Devotio Moderna : Espiritualidade versus Religiosidade

Devotio Moderna : Espiritualidade versus Religiosidade
Créditos: Wikipédia

Bom dia meus amigos,

Na semana passada eu recebi um número enorme de mensagens de amigos e gente que me escreveu e comentou sobre o fenômeno demográfico conhecido como “nones” e “dones” nos Estados Unidos. Caso você não tenha lido, busque o texto e clique no link do Portal para ter acesso, ler e entender o que eu estou dizendo.

Na realidade, o fenômeno da espiritualidade versus a religiosidade não é novo.

Você conhece gente assim? Você conhece gente que se machucou na jornada religiosa?

Eu vejo toda hora gente que se sentiu manipulada.

Eu converso toda hora com gente que veio com sinceridade, alegria e se deu conta que as suas escolhas religiosas foram se afunilando, se afunilando e se afunilando mais e mais.

Pois bem, quando elas se deram conta, elas perceberam que estavam cheias de medo da vida, medo de Deus, medo de demônios, panicadas e aflitas ao ponto de desenvolverem esquisitices, toques e doenças psicossomáticas.

Você conhece gente assim? Eu sei que você conhece.

A religiosidade que se imiscui ao fanatismo não é um fenômeno novo.

Ora, nós poderíamos falar por horas sobre as diferenças entre espiritualidade e religião, pois tais diferenças se tornam cada vez mais evidentes no chão do século XXI com a força dos meios de comunicação e das redes sociais.

Há centenas e milhares de pessoas que provam experiências negativíssimas com o poder esmagador da religião. Infelizmente, não há nada novo neste processo.

Por outro lado, há centenas e milhares de indivíduos que estão buscando uma espiritualidade autêntica e pessoal, que não dependa de dogmas ou rituais formais. Uma espiritualidade que seja relevante e tenha a ver com a vida cotidiana, com uma jornada singela, leve, serena e sem máscaras.

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Isto posto, um dos exemplos de movimentos históricos que mais se aproxima de tal cenário é a chamada Devotio Moderna que surgiu como um movimento espiritual na Holanda no final do século XIV. Na realidade tal movimento era uma resposta à corrupção e extremo formalismo percebidos dentro da Igreja Católica na época. A Devotio Moderna era um convite a piedade individual e um chamado para imitar a Cristo no dia a dia distanciando-se de algumas práticas externas e rituais da Igreja medieval. Simples assim.

A Devotio Moderna foi iniciada por um pregador holandês chamado Gerard Groote (1340–1384) e por sua experiência de transformação pessoal que o levou a viver uma vida devocional mais intensa e pessoal voltada para o interior, com ênfase na oração e meditação.

Ora, o seu foco era um convite para uma relação pessoal com Deus pra além das paredes institucionais através de uma vida de oração e caridade sincera. Eu acho fantástico perceber que tal movimento era um convite para a prática do bem, e amor ao próximo. Eu acho fantástico perceber que tal convite era um chamado para imitar a vida de Cristo nos evangelhos tornando-se um “Jesuisinho” no contexto que cada um estivesse plantado.

A Devotio Moderna descrevia Cristo nas narrativas dos evangelhos como um modelo prático e acessível a todos, pois uma lição é certa: repetindo as ações de Jesus abraçando aos que ninguém quer abraçar, perdoando aqueles que ninguém quer perdoar, amando aqueles que ninguém quer amar, eu faço da minha jornada, uma jornada espiritual parecida com a jornada de Jesus na trilha da vida.

Isto posto, A Devotio Divina deu origem a um movimento simples e cheio de espontaneidade chamado de “Irmãos da Vida Comum”, onde clérigos e leigos viviam juntos em simplicidade e devoção.

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Eu espero de todo o meu coração que a tua jornada espiritual seja pavimentada pelo mesmo chão do movimento reconhecido como Devotio Moderna e que carregue o poder significativo da simplicidade e da genuinidade.

Um convite que é para dentro, e jamais para fora.

Um convite que é para uma relação que reflita uma espiritualidade honesta e sincera livre de toda religiosidade e formalidade.

Um convite que te leve à um caminho que tem a ver com a prática do amor, um caminho sem hierarquias eclesiásticas, um caminho sem o aplauso de plateias humanas, mas um caminho de um processo interior de transformação profunda, continua e crescente para que você se torne um melhor pai, uma melhor esposa, um melhor amigo e filho, um melhor cidadão, um melhor marido, e sobretudo, um melhor ser humano.

Até a próxima.

Fábio

Collonges au Mont D’Or

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Respostas de 2

  1. Muito bom, Fabinho! Espero que cada vez mais pessoas se voltem para o exemplo de Jesus, de amor ao próximo e menos fanatismos por pessoas ou igrejas! Abs!

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