Cillo: O corpo padece para quem joga futebol profissionalmente

Recebi um intrigante levantamento do Instituto do Joelho do HCor, em São Paulo. Uma pesquisa realizada pelo Hospital aponta 100 lesões durante o Campeonato Brasileiro de 2017. Isso representa uma média de quase 3 contusões em cada uma das 38 rodadas da competição.

O estudo realizado pelo Instituto detalha que a Coxa lidera as contusões com 53% das baixas dos atletas; o joelho representou 27% das contusões e o tornozelo, 8%. Além das lesões mais comuns, há também casos isolados, como as lesões no pé, mão, ombro e costelas que têm a incidência de 12%. “O calendário apertado da competição, com uma média de 2 jogos por semana, acaba gerando uma sobrecarga tanto na parte muscular como nas articulações”, explica o ortopedista Rene Abdalla, diretor médico do Instituto do Joelho HCor e coordenador do levantamento.

A apuração revela também quais as posições em que houve maior incidência de lesões. Os atacantes estão à frente do ranking com 25%, seguidos de laterais (22%), zagueiros (21%), meio-campo (17%), volantes (12%) e goleiros (3%). “No futebol, por ser um esporte de contato e muito vigor físico, os joelhos recebem cargas excessivas que, se não estiverem reforçados pela musculatura, podem sofrer lesões severas. A alta incidência é proporcional ao número de praticantes”, comenta Dr. Rene Abdalla.

Um estudo da International Journal of Sports Medicine feito entre 2006 a 2013, que comparou a evolução da performance física e técnica dos jogadores da Premier League da Inglaterra, apontou um aumento de: 30% das corridas de alta intensidade dentro do futebol; 50% nas ações dentro de campo (dribles, toques, divididas, etc); 80% de arranque (piques); 35% nas distâncias das corridas e 12% nos passes.

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Em um mercado que envolve valores estratosféricos, a cobrança acontece na mesma proporção: número excessivo de jogos; alta performance dos atletas; preparação física muitas vezes além da capacidade aceitável; viagens em grande número; calendário com varias competições aos mesmo tempo, vem provocando o “stress” mental e corporal dos atletas. Ainda que a medicina esportiva tenha avançado, não tem sido suficiente para garantir a integridade física dos personagens em questão. Geralmente, o esporte de alto rendimento pode ser classificado como prejudicial à saúde. Quem se importa? Quando um jogador se machuca, logo aparece um substituto que também corre o risco de ter o mesmo destino. Como mudar essa realidade ? Não sei.

Os patrocinadores, as instituições, os organizadores, não parecem muito preocupados. Os números apontados pelo estudo em questão, deveriam servir de base para uma profunda reflexão. Não acredito que aconteça. E bola para frente.

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