Espiritualidade: Quando o silêncio se torna o idioma em comum

Bom dia meus queridos amigos,

Uma vez ao ano eu organizo um retiro espiritual no Taizé, que está muito próximo da cidade de Lyon. Você já ouviu falar da comunidade Taizé?
Pois bem,  Taizé é uma comunidade ecumênica cristã fundada em 1940 por Roger Schutz, também conhecido como Irmão Roger. Os monges que moram no Taizé são de diversas denominações cristãs. E você talvez me perguntará: – “O que esta comunidade faz?”

Milhares de pessoas são atraídas ao Taizé todos os anos em busca de silêncio e meditação.

Ora, a comunidade se dedica à oração, meditação e ao trabalho manual, promovendo a reconciliação e a unidade entre os cristãos. E mais ainda, desde sempre o Taizé é conhecido por atrair milhares de jovens de todo o mundo para encontros de oração e reflexão, caracterizados por um estilo de oração contemplativa, cânticos meditativos e um forte espírito de acolhimento e simplicidade.

Cada refeição, cada conversa, cada caminhada uma experiência multicultural e espiritual.

De modo que no último fim de semana o nosso grupo era composto por treze indivíduos de muitos países: França, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Canadá e Escócia. Aliás, quatro idiomas se imiscuíam constantemente enquanto conversávamos uns com os outros. As nossas refeições, leituras, reflexões eram tomadas de um ar de profunda multiculturalidade e pluralidade.

Excelente bate-papo com um dos monges do Taizé, irmão Etienne, que é belga e morou no Brasil por 9 anos.

O que mais me fascinou foi perceber que alguns de nós não tínhamos um idioma em comum para nos comunicar fluentemente uns com os outros.

Meu querido amigo Rob que veio da Escócia e se juntou a nós.

 

Meu querido amigo Manga, do grupo de rock cristão Oficina G3 também veio do Brasil para participar.

Isto posto, as palavras de Thomas Keating ecoaram no meu coração: “O silêncio é a primeira linguagem de Deus; tudo o mais é uma tradução pobre.” Na realidade o silêncio para o nosso grupo era a linguagem mais comum, era o idioma mais forte, e portanto, estar em silêncio com aquele grupo significava estar intrínseca e profundamente conectado uns com os outros independentemente da tradição cristã, jornada espiritual, língua e cultura que poderiam ser obstáculos enormes para cada um de nós.

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E talvez você me pergunta: “Fábio, o que esta experiência tem a ver comigo? ”

Eu acho que tem.

Cada vez mais eu vejo os indivíduos tendo um pavor horroroso do silêncio.

Você conhece gente assim? Gente que quer apenas falar, falar e falar e são incapazes de ouvir o outro, prestar atenção no outro, sentir empatia pelo outro.

Eu vejo toda hora gente irritada. Eu vejo todos os dias jovens sendo absolutamente incapazes de assistirem uma palestra de 45 minutos e ficarem sem olhar para o telefone celular. Eu vejo pais tendo uma dificuldade enorme para ficarem quietos e deixarem os seus filhos falarem. Eu vejo casais não tendo paciência para dar tempo e espaço para ouvirem um ao outro.

O silêncio é a linguagem divina.

O silêncio nos ajuda a conectar com o próximo e entender um denominador em comum entre nós todos independentemente da geografia, condição social, econômica e nível de educação. Qual seria este denominador comum? Todos nós somos seres humanos!

O silêncio nos faz ter a consciência que não há supremacia de raça, cor, cultura e tampouco supremacia religiosa.

O silêncio é a primeira linguagem de Deus; tudo o mais é uma tradução pobre.

Pense nisto. Até a próxima!

Lyon

 

 

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

 

Imagens: Arquivo pessoal do colunista

 

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Respostas de 2

  1. Filho….um dia vc me disse Que O SILENCIO É UM DOM.
    Eu , gravei isso em minha memória. No dia que você falou…eu pensei e refleti..e a pura realidade .
    Sempre digo as pessoas..e percebo que poucos têm este DOM.
    E MAIS…SUA AVÓ LUIZA TB DIZIA Q O SILENCIO DIZ TUDO.
    ATÉ A PRÓXIMA TAMBEM!!
    TE AMO

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