Crítica: Na Mira do Atirador (The Wall)

É curioso ver o nome do diretor Doug Liman (de superproduções como No Limite do Amanhã e Sr. & Sra. Smith) ligado a uma produção tão modesta e pé no chão quanto esta Na Mira do Atirador (The Wall, EUA, 2017). Produzido com o modesto orçamento da Amazon Studios, o filme tem a cara daquelas produções independentes comandada por algum nome desconhecido, e interpretada por nomes ainda a serem descobertos (ou não) em Hollywood.

Ambientado em 2007, quando a Guerra do Iraque encaminhava-se ao seu final, Na Mira do Atirador apresenta ao público os Sargentos Isaac (o indicado ao Oscar Aaron Taylor-Johnson, de Animais Noturnos, cuja crítica você também confere aqui no Portal do Andreoli), e Matthews (o brutamontes John Cena, de produções rasas do gênero ação, como Busca Explosiva e 12 Rounds). Operando no rescaldo da guerra, a dupla está de tocaia no meio do deserto iraquiano, observando o local onde alguns soldados americanos e alguns trabalhadores foram sumariamente executados, aparentemente por uma milícia iraquiana.

Após horas de observação à distância, os dois decidem explorar a cena mais de perto, acreditando que qualquer perigo real já não é mais uma ameaça imediata. Entretanto, logo a dupla de Sargentos descobre que o massacre foi causado por um extremamente letal atirador de elite iraquiano, que agiu sozinho, e que agora tem Isaac e Matthews em sua implacável mira.

Curta e direta (com seus 90 minutos de duração), Na Mira do Atirador tem um início sensacional, e uma primeira meia-hora inicial simplesmente impecável. Em poucos minutos, Liman e o roteirista de poucas referências Dwain Worrell estabelecem o patamar do relacionamento entre os dois soldados, e já situa a agoniante situação que se desenvolverá ao longo de todo o filme. A produção transcorre mais como um thriller de suspense do que como um filme de guerra propriamente dito, já que boa parte da enxuta narrativa foca no jogo psicológico de gato e rato entre os Sargentos e o ardiloso sniper inimigo.

Acertadamente, Liman e Worrell evitam o tom panfletário e procuram desenvolver toda a trama em cima do drama real de sobrevivência enfrentado por seus protagonistas, que encontram-se em uma situação à princípio sem saída. Neste cenário de vida ou morte, brilha a figura do bom ator Aaron Taylor-Johnson, que revela-se mais seguro a cada produção. O grandalhão John Cena também está bem, e mostra que pode se desvencilhar da figura de “herói de filmes de ação B”, se realmente quiser seguir este caminho na carreira. Mas é realmente Johnson o grande expoente da produção.

Mesmo evitando os clichês do gênero, o patriotismo desmedido, e trabalhando com uma narrativa forte e direta, Liman não consegue contornar a conclusão um tanto abrupta e improvável do roteiro de Worrell. O encerramento da produção acaba indo totalmente na contra-mão de todo o clima de suspense acumulado em seus minutos anteriores, e com certeza acabará decepcionando muita gente, ainda que fuja do lugar-comum.

É muito interessante observar o peso de alguns nomes no resultado de uma determinada produção. No caso deste Na Mira do Atirador, um filme pequeno e de concepção bastante comum, os nomes envolvidos na direção e no elenco, garantem um resultado acima do esperado, e transformam completamente o patamar do filme. Na Mira do Atirador não passa nem perto de reinventar a roda, mas funciona como um pneu firme e confiável, se me permitem o trocadilho.

Na Mira do Atirador estreia nos cinemas brasileiros no dia 24 de Agosto.

3 respostas

  1. O filme é em escala de ótimo, depois bom para regular
    Eu vi o final como uma brincadeira de mal gosto
    com certeza eu daria um fim totalmente diferente, claro que hoje em dia surpreende a quantidade de filmes onde dão grandeza ao vilão
    mas o fim deste foi desnecessário

    1. Também achei um bom filme, Fabio. A conclusão até que me agradou, mas entendo seu desapontamento. Grande abraço e obrigado pela visita e pelos comments. Volte sempre ao Portal do Andreoli.

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