“Fiz tudo o que era possível. Dei 100% do que eu podia. Fiz o meu melhor, mas não foi suficiente. Não sei o que aconteceu. Vou analisar com meu técnico.” Com algumas variações sobre o mesmo tema, atletas brasileiros mostram que estavam bem preparados para justificar o desempenho pior do que esperavam na Rio 2016, longe dos melhores resultados que tinham obtido em outras competições durante o ciclo olímpico.

O desempenho brasileiro na Rio 2016 vai precisar melhorar bastante para atingir a meta estabelecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro de terminar a Olimpíada em 10º lugar na classificação geral, com 24 medalhas. O Brasil inicia a segunda e última semana dos Jogos em 28º lugar, com seis medalhas: uma de ouro, duas de prata e três de bronze. Portanto, até domingo, vai precisar conquistar 18 medalhas, uma a mais do que conseguiu em Londres, quatro anos atrás, quando o país fechou a competição com 17 no total: três de ouro, cinco de prata e nove de bronze, na melhor participação brasileira na história das Olimpíadas.

Nas contas do COB, o judô deveria ter ganho cinco medalhas aqui no Brasil. Uma a mais do que em 2012. Ficou na dívida. Faturou três. Uma de ouro, com Rafaela Silva, e duas de bronze, com Mayra Aguiar e Rafael Silva. Pela primeira vez em 24 anos e sete Olimpíadas, a natação brasileira não subiu nenhuma vez no pódio, o que levou o superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Ricardo Moura a decretar que o legado da natação na Rio 2016 foi o calor humano. O COB também esperava medalha no tênis, com a dupla Marcelo Melo e Bruno Soares; com o jovem Marcus D’Almeida, de 18, no Tiro com Arco, e alguma outra surpresa como a prata de Felipe Wu no tiro esportivo.

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O Superintendente Técnico do COB Marcos Vinícius Freire, segue acreditando no cumprimento da meta brasileira, definida como uma oportunidade de legado esportivo da Rio 2016 e uma prestação de contas para o maior investimento de verbas públicas em um ciclo olímpico. A boa notícia, no início da segunda semana de Jogos, foi a prata de Diego Hypólito e o bronze de Arthur Nory na prova de solo da ginástica artística. Conquistas que não eram previstas.

O Brasil também já garantiu, no mínimo, prata no boxe com Robson Conceição, na categoria peso leve, e o bronze no vôlei de praia feminino. A expectativa é que o Brasil consiga quatro medalhas em Copacabana.

Os dirigentes esportivos também contam com sucesso nos esportes coletivos. Esperam duas medalhas no vôlei de quadra, ao menos uma medalha no Handebol e duas no futebol, incluindo a inédita medalha de ouro da Seleção Masculina.

Mesmo que a meta seja alcançada – difícil, mas não impossível – o legado da Rio 2016 será questionável. Afinal, investir quase 40 bilhões de reais por pouco mais de 20 medalhas não pode ser considerado positivo. Além disso, há dúvida se o destino dos equipamentos esportivos, após o final dos jogos, vai melhorar a formação e preparação de atletas brasileiros para as próximas Olimpíadas. Até porque, falta uma política esportiva no país, que comece nas escolas básicas, passe pelas universidades e influencie o alto rendimento.

Há ainda que se considerar a mancha provocada pela má administração do dinheiro público na realização das obras, muitas delas inacabadas ou nem começadas. E a maioria com gasto superior ao previsto inicialmente. O prejuízo de muita gente obrigada a mudar de endereço sem ter ao menos sido ressarcida para adquirir um imóvel, no mínimo, igual ao que tinha. A falência do Estado do Rio de Janeiro, que obrigou a decretação do estado de emergência, pela incapacidade financeira de cumprir com os compromissos básicos com saúde, segurança e educação. Fora o temor do aprofundamento da crise nesses setores, após o final da Olimpíada.

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O que me parece certo mesmo é que o legado prometido pelos governantes não será mais do que as tradicionais promessas de políticos, onde as palavras jamais se transformam em realidade.

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