O esporte é parte integrante da vida do ser humano.
— Mas eu não pratico nenhum! Detesto academia! Nem caminhada eu faço! — dirão alguns.
Eu retomo:
Assiste ao jogo de futebol na TV, vai ao estádio ou prestigia o rádio. Se anda desanimado com seu time, lê o resultado da partida no jornal do dia seguinte ou acompanha os websites e redes sociais esportivos. Em época de Copa do Mundo, compra álbum e figurinhas (e o mesmo acontece na Copa América; e, no meio do tempo, tem a Champions League), ainda que tenha a desculpa de agradar filho e sobrinho. Curte vôlei nos campeonatos estaduais e mundiais; tênis, basquete, futebol americano, rúgbi, beisebol e fórmula 1.
Pratica, sim, mas não é profissional, não compete. Divide as atividades entre academia e céu aberto, algumas vezes por semana.
Torce pra algum time de futebol. Ou nem torce. Ou prefere só acompanhar o futebol europeu.
Ainda: só se interessa pelos grandes eventos, como a Copa mesmo e as Olimpíadas. Aí, assiste a tudo. Quantos anos faltam pra chegar mesmo?
Mas é o futebol que se apresenta culturalmente como a primeira prática esportiva na vida da gente: a roupinha de bebê é um mini-uniforme do time de coração; a bola que a criança ganha é normalmente do tamanho de uma bola de futebol — e, embora, ela comece a brincar com as mãos, nada demora pra começar a aprender a chutá-la.
Não, — por favor, não! — futebol não são aqueles onze de cada lado do campo correndo o tempo todo atrás de uma bola (mesmo porque, ao que se conste, “inclua o goleiro fora dessa”: ele não corre esse tempo todo assim atrás dela…)
E é tão dinâmico que os boleiros verdadeiros muito se incomodam com uma partida de tênis, por exemplo. Embora o saque de um atleta possa chegar à velocidade média de uma moto de competição, e o ponto fatal possa ser conseguido ipsis litteris “onde a coruja dorme”, o esporte no geral corre num ritmo que não agrada ao futebolista acompanhar.
O poeta português José Saramago sempre lembra: “O tempo, ainda que os relógios queiram convencer-nos do contrário, não é o mesmo para toda a gente”.
E é por falar em tempo que a moto velocidade (que iniciou a temporada) entra na história. Ora, já houve quem não considerasse esporte, pelo equipamento, a tecnologia se sobrepondo à ação do esportista. É esporte e de alto rendimento, a se observar o alto nível de treinamento e condicionamento físico e mental exigido.
Se você às vezes reclama que não tem tempo de fazer uma boa caminhada, de correr, de ir à academia, imagine o que significa a atividade física como “descanso mental” para quem fica um dia inteiro trabalhando num local fechado, à frente de um computador, ouvindo todos os dias o mesmo tique-taque.
Imagine o artilheiro que deseja desesperadamente os 5 minutos de acréscimo no segundo tempo pra desempatar o jogo que classifica seu time para a próxima fase da Libertadores!
Cinco minutos na NBA não passam nunca, meu Deus!
Sabe por quantos segundos o piloto italiano Andrea Dovizioso venceu a Moto GP? Menos, bem menos do que 1 segundo. (Você, até no seu dia-a-dia, pode preferir carro a moto, ou não dirigir nem um nem outro; e pode preferir as corridas de carro às corridas de moto. Mas a longevidade do outro piloto italiano que largou na décima-quarta posição e chegou em quinto leva a pensar que o tempo realmente passa de maneira diferente para uns e para outros. Valentino Rossi completou 40 anos no mês passado.)
Aí, eu fico imaginando o que é que o piloto de moto velocidade pensa quando vê o meio-campo recuando e ziguezagueando a bola depois de empatar o jogo nos acréscimos!…
Tique-taque. Tique-taque. Tique-taque.