Crítica: Versões de um Crime (The Whole Truth)

Vinte anos depois de interpretar um advogado no ótimo thriller sobrenatural Advogado do Diabo (The Devil’s Advocate), dirigido por Taylor Hackford em 1997, o astro Keanu Reeves volta a enfrentar júri e juiz neste modesto suspense Versões de um Crime (The Whole Truth, EUA, 2016), filme que marca o retorno da diretora Courtney Hunt, depois de sua sólida estreia com o drama Rio Congelado (Frozen River), lançado em 2008.

Em Versões de um Crime, Hunt coloca o público como espectador do julgamento do jovem Mike Lassiter (Gabriel Basso, de Super 8), um adolescente acusado do assassinato de seu pai, o truculento Boone (Jim Belushi, de Inferno Vermelho). Com a confissão do jovem em mãos, e com as digitais do rapaz na arma do crime, parece que a acusação tem o caso praticamente ganho. Entretanto, o eficiente advogado de defesa de Mike, Ramsey (Reeves), não facilitará as coisas, e aos poucos, tanto o júri quanto o espectador, vão descobrindo que a verdade em torno da morte de Boone não é tão transparente assim.

thumbnail_24946

Extremamente modesta, Versões de um Crime é uma pequena produção do gênero, que nada acrescenta de novo em termos visuais ou narrativos. Contudo, Hunt conta sua história com bom ritmo e algumas variantes interessantes, o que acaba preenchendo bem os noventa minutos de duração do filme. Tais variantes da trama se personificam nas presenças de uma envelhecida Renée Zelwegger (da franquia Bridget Jones), no papel da mãe do acusado, e também de uma das atrizes-sensação do momento, a bela Gugu Mbatha-Raw (do recente Um Estado de Liberdade, e do tão falado episódio San Junipero, da terceira temporada da série Black Mirror), que interpreta a assistente do personagem de Reeves. Envoltas em segredos, ambas as personagens são decisivas para o desenrolar dos nós da trama.

A produção visivelmente apoia-se no interminável carisma de Reeves, que interpreta um advogado bem diferente do confiante profissional que personificou no citado Advogado do Diabo. Aqui, o ator encarna um advogado experiente, mas que ao mesmo tempo teme pelo insucesso de sua defesa, dada sua proximidade com a família do acusado, seus conhecidos pessoais. Tal agravante funciona também como combustível para a trama do filme, que entrega um interessante final surpresa, ainda que sem o impacto esperado. O mesmo vale para a desnecessária narração em off do protagonista, em algumas passagens da produção, que nitidamente funcionam como tapa-buraco para algumas pontas soltas da narrativa. Mas nada que prejudique demais a produção.

Resumindo, Versões de um Crime é um bom passatempo, que prende a atenção e pode até surpreender bastante os espectadores menos treinados em produções do gênero. Na pior das hipóteses, a presença de Reeves ao menos garante uma cara conhecida e de tremenda identificação com o público, o que sempre ajuda no processo. O do público, não o do advogado, é claro…

Versões de um Crime estreia nos cinemas brasileiros no dia 09 de Março de 2017.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens