As Tops do Kacic: Crítica – Espíritos Obscuros (Antlers) | 2020

O que não falta ao horror/thriller psicológico Espíritos Obscuros (Antlers, EUA, 2019) é pedigree. As credenciais da produção são de primeira linha, incluindo a produção do mago do gênero Guillermo Del Toro (A Forma da Água, Histórias Assustadoras para Contar no Escuro), e a direção do extremamente competente Scott Cooper (de verdadeiras pedradas dramáticas como Coração Louco, Tudo por Justiça e Hostis, cuja crítica está disponível aqui no Portal do Andreoli). Distribuído sob os selos da Disney e Fox Searchlight, o filme ainda conta com um roteiro escrito por Nick Antosca, idealizador, produtor e roteirista da excelente série Channel Zero, que aterrorizou seus espectadores em suas quatro temporadas. Vale ressaltar que Espíritos Obscuros é baseado no conto “The Quiet Boy”, do próprio Antosca, e que pode ser encontrado aqui (em inglês), para quem quiser um insight a mais sobre a história.

Chega a ser curioso que Cooper, um cineasta tão acostumado a produções dramáticas e que envolvem o mundo do crime, tenha decidido se aventurar pelo cinema de horror. Contudo, sua decisão passa a ser compreendida uma vez que o material de Antosca é muito, MUITO bom. Independente disso, a natureza deste Espíritos Obscuros também é profundamente dramática, tanto que o filme caminha sobre uma linha tênue, que separa o que seria um horror sobrenatural de um suspense psicológico onde o terror deixa de ser alegórico e assume uma natureza muito mais real, perigosa e assustadora.

O filme também estende seu pedigree quando falamos de seu elenco. A bela e talentosa Keri Russell (Missão Impossível III) é a protagonista, Julia, uma professora de uma pequena cidade do estado do Oregon, que ao lado de seu irmão e xerife da cidade, Paul (Jesse Plemons, da série Breaking Bad), descobrem que um garoto local (Jeremy T. Thomas), está escondendo um perigoso segredo, que uma vez revelado, traz consequências horripilantes para todos os envolvidos. Falar mais sobre os detalhes da trama deste Espíritos Obscuros com certeza adentraria o terreno dos spoilers, mas o que posso atestar é que o filme oferece uma boa quantidade de sustos e um clima repleto de suspense e tensão.

A estética da produção é outro grande mérito, o que não é surpresa para quem conhece o trabalho do diretor Cooper e do produtor Del Toro. É visível que o trabalho da dupla aqui é resultado de uma influência direta de grandes clássicos do gênero, como o Halloween de John Carpenter, O Exorcista de William Friedkin e o cascudo Stalker, de Andrei Tarkovsky. Cooper já abordou pesados dramas criminais, westerns e até um drama musical romântico em seus aproximadamente dez anos de carreira. Espíritos Obscuros, além de marcar seu primeiro filme de terror propriamente dito, deixa claro que com certeza não será o último. Apoiado no forte texto de Antosca, Cooper constrói uma vibe soturna, que aproveita ao máximo a citada estética da produção e as performances certeiras de seu elenco.

O cenário natural ajuda a construir o clima, com suas florestas, névoas e uma sensação de frio constante, que envolve o espectador. Não faltam surpresas e reviravoltas em torno do sinistro garoto que funciona como o centro da narrativa, e cuja rotina diária envolve alimentar o que parece ser outro membro de sua família e que se encontra em uma situação muito pior do que a dele. Seja o que parece estar acontecendo com esta pessoa, dá para garantir que coisa boa não é, já que ambos vivem em um velho sótão e comem gambá no espeto.

Ou não seria nada disso? Quem realmente é o garoto? Quem realmente é esta pessoa que ele está “ajudando”? E qual é exatamente o papel de Julia e Paul nisso tudo? Só conferindo este aterrorizante Espíritos Obscuros para saber. E acreditem, o valor do ingresso será muito bem gasto.

Espíritos Obscuros estreia nos cinemas brasileiros no dia 16 de abril.

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