Para evitar falsificações, controlar a produção e garantir as qualidades de uma bebida genuína, os países com um mercado vitivinicultor desenvolvido foram criando ao longo do tempo leis que certificam que certos vinhos têm origem definida e que suas características, únicas no mercado, correspondam exatamente à produção de uma região específica. A denominação de origem é a designação atribuída em vários países aos vinhos originários e tradicionalmente produzidos numa dada região, cuja qualidade ou caraterísticas se devem essencial ou exclusivamente aos fatores naturais e humanos do meio geográfico, e também a outros produtos agrícolas ou não que atendam a esse critério.
O vinho é o produto que detém os principais sistemas de denominação de origem atualmente consolidados. Com relação a essa bebida, todo o processo de produção é sujeito a um controle rigoroso em todas as suas fases, desde a vinha até ao consumidor final, para que possa beneficiar da designação.
Na prática, significa que os produtores que quiserem adotar um certificado DOC, garantindo a qualidade do produto, além de estarem localizados dentro da área demarcada, precisam submeter seus processos a auditorias legais que atestem que todos os requisitos foram cumpridos.
No caso do vinho, na maioria das vezes, inclui métodos de vinificação, escolha das castas, formas de plantio, tempo de colheita, rendimento por hectare, tipo do solo, características organolépticas das uvas, etc.
Denominações pelo mundo
Este tipo de protocolo de qualidade é utilizado pela maioria dos países produtores. Veja alguma das variações que podem ser encontradas:
AOC = Appellation d’Origine Contrôlée – França
DO = Denominación de Origen – Espanha
DOC = Denominação de Origem Controlada – Países de língua portuguesa
DOCG = Denominação de Origem Controlada e Garantida – Países de língua portuguesa
DOC = Denominazione di Origine Controllata – Itália
QBA = Qualitätswein Bestimmter Anbaugebiete – Alemanha
WO = Wine of Origin – África do Sul
Desta forma, não é por acaso que se encontra nos rótulos das garrafas a sigla DOC ou DOCG, tais inscrições tentam garantir a procedência e qualidade do fermentado, assim como proteger a reputação de seus produtores.
A presença do vinho no Brasil ainda está em crescimento, mas caminhamos para uma evolução acelerada. Muitos projetos no sul do país notadamente a melhor região para produção de vinhos estão ganhando o devido reconhecimento internacional. Temos muito caminho a percorrer, mas é um primeiro passo. Diante disso, ficou estabelecido em 2002, a primeira Indicação Geográfica Brasileira (IG), no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, que demarca a produção de vinho. Já em 2012, essa região obteve uma DO – Denominação de Origem.
Saiba também o que é a “Indicação de Procedência” que apesar de servirem a um mesmo propósito, elas mantêm algumas diferenças básicas entre si. Remete ao nome do país, cidade, região ou localidade que tenha estabelecido uma ótima reputação como centro produtor do vinho; Não se relaciona com a reunião de fatores locais que integram características geológicas, fisiográficas ou humanas; Somente a fama do local como grande produtora de vinho é levada em consideração.
Os vinhos com Denominação de Origem passam por uma inspeção de qualidade mais exigente do que aqueles com Indicação de Procedência, devido às suas características mais especificas, de maneira a impedir produtores não estabelecidos na região determinada pela lei a elaborar e comercializar determinado vinho de produzir bebidas que não atendem às características definidas pela Denominação e comercializa-las como se fossem daquela região.
Curiosidade: O Brunello di Montalcino, um dos meus vinhos preferidos, diga-se de passagem, é um vinho tinto classificado como DOCG (Denominação de origem controlada e garantida) produzido na região da Toscana, território da comuna de Montalcino, província de Siena, Itália. O Brunello di Montalcino pode ser considerado, junto com os Barolos, o vinho tinto italiano dotado de maior longevidade além de ser o primeiro vinho italiano a receber a certificação DOCG. São produzidos cerca de 70 000 hectolitros/ano.
Uva de hoje
Dolcetto – Típica do noroeste da Itália, na região do Piemonte, a casta tinta Dolcetto é cultivada em vinhedos de altitudes elevadas, graças a forte resistência que a casta possui quando exposta a temperaturas frias. Com acidez bastante equilibrada, a uva Dolcetto possui rápido amadurecimento, característica que foi extremamente privilegiada pelo clima frio das regiões em que as vinhas da casta são cultivadas. A maioria dos exemplares desta casta são bastante tânicos, macios, frescos e secos.
Respostas de 2
Eu fui a única pessoa de Brasília (convidada) presente em Bento Goncalves no dia da outorga do título DOVV.
Uma honra para mim que extendo às Confreiras Amigas do Vinho.
Acredito que a próxima DO do Brasil será a região da Campanha (lá no sul do RS).
Olá
Adorei o seu texto, muito bem colocado….se puder mande mais.
Sou apreciador!!!
Abraço