Nem tudo é julgamento…

Essa semana estava conversando com um amigo e falamos muito sobre o problema do julgamento, porque assumimos de forma bastante intensa que realmente julgamos as pessoas. Muitas vezes julgamos as pessoas pela aparência, pelo jeito de ser, pelo ritmo de atuação na vida ou no trabalho, pelas escolhas que fazem e na verdade se deixarmos nossa mente ensandecida sem freios, julgamos praticamente tudo no outro.

Até mesmo quando estamos pensando algo bom sobre a pessoa sem saber de fato, trata-se de um julgamento. Claro que ninguém fica triste se for julgado de maneira positiva, mas, mesmo assim estamos pressupondo algo de alguém.

Quando penso em julgamento estou falando de algo que está baseado apenas na nossa leitura sobre o outro, mesmo sem base empírica nenhuma. Na verdade, depositamos no outro algo que na verdade é nosso. Vou tentar exemplificar algumas possibilidades aqui. Quando julgamos alguém pela aparência pode ser que está pessoa nos remeta há alguma experiencia com alguém parecido, pode ser que dentro da nossa cultura pessoas com essa aparência signifique algo, pode até mesmo ser algo completamente inconsciente de valores familiares que nem mesmo entendemos. O grande desafio aqui é superar este momento de julgamento e dar a oportunidade da pessoa se mostrar como ela realmente é, afinal o julgamento pode estar errado ou certo. Até porque o julgamento é uma capacidade importante de avaliação para que possamos tomar uma decisão rápida de ação, nos protegendo com frequência de situações de risco.

Agora, o que quero abordar com vocês no texto de hoje é algo para além do julgamento, quero falar quando passamos realmente por uma situação com uma pessoa, onde a experiencia e o resultado são insatisfatórios ao nosso entendimento. Sendo mais direto, quero falar sobre como fica nossa relação com uma pessoa que rompeu com nosso relacionamento, confiança ou valores. Quando vamos para além do julgamento sem fundamento e temos realmente base empírica para avaliar essa pessoa e até mesmo decidirmos como será o convívio com ela, se é que continuaremos o convívio.

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Minha vida é marcada por vários ciclos de relacionamentos, principalmente sobre grupos de amigos. Já tive alguns círculos de amizade que com o tempo e algumas experiencias de convívio fiz a escolha de não fazer mais parte de alguns deles, na verdade da maioria deles. Para mim é bem simples, porque tenho alguns valores pessoais bem claros na minha cabeça e quando eles são rompidos é hora de ir embora.

No entanto, outros relacionamentos foram afetados por comportamentos que romperam com a minha expectativa, o que não deveria onerar a outra pessoa pois a expectativa é minha, ela não tem a obrigação de cumprir, mas prejudica a relação. No meu ponto de vista esse caso é um mix de experiencia e julgamento, porque algo aconteceu de fato, mas o que rompeu foi o julgar sobre o que a outra pessoa deveria ou não ter feito.

A questão aqui é a dificuldade ou impossibilidade de voltar ao estado anterior de relacionamento quando algo acontece que rompe valores ou expectativas significativas. Muitas vezes basta uma frase mal colocada, uma falta de atitude ou um comportamento totalmente indesejado para que um relacionamento seja afetado e até mesmo um sentimento pela outra pessoa seja desconstruído.

Para mim os dois pontos podem trazer malefícios para alguns relacionamentos, seja pelo julgamento ou por fatos que realmente aconteceram, me parece que algo se rompe dentro de nós a ponto de interferir na forma como lidamos ou deixamos de lidar com esta outra pessoa. E quando não se trata de julgamento é ainda mais permanente porque sobra pouca margem de justificativa já que algo realmente aconteceu.

Nesse ponto, o julgamento que parecia tão ruim, quando ultrapassada a pressuposição e permitimos que o outro nos mostre como ele é, temos a chance de nos surpreender de forma positiva. Por que isso que comecei afirmando que nem tudo é julgamento, e as vezes, só as vezes, o julgamento não é a pior situação.

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