que esse ambiente tão “horrível” lhes proporciona há anos. É exatamente com você que vive reclamando do seu chefe, de como a empresa faz isso ou aquilo, o quanto seria melhor se fosse assim ou assado, o quanto você não vê a hora de sair desse lugar, mas que no fundo não está movendo se quer um “pelo” para construir uma saída possível.
Eu sei muito bem o que é passar um tempo num lugar que não queremos por necessidade, as contas chegando, os compromissos firmados e tudo que uma vida adulta nos trás de responsabilidade e que nos fazem ficar mais do que gostaríamos em algum lugar. Mas quando é por uma questão de necessidade o prazo de validade é ainda menor. A necessidade traz em si uma condição temporal e que precisa ter um fim ou um plano. O fim porque existem compromissos que estabelecemos com tempo e precisa ter um plano quando estamos falando de necessidades básicas que durarão para sempre.
Esse é o ponto mais sagas da minha reflexão. Será mesmo que você que está nesse lugar tão insuportável há tanto tempo está por necessidade? Será que nesses anos todos você não conseguiu enxergar nenhuma oportunidade ou possibilidade de uma nova jornada em outro lugar? Ou será que no fundo o que você se queixa tanto acaba falando sobre você mesmo. Será que o fato de não sairmos de um lugar que reclamamos tanto não significa que ali houve um encontro de valores? De interesses?
Como eu falo em muitos treinamentos: nem sempre é o diferente que mais nos incomoda, muitas vezes são aqueles que refletem como espelho o pior de nós.
Fica a reflexão.
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