Sempre faça o que eu mando, mas nunca faça o que eu faço. Conmebol erra e time argentino não será punido mesmo após o uso de jogador irregular em sete jogos da atual Libertadores.
Em situação muito parecida, o Santos está preparando sua defesa e vive apreensão até que os dirigentes da Conmebol decidam se a equipe brasileira será penalizada, ou não, pelo uso de Carlos Sánchez na partida de ida das oitavas de final da competição contra o Independiente na Argentina. Um contrassenso porque outro time argentino está livre mesmo tendo mandado a campo um atleta que tinha comprovadamente dois jogos para cumprir.
Em 28 de agosto de 2013, Bruno Zucollini defendia o Racing e foi expulso contra o Lanus pela Copa Sul-americana. Pegou suspensão de quatro jogos, mas três anos depois, em 2016, foi dada uma anistia e a pena caiu para apenas duas partidas.
No início desta temporada, o atleta foi contratado pelo River Plate que fez consulta a Conmebol para saber se poderia utiliza-lo em seus compromissos. A entidade que comanda o futebol na América do Sul, por um erro administrativo, respondeu que Zucollini estaria livre para atuar.
Então, lá foi ele para campo. Jogou sete partidas. Nos dois jogos contra o Flamengo, nos dois encontros contra o Santa Fe, nos dois contra o Emelec. Todos pela fase de grupos. E ainda no primeiro duelo contra o Racing pelas oitavas de final.
Dois pontos de vista neste caso. A Conmebol foi irresponsável em cometer uma falha infantil, além de colocar à prova sua credibilidade. Bruno Zuccollini tem duas partidas para cumprir sua pena e jamais poderia ter entrado em campo antes disso. Pior é a entidade ter passado panos quentes na questão, como se fosse apenas um detalhe.
Outra coisa. Nenhum adversário do River Plate reclamou a tempo dessa irregularidade. Pelo regulamento, a reclamação só pode ser feita até 24 horas após a partida. Queria ver qual a saída da Conmebol se algum adversário tivesse reclamado a tempo. Lamentável o que se passa na cabeça dos comandantes. Dos boleiros de gravata. Agora, o Santos quer a mesma anistia. Está aberto um precedente perigoso. A Conmebol vive dizendo que quer o futebol na América do Sul, semelhante às grandes competições da Europa. Estamos distantes demais. E não é apenas uma questão geográfica.