Victoria Salemi: Paixão em primeiro lugar

Número 1 do mundo mais velho da história, maior campeão de Grand Slams de todos os tempos, tenista a ficar mais tempo no topo do ranking da ATP, atleta a retomar a liderança no mundo do tênis depois do maior intervalo longe da primeira posição. Esses são apenas alguns dos recordes que Roger Federer bateu na última sexta-feira.

Que os feitos do suíço são notáveis, isso é evidente. Mas quero falar aqui de um ponto que, em meio a tantas glórias e feitos extraordinários, parece passar despercebido: Federer sofreu uma lesão grave em 2016, aos 34 anos de idade.

Ficar afastado durante meses por causa de problemas no equipamento de trabalho – o corpo, no caso de um atleta – é algo que frustra esportistas de todas as idades. Para alguém que, acreditávamos, já havia atingido o auge, no entanto, isso poderia ser uma preocupação muito maior. As dúvidas e o medo começam a surgir: será que é possível voltar a jogar em alto nível sem voltar a ter problemas? A recuperação de alguém já próximo dos 35 anos já não é a de um menino.

Some-se a isso o fato de que Roger Federer, quando se machucou, já havia juntado milhões apenas em premiações. Uma pessoa normal poderia se contentar com isso e encerrar a carreira ali. Acontece que atletas como o suíço não são pessoas normais.

Pode não parecer ao observarmos o tenista terminando partidas de horas de duração numa elegância impecável, mas Federer não é uma máquina. Ele se emociona a cada título, a cada vitória – mesmo que essas não sejam mais novidades em sua vida. Ele tem a ambição de querer sempre mais. E ele, acima de tudo, ama o que faz.

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Apesar de o esporte de alto rendimento ser cada vez mais tecnológico e calculado, os sentimentos sempre estarão em primeiro lugar. E Federer mostra que, usando a paixão a seu favor, é possível chegar a lugares inimagináveis.

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