Razão, emoção e fé

Por muito tempo eu vivi minha vida de forma intensa e emocional, fiquei muito feliz com muitas coisas, me entristeci com situação adversas, passei por momentos de extremo nervosismo. Tinha esse jeitão de lidar com a vida e nem me dava conta dos ônus de ser assim, porque não tinha essa perspectiva de me entender e aprender como eu funcionava.

A vida simplesmente acontecia e era assim que eu funcionava. Chego a acreditar que eu não parava para pensar por que dada a minha intensidade quando eu estava numa experiencia mergulhava de cabeça e quando vivia algo bom era realmente bom, logo compensava mentalmente qualquer outra que fosse ruim ou mediana. Sempre tive essa balança mental e buscava viver momentos felizes quanto algo não ia bem. E foi bem por algum tempo.

Mas, este modelo extremamente emocional não se sustentou, quando a balança mental não deu conta, as dores começaram a ser maiores que os prazeres, sem perceber, fui mudando para um perfil oposto e muito racional. Me rebelei com as emoções e tudo, literalmente tudo e todos, passavam por um crivo interpretativo de qualidade. Eu avaliava pontos em situações para avaliar se me mantinha ali ou se saia fora, seja em ambientes profissionais, amigos ou relacionamentos amorosos. Até a família entrou nesse formato dentro da minha cabeça. Cheguei a pedir demissão de empresas, deixei de falar com pessoas e estabeleci alguns relacionamentos pautados exclusivamente numa análise fria de interesse.

Era até simples e bem egoísta:  essa relação vai me levar para algum lugar? Esse ambiente está adequado aos meus planos? O que realmente me interessa aqui?

Claro que me serviu por um bom tempo e tudo parecia ir bem, até que em determinado momento, toda a minha capacidade avaliativa e interpretativa, somada a minha base psicanalítica, não deu conta de algo que extrapolou qualquer entendimento. E quando o entendimento não dá conta, rapidamente a emoção vem numa esfera quase tão esgotada quanto.

Me peguei numa situação de vida, onde afastado da emoção e buscando sempre compreender o que estava acontecendo comigo, me vi desesperado. Cheguei a um nível de angústia e vazio que nada mais fazia sentido e não sabia nem mesmo por onde começar, nem mesmo o mínimo que poderia fazer para mudar a situação que estava passando.

Para minha surpresa, o que parecia o fim, na verdade, foi o meu maior recomeço e reencontro. Quando a emoção tomou uma proporção desajustada eu tive a razão como apoio, quando a razão não deu conta de tudo e já não havia mais equilíbrio emocional, meu chão saiu debaixo dos meus pés. O que me salvou? Deus. Claro que não foi fácil, minha esposa já era cristã a muito tempo e sempre respeitou a minha mente cientifica, porém, naquele momento de desamparo completo, foi a ela que recorri e graças a Deus ela estava ali para me levar para o caminho da fé. Ali começamos uma nova batalha e transformação espiritual.

Foram várias pessoas a minha volta cuidando de mim, sem que eu soubesse. Foram muitas igrejas, reunião e raiva, sim muita raiva. A Fé não tinha nenhum sentido racional e não era explicado pelas emoções básicas. Era precisa crer em tudo aquilo que não visto. É dar o passo sem o chão. E foi aí que eu tive uma experiencia com Deus, que talvez só tenha sentido para mim, e isso me bastou.

Nesse momento, aqui escrevendo para vocês, posso dizer com todas as letras. Tudo fez sentido quando equilibrei essas 3 esferas. Voltei a me permitir sentir, mesmo não entendendo. Continuo interpretando situação onde realmente entendo que preciso compreender e dar sentido. E simultâneo a tudo isso oro para que Deus me de a direção certa, mesmo que a princípio, eu não entenda, mas aceito.

 

 

 

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