Crítica: Separação (Separation) | 2021

O diretor William Brent Bell é um dos nomes mais ativos do horror atualmente. Porém, isso tem seu lado bom e ruim. O trabalho de Bell oscila entre o eficiente Boneco do Mal (2016) e os péssimos Filha do Mal (2012) e Brahms: Boneco do Mal II (2020), sequência que eu até elogiei mas que não suportou uma revisão, e onde o diretor arruina todo o bom trabalho do filme original. Este Separação (Separation, EUA, 2021), carrega em seus elementos a mesma instabilidade da carreira de seu realizador: Uma ótima história, interpretada por um bom elenco, mas que nunca chega onde realmente deveria chegar.

Violet McGraw (Doutor Sono e A Maldição da Residência Hill), interpreta a jovem protagonista do filme, a pequena Jenny, de oito anos de idade. Seus pais, interpretados por Rupert Friend (Hitman: Agente 47) e Mamie Gummer (Aterrorizada) estão constantemente em pé de guerra, o que faz com que a garota leve uma vida solitária mas bastante imaginativa, rodeada de bonecas e marionetes, que são baseadas nas criações de seu pai artista.

Mas a tragédia se abate quando a mãe de Jenny é morta em um atropelamento, fazendo com que Jenny e seu pai tentem juntos começar uma nova vida. Mas quando o avô da garota (Brian Cox, de A Autópsia de Jane Doe) entra com uma ação para obter sua custódia, e sua babá (Madeline Brewer, de Cam), tenta se tornar a nova mulher da casa, a vida de Jenny e seu pai em sua nova casa toma um rumo obscuro. Os assustadores bonecos e marionetes ganham vida e Jenny é a única pessoa que pode ver as sinistras  criaturas. E quando os motivos destes espíritos malignos se tornam claros, as vidas de todos os envolvidos ficam em grave perigo.

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O mestre Stephen King já dizia, “Nós criamos horrores imaginários para nos ajudar a lidar com os horrores verdadeiros”. Esta ideia é bem trabalhada em Separação. O filme cria um mundo mágico e ao mesmo tempo macabro, inventado pelos pais artistas da garota, o que permite que a pequena Jenny tenha forças para lidar com o fato de ter perdido a vida que conhecia. O roteiro dos estreantes Nick Amadeus e Josh Braun, apesar de não trazer novidades, consegue assustar e ao mesmo tempo explorar de maneira eficiente um tema que muitos de nós têm de lidar em algum ponto da vida: separação.

O diretor Bell, escalado para dirigir o vindouro e aguardado A Órfã 2, e acostumado a lidar com bonecos macabros em sua filmografia, se sai melhor quando aborda os elementos de terror da narrativa. Quando precisa trabalhar a parcela humana do roteiro, o drama em torno do luto e do recomeço de Jenny e seu pai, o resultado é um tanto raso. Ainda assim, graças também ao desempenho do sólido elenco, Separação termina por ser um exemplar acima da média do gênero, que discorre com honestidade sobre perda, recomeço, família, e sobre até onde a mente humana é capaz de ir para suportar a dor.

Separação chega às plataformas digitais no dia 30 de Abril.

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*Imagens: Open Road.

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