Cillo – Dorival Júnior: o soberano e suas sequência equivocada

O São Paulo frita mais um treinador e toca o barco como se nada tivesse acontecido. Dorival Júnior engrossa uma lista de profissionais que não conseguiram êxito a frente de um elenco bom, caro, mas que não joga nada.

Não se trata de defender o treinador que deixa o clube com pouco mais de 50% dos pontos conquistados em 40 partidas. Foram 17 vitórias, 11 empates e 12 derrotas. A questão é se aprofundar no que há – e fatalmente continuará existindo – por de trás desses números.

Juan Carlos Osório, Edgardo Bauza, Ricardo Gomes, Milton Cruz, Doriva, Rogério Ceni, só para citar alguns exemplos, perderam o cargo da mesma maneira: por causa do apático futebol desenvolvido dentro de campo. E o campo, dizem, é reflexo direto do que acontece nos bastidores, internamente.

Até mesmo Muricy Ramalho, em sua última passagem pelo tricolor paulista, teve sérias dificuldades em fazer o time jogar. Conseguiu evitar o rebaixamento tricolor. Mas isso, convenhamos, Dorival Júnior também conseguiu, ano passado.

De longe, dá a impressão de que há um descontentamento generalizado sobre o misterioso bastidor tricolor. Pode ser política, administração, relação profissional? Pode, mas é difícil apontar.

O soberano, como se intitula a agremiação, perdeu a soberania há tempos. O São Paulo deixou de ser o desejo de jovens promessas que antes sonhavam fazer parte do esquadrão tricolor. O clube que foi referência em administração, deixou-se contaminar por picuinhas e denúncias internas que são difíceis de controlar. Não passa credibilidade.

Até com a imprensa o São Paulo já não tem uma relação amistosa. Raramente tínhamos treinamento fechado, dias sem entrevistas coletivas, dificuldade para marcação de entrevistas exclusivas. Hoje, tudo isso virou rotina pelos lados do tricolor. Mas o resultado prático das medidas – se é que há relação entre uma coisa e outra – simplesmente não surge.

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Dos grandes de São Paulo e do futebol brasileiro, o tricolor paulista é um gigante decadente. Sua administração envelheceu em conceitos, sua política corroeu as bases, suas estruturas não condizem mais com sua história grandiosa.

Dorival Júnior se foi. Hoje o treinador sub-20 faz sua estreia contra o Red Bull, no Morumbi. André Jardine fica até outro nome “forte” surgir para engrossar a lista dos treinadores que vieram como solução, mas simplesmente não conseguiram êxito na missão. Difícil que mude.

Já são muitas as temporadas que o tricolor paulista flerta com o rebaixamento. A coquista de uma nova Libertadores não passa de um sonho. Um novo brasileirão passou a ser visto como um fantasma, dado o sufoco dos últimos anos. Está pequeno diante de sua grandiosidade o tricolor paulista.

Raí e Ricardo Rocha, ídolos e agora dirigentes, sempre defenderam a permanência de um treinador até o final de uma temporada. Mas isso foi no tempo de comentarista. Agora, dirigentes, foram picados pelo mesmo veneno da política do futebol. “Não deu resultado, precisa ir embora”. Deveriam ir a fundo na raiz do problema. O problema é que essa raiz deve estar na base de tudo: na política que corrói as estruturas. O soberano perdeu a soberania sob si mesmo.

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