Profecia ou maldição?

“O gol é um mero detalhe”. A frase dita por Carlos Alberto Parreira há mais de 20 anos foi tratada como piada. Hoje está sendo encarada como premonição ou maldição do ex-treinador.

O que Parreira quis dizer na época, no final do século passado, é que fazer gol é consequência natural para o time que detém a posse de bola pelo maior tempo. E mais importante que isso, sabe o que fazer com ela. Aí está o problema do futebol brasileiro atual. Fazer gol nunca foi tão difícil para os brasileiros.

A participação olímpica da nossa seleção é um retrato fiel dessa situação. Na estreia contra a África do Sul, a maior possa de bola do Brasil (63%) não foi revertida em gols. Os números explicam. O time chutou 21 vezes. Apenas 9 na direção certa. A mais clara chance foi desperdiçada por Gabriel Jesus. O garoto prodígio do Palmeiras, artilheiro do campeonato brasileiro com 10 gols e que já foi vendido ao Manchester City, da Inglaterra, por 121 milhões de reais, perdeu o gol na área pequena, sem goleiro, mandando a bola contra a trave. Aliás, foi o único chute dele. Neymar em seis tentativas, acertou três – aproveitamento de 50%. Mesmo desempenho de Gabigol, em 4 finalizações. O pior, disparado, foi Felipe Anderson que errou todos os quatro chutes que deu.

Contra o Iraque, na segunda partida do time olímpico brasileiro na Rio 2016, a coisa foi ainda pior. Com mais posse de bola (69%) o Brasil errou muito mais. Em 20 finalizações, só seis acertaram o alvo. Uma delas em cobrança de escanteio de Neymar, que mandou direto para o gol e quase fez olímpico. Mas foi o único arremate certo do atacante do Barcelona em cinco tentativas. Parcos 20% de eficiência… Na mesma toada foi Gabriel Jesus que também chutou cinco e acertou apenas uma, no gol. Gabigol finalizou apenas uma vez e errou. Renato Augusto estava louco para fazer um de voleio. Foram dois, em três finalizações do meio campista campeão brasileiro pelo Corinthians. Em ambos, a bola passou longe. Na segunda, nem goleiro tinha, mas Renato perdeu gol feito acertando uma canelada na bola. E novo empate em 0 x 0 para frustração do torcedor de Brasília que não gritou gol em dois jogos. E aí, claro, vaiou.

Agora não resta outra alternativa. O time olímpico vai precisar fazer gol para vencer a Dinamarca na quarta feira e garantir classificação para a segunda fase.

O Brasil joga em Salvador e conta com a ajuda de todos os Santos para se livrar de mais um vexame. Amém!

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