A parábola do bom samaritano entre amigos hinduístas

Bom dia meus queridos amigos,

Você já ouviu falar da parábola do bom samaritano?

Antes de mais nada eu tenho que escrever sobre os nossos amigos Matt e Yoko. E quem são eles? Matt é suíço e casado com a Yoko que é japonesa. Nós tivemos o prazer de conhecê-los no Japão e desenvolvemos um projeto juntos por quase dois anos.

Matt e Yoko viram a Sophia crescer dos 2 aos 4 anos. Vieram ver a Júlia no hospital de Yokohama quando ela nasceu.

Na semana passada estávamos em Genebra, e eles estavam na linda região de Interlaken visitando os seus familiares.

Pois bem, conseguimos nos ver. Foi uma alegria indizível revê-los!

Sempre bom rever amigos! Amigos que nos lembram de tantas experiências boas juntos.

Voltando ao nosso projeto no Japão.

O nosso projeto era receber pessoas em casa e conversar sobre a personalidade mais controversa, e ao mesmo tempo fascinante da história humana: Jesus de Nazaré.

Nunca imaginávamos que o encontro atrairia gente de tantas nacionalidades, culturas e religiões. Aliás, alguns eram ateus, agnósticos; outros eram muçulmanos, budistas, hinduístas e cristãos.

As pessoas começavam a convidar os seus amigos. Não havia nenhuma estratégia de Marketing. O Japão tem menos de 1% de cristãos. Eu ficava surpreso quando um ateu convidava um outro ateu para vir e ouvir sobre os ensinamentos e filosofia de Jesus de Nazaré segundo os Evangelhos. Eu ficava surpreso quando agnósticos se aproximavam e eram capazes de participar da reunião sem a preocupação de estar dentro de um “gueto religioso”.

Uma das histórias mais fascinantes aconteceu com duas famílias do Sri Lanka. Ambas famílias eram hinduístas. Elas participavam ativamente. Vinham com freqüência.

De modo que em uma daquelas reuniões eu li sobre a parábola do bom samaritano. O texto é auto-explicativo. No entanto, quando se sabe um mínimo do contexto cultural, religioso, e político daquele período na Palestina dos dias de Jesus, a mensagem se torna ainda mais chocante.
E qual era o contexto da parábola contada por Jesus?

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Os judeus não se davam bem com os samaritanos. Os judeus se achavam superiores aos samaritanos por questões raciais e culturais. Os judeus menosprezavam os samaritanos.

O fato é que na parábola do bom samaritano, Jesus responde a um teólogo dos seus dias, um acadêmico, e intérprete da lei dizendo que: Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote, mas conquanto ele fosse um sacerdote judeu, conhecia os mandamentos de Deus, ele nada fez. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Provavelmente deveria estar atrasado para alguma reunião no templo, ou para ensaiar alguma música no grupo de louvor, pois os levitas eram responsáveis pelo louvor do templo tanto quanto pela manutenção do mesmo. Para os profissionais da religião, infelizmente o mecanismo da religião era mais importante do que fazer o bem e ajudar o homem caído, quase morto.

Jesus continuou a parábola dizendo que um samaritano, estando de viagem chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele, e o ajudou. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. Jesus disse que no dia seguinte, o samaritano deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: “Cuide dele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver”.

Pois bem, Jesus termina a parábola fazendo uma pergunta ao teólogo que tentou colocá-lo dentro de uma arapuca e armadilha, “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”

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“Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o acadêmico de teologia.

Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo”.

Ao acabar a reunião. Nos demos conta que as duas famílias eram absolutamente rivais e antagônicas no Sri Lanka. Eles supostamente não deveriam nem mesmo estar dentro de uma mesma sala, compartilhando o mesmo espaço, mas naquela noite, naquele espaço, bem diante dos nossos olhos, e dos olhos dos nossos amigos Matt e Yoko, o perdão e a reconciliação se encontraram, e o poder da compaixão gritou mais forte do que qualquer tentativa de supremacista cultural, racial ou religiosa.

Dito isto, a mensagem da coluna desta segunda-feira é muito simples,  portanto, “Vá e faça o mesmo”!

Certamente, nesta semana você e eu teremos muitas oportunidades para escolher e ser como o sacerdote ou como o levita, mas certamente nesta semana você e eu também teremos muitas oportunidades para escolher e ser como o samaritano.

“Vá e faça o mesmo”!

A bela Genebra.

Boa semana para todos vocês.

Até a próxima!

Collonges-au-Mont-d’Or

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Imagens: Arquivo pessoal do colunista

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