Bom dia meus amigos queridos,
Eu tenho o privilégio de participar uma vez ao ano de uma das atividades e encontros que mais me alegram o coração. Este ano nos encontramos na Suécia. São pessoas que acompanham gente nas suas jornadas espirituais. Somos todos acompanhadores espirituais na Europa. É um encontro singelo, agradável, descontraído, cheio de conversas, entre lágrimas e risos, entre trocas de experiências, diálogo e refeições diárias compartilhamos as nossas dores, as nossas alegrias, e sobretudo, crescemos: crescemos como acompanhadores espirituais, crescemos como seres humanos.
Pois bem, apesar das diferenças culturais, diversos idiomas e geografias, múltiplas tradições cristãs: católicos, protestantes luteranos, metodistas, batistas, anglicanos entre outros grupos cristãos que participam de alguma forma, temos a experiência de trabalhar com aquilo que nos une ao invés de focar no que poderia nos dividir.
Na realidade, infelizmente tal divisão tem separado cristãos ao longo de anos e anos, geração após geração dando um exemplo horroroso ao mundo inteiro do significado que não reflete a genuína fé cristã.
Cada ano que venho e me encontro com este grupo de amigos eu faço a mesma pergunta – Sinceramente o que é mais importante do que o ser humano? Por que o mundo se divide tanto? Qual é o tamanho do nosso orgulho e egoísmo que são capazes de engolir o amor e subtrair a vontade de perceber o outro, o meu próximo?
Eu conheço maridos que são incapazes de ouvir as suas esposas. Eu conheço chefes que veem os seus empregados como objetos. Eu conheço filhos que olham para os pais e veem indivíduos ultrapassados, um peso nas suas costas, um fardo quase que insuportável que eles têm que carregar. Eu conheço gente que não é capaz de construir uma amizade sincera, honesta e verdadeira.
Por exemplo: Você já parou para pensar nas dezenas de vezes que olhamos para um indivíduo e “adjetivamos” ele. Eu toda hora vejo na Europa, imigrantes e refugiados sendo “adjetivados”. Eu sei que no Brasil a nossa tendência é “adjetivar” moradores de ruas por dezenas de razões que passam pela política, economia e outros fatores que são seríssimos. Por outro lado, se esta viagem que começa no nosso intelecto viajasse para dentro do nosso coração, tal indivíduo: refugiado, imigrante, morador de rua seria visto como um ser humano.
Ora, na vida a gente enxerga com o coração, muito mais do que com estes olhos naturais.
Eu me lembro de dois amigos da minha esposa que vieram no nosso casamento em Chicago. Eles são cegos. Eles ainda estão vivos e têm uma idade avançada. Passaram as suas vidas sem “ver”, mas jamais perderam a visão de enxergar. Eu presenciei a alegria indizível destas duas pessoinhas que sabiam que a Johnna estava linda naquele dia.
Fazemos uma pausa porque eu quero te perguntar: Como eles sabiam que a Johnna estava linda se eles são cegos? A resposta é tão simples. A gente olha para a vida com o olhar da visão do ser, do coração, da energia que vaza de dentro de nós.
Talvez uma das melhores descrições que eu encontro na tradição cristã que nos falam deste “ver” e ver é a experiência de Maria Madalena que “viu” Jesus, e viu um jardineiro. Depois disto, ela viu Jesus e reconheceu que era Jesus.
Este encontro com os acompanhadores espirituais da Europa me ajuda a entender que apesar das nossas dezenas de diferenças, o amor ao próximo, a devoção sincera a Deus, a gratidão pela vida, a oração pela paz entre as nações, o desejo verdadeiro por unidade são razões muito mais fortes do que qualquer outra razão e motivo que possam nos dividir.
Pense nisto. Pense no teu contexto. Pense nas pessoas que você conhece.
Por favor, construa pontes ao invés de levantar muros e colocar obstáculos desnecessários para que você e o teu próximo tenham uma jornada serena na existência desta vida.
Um beijo grande para todos vocês.
E até a próxima!
Fábio
Berget, Suécia
**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.
Imagem: Freepik