Quando a Festa Se Torna Retrato de Um Projeto: Meio Século de Caminhos e Conexões

No último sábado, cerca de 70 pessoas passaram pelo Loops Pub, aqui na França, para celebrar comigo meus 50 anos de vida. Mas o que mais marcou esse dia não foi a quantidade de presentes inesperados, nem a presença de tanta gente que eu nem imaginava encontrar. O que mais me tocou foi a lembrança viva — que compartilhei em meu breve discurso — de que foi ali mesmo, no Loops Pub, que eu e Johnna começamos o nosso projeto do zero, há sete anos.

Hoje, esse mesmo projeto envolve centenas de pessoas, dezenas de parceiros, associações locais, bares, cafés, igrejas, restaurantes… Uma rede de ações que abraça experiências culturais, desenvolvimento pessoal, espiritualidade, apoio a refugiados e, sobretudo, conexões humanas.

Enquanto eu observava as pessoas chegando, via pais e mães da escola das crianças, colegas da equipe pedagógica — até a secretária da escola estava lá. Também vi rostos conhecidos que vieram de longe: amigos de Barcelona, Montpellier, Nuremberg, Lausanne. Era como olhar por um caleidoscópio de culturas e idiomas. Eu não conhecia todos, mas todos foram ouvidos. Muitos já estavam inseridos na conversa, no grupo, na energia.

Naquela manhã, já havíamos organizado um evento no parque, com cerca de 50 pessoas. Uma delas, que acabara de nos conhecer, me disse: “Sinto que faço parte.” Isso me marcou. Ela mal sabia quem eu era — e ainda assim estava ali, acolhida, rindo e conversando com amigos de longa data.

A festa foi mais que uma comemoração pessoal: foi um retrato vivo daquilo que temos desenvolvido em Lyon. Vi pessoas que conheci numa atividade dias antes, no Puzzle Café — pelo menos duas apareceram. E eu me lembrei dos nomes delas.

Vi líderes religiosos, cientistas, agnósticos, matemáticos, diplomatas, professores, empreendedores, cristãos, muçulmanos, hindus e pessoas de tantas outras tradições. O carinho, o respeito e a humanidade criaram um ambiente extraordinário.

No meu discurso, lembrei do meu amigo Simon, que estava presente. Nos conhecemos no ano 2000, quando ainda não existiam redes sociais. Mantivemos contato por e-mail, nos reencontramos em Barcelona, Amsterdã, Zurique… Os anos passaram, ele casou, levou sua esposa na Flórida para nos conhecer. Depois, fui para o Japão. Ficamos longe… até que, hoje, somos quase vizinhos: ele vive em Lausanne, eu em Lyon. Nos vemos com frequência e seguimos caminhando juntos.

Meus pais sempre me ensinaram que, mais importante do que dinheiro ou uma carreira de sucesso, é construir uma vida baseada em amizades diversas, honestas, éticas e autênticas. Minha jornada com Simon é prova disso — assim como a história da minha amiga Patrícia, que veio de Barcelona. Nos conhecemos em 2004, quando eu ainda não conhecia ninguém na cidade. Sua família me acolheu e me recebeu. No meu discurso, contei que muitas vezes, durante os anos de viagens e mudanças de país, passei aniversários e até alguns Natais… sozinho.

Essas experiências me moldaram — e moldaram também a parceria com a Johnna — para construirmos um projeto que acolhe, apoia, inspira e se faz presente. Assim nasceu o Cultural Fusion.

Hoje, fazemos questão de estar presentes na vidinha de cada pessoa que cruza nosso caminho.

Que Deus nos ajude a encontrar nossos lugares, nossos caminhos e as pessoas certas para caminhar ao nosso lado. E que nunca nos falte sensibilidade para reconhecer o valor das amizades sinceras, autênticas e transformadoras.

Um beijo grande a todos vocês.
Até a próxima.
Fábio