Desde que surgiu em 2004 com o forte drama Maria Cheia de Graça (Maria Full of Grace) lançado em 2004, o diretor californiano Joshua Marston se manteve na indústria sempre equilibrando bons projetos na TV e no cinema, onde dirigiu ainda o drama Perdão de Sangue (The Forgiveness of Blood, 2011), e o suspense Desconhecida (Complete Unknown, 2016).
Aproveitando o gancho, é raro que cineastas da indústria americana se aventurem a discutir um tema tão polêmico como a fé. Diretores de peso como Mel Gibson e seu A Paixão de Cristo (The Passion of The Christ, 2004), Martin Scorsese e seus A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation of Christ, 1988) e o mais recente Silêncio (Silence, cuja crítica você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli), são apenas alguns exemplos do cinema se envolvendo de cabeça nas particularidades e desígnios da fé, seja o espectador um crente ou não.
Agora, é Marston o cineasta da vez a navegar as turbulentas águas da crença, um assunto pessoal para a maioria das pessoas, e que o cinema por diversas vezes tratou de maneira desastrada. É necessário o completo e verdadeiro entendimento de uma forma de arte, para conseguir utilizá-la para expressar o inexorável aspecto espiritual da experiência humana, e este A Caminho da Fé (Come Sunday, EUA, 2018), consiste em um admirável esforço que mergulha nas convicções religiosas e mudanças na fé, mas que termina por ser uma experiência um tanto irregular e desconexa destes tópicos citados.
O filme dramatiza a história verídica de Carlton Pearson (Chiwetel Ejiofor, de 12 Anos de Escravidão), um celebrado Pastor da Igreja de Deus em Cristo que no auge de sua força no final dos anos noventa, pregava para uma congregação de mais de seis mil pessoas e que alcançava milhões através de seu programa de TV. Pupilo do televangelista (e superstar da religiosidade) Oral Roberts (papel do veterano Martin Sheen), Pearson era o herdeiro natural do trono até então habitado por Roberts, como o líder do carismático movimento e um dos pregadores mais influentes do país.
Isso até o dia em que Pearson começou a pregar que o Inferno não é real e que tanto os Cristãos como os não-Cristãos serão salvos no dia do julgamento final. Não demorou muito para Pearson perder membros de sua congregação aos montes e passar a ser chamado de herege por sua denominação.
Haviam duas maneiras para o roteiro de Marcus Hinchey (do thriller Entre Segredos e Mentiras, 2010) abordar a história de Pearson; a primeira seria se aprofundar em complicados argumentos teológicos, para de certa forma compreender melhor de onde vem exatamente a opinião do Pastor, e o preço pago por ele junto à sua congregação, que não aceita a doutrina e o abandona quase que de imediato. A segunda, seria abordar o tema como um drama focado completamente no lado emocional de Pearson, e de como sua pregação afeta sua relação com a família e amigos. Enquanto que a primeira opção restringiria um pouco o público, e atrairia o espectador mais crítico e interessado no cerne teológico do filme, a segunda funcionaria de maneira contrária, atraindo o grande público, e colocando o religioso de lado.
O filme, contudo, tenta seguir os dois possíveis vértices narrativos citados acima, e quebra a cara em ambos os aspectos. Os argumentos religiosos têm pouco fundamento, e o filme deixa a impressão de que Pearson nega o Inferno simplesmente por não gostar do conceito, o que é um desserviço tanto para ele como para sua posição. Pelo tema que trata, o filme também soa excessivamente frio. Marston não invoca a presença do divino na estética da produção, que é conduzida com técnicas rotineiras e que se apoia completamente em seu elenco para funcionar.
Tal elenco, capitaneado por Ejiofor, de fato entrega o seu melhor, e ao contrário do roteiro e da direção, demonstra a genuína dor decorrente das amizades sendo rompidas devido aos caprichos dos dogmas religiosos. Porém, existe uma desconexão fundamental entre o esforço do elenco e o nuclear agnosticismo do filme que permeia toda a produção, independente da fé de qualquer um dos cineastas ou dos membros do elenco.
Um exemplo disso é o personagem interpretado pelo ascendente Lakeith Stanfield (do thriller Corra!, cuja crítica você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli), no papel de um jovem da congregação de Pearson que vive uma batalha com sua sexualidade. Tal embate é entregue através de inúmeros clichês sobre o sofrimento gay, já executados à exaustão em diversas outras produções. A esposa do protagonista, Gina Pearson (Condola Rashad, de Jogo do Dinheiro, 2016), é caracterizada com os mesmos inúmeros clichês da esposa batalhadora e fiel às convicções do marido, e o filme nem mesmo tem a decência de fornecer um arco narrativo satisfatório para a personagem, já que o público nem sequer fica sabendo quais as suas convicções com relação à fé ou mesmo com o que seu marido pregava.
Resumindo, a profissão de fé deste A Caminho da Fé termina por ser decepcionante e vazia, ainda que seja sincera. Seja o espectador Cristão ou não, o filme fica devendo.
A Caminho da Fé foi exibido no Festival de Sundance 2018, e foi adquirido pela Netflix, que lança o filme em seu catálogo HOJE, dia 13 de abril.
Respostas de 26
Não gostei mesmooo!! Esse filme é triste, uma pessoa completamente cega à verdade.
Cegos e tolos são todos aqueles que continuam pregando a condenação por não ter coragem de amar como Deus nos amou. Incondicionalmente!
muito bom seu comentário, concordo muito, obrigado
Deus ama incondicionalmente, mas não aceita o pecado incondicionalmente!
A condenação é um fato que está firmado no caráter JUSTO de Deus!
Um Deus que aceita tudo não seria Justo! Até o homem considerado mais injusto concordaria!
Alias o simples fato de se existir uma referência de justiça já nos leva a refletir de onde ela vem: nada mais, nada menos de Quem nos criou!
Triste como o diabo engana até o escolhidos, Jesus disse, quem crê será salvo, quem não crê já esta condenado
Jesus disse também em eclesiaste 9 5 e 6 pois os vivos saberão que morreram mas os mortos não sabem de tão coisa alguma nem tão pouco se tem amor nem ódio estão entregue ao mundo do esquecimento
Ou seja estão em um profundo repouso aguardando a volta de nosso senhor
E nós somos meres humano não sabemos perdoa ou compreender o poder de deus irá tira nossas irás quando ele volta e nos dará a profunda paz em nossos corações 😉 e oque eu acho
Me desculpe, mas a ignorância a palavra de Deus cega. Existe o inferno sim, mas ninguém que morre neste tempo ainda será lançado no inferno. Estão em repouso sim esperando Jesus voltar, e no julgamento final os que não creram em Cristo será jogado no inferno junto com a besta e o anticristo e satanas. Pois a besta e o anticristo serão os primeiro jogados no inferno. Depois será satanas e seus anjos e as pessoas que não foram salvas pelo o sangue de Jesus.
Olá ! Com a devida vênia, não concordo com sua análise… acho que a sua visão é crítica com relação ao filme enquanto arte, mas peca ao defini-lo como superficial… quem cresceu na religião cristã sabe o peso que tem a interpretação da Bíblia baseada nos conceitos paraíso e inferno. Ninguém entende, mas todos temem. O Pastor trouxe uma feliz e coerente perspectiva do cristianismo… que nos leva a pensar em outros inúmeros conceitos que acreditamos ao longo de nossas vidas porque “estava escrito”, uma vez que nunca nos importamos em interpretar a Bíblia de outra mentira (nos, digo, cristãos)… a fe não se trata do que é bem explicado ou não, mas do que é sentido… e como nos sentimos com relação a Jesus e a Deus ao longo de nossas vidas na Terra… ABS !!
Respeito sua opinião e faço uma pergunta. Jesus morreu e ressuscitou pelo o quê então? Para quê serviu a propiciação dos pecados pelo o sangue do cordeiro? Se nessa perspectiva não há condenação, por que foi feito tudo isso?
Acabo de assistir este filme
Caminho da fé, me
Questionando o pq é mais fácil duvidarmos que Deus realmente
Fala com ser humano e
Ele escolhe com quem ele fala e
Da
Maneira q ele quer, o céu e o inferno ele existe porém no contexto em que Deus quis falar com o protagonista do filme talvez ele não soube explicar tanto é que se trata de uma história verdadeira onde que no final da história ele conta dizendo que continua com Deus e suas palestras, difícil contestar a fé, difícil explicar Deus e sentir e ouvir ele são para poucos eu queria ter essa experiência profunda com Deus e contar para as pessoas e sei q a maioria iriam rir ou virar as costas pq duvidam que Deus é real !
Era só ele ter continuado a ler o restante de todos os versículos citados que ele teria entendido como é controversa sua posição.
Sabe por que ele parou de ler, por que “A letra Mata” assim como suas palavras, enquanto “O espírito vivifica”.
é isso aí Manolito, nem Hobbes nem Rouseau, o espírito…
Não gostei mesmo
InclUsão. Só isso já ilustra a pretensão. Não cabe a nenhum de nós julgar a validade espiritual do outro. Pra quem segue uma religião visando superioridade e imunidade, isso deve ser um golpe mesmo. Cada um que se situe e pronto. Meu cartão de crédito espiritual é o sacrifício do Cordeiro, Jesus Cristo.
Jesus disse quem crê será salvo, quem não crê já esta condenado, triste pois o sangue de muitos da sua igreja estará em suas mãos, obs, a esposa dele também contribui muito para isso,ela teve o oportunidade de abrir os olhos dele
O turbilhão chamado graça nos constrange porque fomos alcançados e outros ainda não. A pergunta contundente gera conflitos pois ainda o que É Perfeito não veio. Dissipar qualquer dúvida seja ela de qualquer teor, embora tenha as minhas convicções, sou subordinado a soberania do Grande Eu Sou, e as vezes esquecemos de falar como Jó : – Falei de algo que era grandioso demais para mim. E por várias vezes me conflitei até lê Deuteronômio 29:29. A minha tempestade enigmática se foi ao lê 1 coríntios 2:16. Alegrem-se ” TEREMOS A MENTE DE CRISTO ” e deleitem-se no mesmo livro capítulo 12:13.
O filme realmente deixa a desejar enquanto obra cinematográfica, mas o interessante é que levanta uma discussão sobre a própria existencia de Deus e do infero, o que para crentes convictos é algo inadimissível.Alguma coisa da fragilidade de todas essas crenças, de suas incoerências fica no ar, é talvez isso o que mais incomode aos religiosos, pensar que estão assentados sobre um monte de baboseiras.
O descrente sem vai querer contestar a existência de Deus e sua palavra que é a bíblia, para justificar seus pecados, Deus é amor mais também é justiça, o forma como o filme trata a salvação mostra como se Deus fosse injusto salvando quem não crê em sua existência. A salvação é para todos, mais todos que creem nele.
Difícil opinar sobre um filme que mexeu com minha cabeça, um filme que ficou faltando, devendo ou até mesmo a sensação é de que o filme pulou partes, ele começou toda polêmica quando disse q Deus salvaria todos da África pois Deus falou com ele sobre isso, será pq a África é o de todos morrem por fome ou pelas doenças ? Deus quis falar uma coisa e será q ele entendeu outra? Ou será que minha fé é tão pequena que eu não posso acreditar q deu realmente falou com esse servo sobre a salvação da África?
O céu e o infernos existe sim mais qual a teologia encima dessa afirmação? Muitas dúvidas q vou pesquisar sobre
a própria suposição de estar possuindo a “verdade” denota cegueira e ignorância, muito bom, o filme é meio lacônico com um assunto vastamente fértil, porém levanta uma questão capital…
Uma questão capital que abre uma porta larga para acomodar o coração e pegar atalhos para uma vida mais “libertina”. Mas se esquece que a porta é estreita….
Deus é justiça isso é verdade mais independente do pecado vc ser torturado no inferno eternamente não seria justo muito menos vindo de um Deus de amor , o
Salário pago pelo pecado é a
Morte então as pessoas que não aceitarem Deus vão perder o direito da vida, de existir . Muitas igrejas pregam o inferno para atrair pessoas pelo medo não pelo amor isso está errado, Deus é o próprio sentimento amor ele não é mau
Muito bom o comentário sobre o filme.
Acho que a percepção sobre o agnosticismo na trama foi o recurso do diretor para atenuar a polêmica e situar a narrativa no contexto da pós modernidade, onde o que importa não é a verdade mas sim as interpretações que cada qual faz da realidade, o que inclui a Bíblia.
Senti falta no filme de um pouquinho mais de densidade teológica. Não dá pra acreditar que Carlton Pearson nunca tenha lido o que, por exemplo, Calvino escreveu sobre o inferno, ao dizer que para alguém que ama a Deus não é preciso a existência do inferno para motivar a obediência aos seus mandamentos. Ou que ele tenha ignorado o conceito de inferno apresentado por C. S. Lewis nos seus livros “O Grande Abismo” e “O Problema do Sofrimento”, nos quais, em resumo, o inferno seria não um lugar de tortura vinda de fora para dentro e sim o tormento decorrente de ter que suportar a si mesmo por se tornar uma criatura infernal, desumanizada, por causa do livre arbítrio usado para o mal, pois o mal marca e deforma o caráter.
Por outro lado, apesar do simplismo infantil do personagem principal e até de seus oponentes, o filme possui o mérito de nos fazer considerar que a Bíblia não pode ser lida com crueldade ou sem amor. Mesmo no velho testamento, Deus diz que não tem prazer na morte do perverso. Naquele tempo, inclusive, os filhos de Israel não criam em vida após a morte. Isso não lhes foi revelado por séculos, embora seus conhecidos vizinhos egípcios tivessem um sistema religioso montado em cima desta crença. Ou seja, inicialmente, foram ensinados a obedecer Deus independente de recompensas numa vida pós morte. A motivação tinha que ser outra.
Outra coisa que me parece tenha feito falta no filme foi a ideia, defendida pelo próprio Carlton (vi isso na Wikipédia a respeito dele), de que o inferno pode durar apenas o tempo necessário para que o indivíduo se arrependa e seja liberto de seus pecados. Justiça seja feita: Carlton Pearson continuou usando o inferno como um bom motivo para se parar de pecar. Ele prega às pessoas que parem de pecar o quanto antes, pois, do contrário, terão que aprender isso depois no inferno, sabe-se lá por quanto tempo, se por 10 ou por 100 anos. Isso está lá na Wikipédia de Carlton Pearson. Podia estar também no filme.
O filme poderia lançar está ideia. Seria algo como o purgatório, que é, inclusive, uma crença cristã tradicional, rejeitada apenas pelo protestantismo. Carlton Pearson parece se basear, neste ponto, numa leitura literal de algumas passagens do evangelho de Mateus, onde Jesus compara o inferno a uma prisão da qual se pode sair após a dívida ser inteiramente paga. C. S. Lewis, aliás, acreditava nessa possibilidade, embora também deixasse claro que o inferno era para aqueles que deixaram de ser humanos e se tornaram criaturas infernais. Ou seja, para aqueles que tem tanto prazer no mal que a presença de un Deus santo e bom seria para eles a pior coisa a ser suportada.
Ola! As pessoas dividem a Palavra de Deus em seguimentos e felizmente não é essa a intenção de Deus. O fato de Dele ter amado o mundo de Tal maneira, não significado que aceita tudo. Por exemplo, corrigimos nossos filhos porque sabemos que as escolhas erradas deles tem consequências e por corrigi-los não nos dá o titulo de pais maus. Então a Palavra nos garante que aquele que confiar em Seu Filho Jesus tem a capacidade e a ajuda do Espírito de Deus para ser transformado, e assim fazemos nossa parte de querer mudar e o Pai faz a Dele em nos ajudar a mudar. A Palavra diz aquele que roubava não rouba mais, aquele que matava, não mata mais, e assim vai… É possível mudar, temos um sentimento que muitas vezes não sabemos porque temos, que se chama Esperança, isso faz acreditarmos que podemos alcançar a mudança, principalmente a mudança de sermos livres de nós mesmos, foi para isso que o Filho de Deus veio fazer, nos livrar de nós mesmos. Seja você livre de você mesmo! Se tu uma benção!
Pessoal a revelacao que ele teve e bem parecido com a graca radical que o pastor de cingapura tem pregado joseph prince. Nao sei se foi extamente assim que aconteceu como mostrou neste filme Tudo que aprendemos sozinhos com Deus tem o momento certo para compartilharmos mais ele foi e falou abertamente em um sermão. Pessoal acredito que o amor de Deus e muito maior do esta sendo pregado nas igrejas nesta geracao. Acredito que Deus vai salvar muitas pessoas e podemos ter grandes surpresas A salvacao nao depende so do homem cumprir ou nao o ide Se formos e o ideal para fazermos discipulos e para eles viverem o reino de Deus antes aqui na terra Ele derramou o espirito santo sobre toda carme e as pessoas podem se arrepender no ultimo instante Temos um belo exeplo no iraque muitas pessoas firam salvas e niguem foi la pregar o arrependimento