Bom dia meus amigos queridos,
Eu e a minha família temos aproveitado muito o Brasil.
Acabamos de voltar da Estância Palavra da Vida. Caso você não saiba, a Estância Palavra da Vida é um lindo lugar em Atibaia onde diversas famílias cristãs se reunem para aproveitar cada encontro, cada reunião, e há muita brincadeira e atividades para as crianças. E mais ainda, a infra estrutura conta com piscinas, quadras, playground e um refeitório com uma diversidade de pratos da culinária brasileira que é de tirar o fôlego!
Pois bem, os avós da minha esposa frequentavam a Palavra da Vida na Flórida. Eu cresci indo a estes encontros na minha adolescência, mas há quase 25 anos eu não participava de nenhuma destas atividades.
Dito isto, decidimos juntar “o útil ao agradável”. Passamos excelentes dias na Estância pela primeira vez como família, enquanto as crianças brincavam, viviam uma imersão na língua Portuguesa e eu, obviamente, matava as saudades de comer muita coisa boa que há muitos anos não comia.
O mais engraçado foi ver apenas a nossa família nadando na piscina descoberta. Enquanto todos estavam na piscina quentinha e coberta, a Sophia foi a primeira a pular do trampolim quando o termômetro chegou aos 10 graus de temperatura! A Júlia não perdeu tempo e usou o escorregador! E tchibum!
A minha esposa acostumada aos 40 graus abaixo de zero do inverno de Wisconsin, deu umas boas braçadas em pleno inverno do Brasil, e me disse que estava cheia de adrenalina. Faltou eu. Mergulhei, e aproveitei os mesmos 10 graus de temperatura. Aliás, depois de umas boas braçadas, o corpo já não sentia mais nada!
E você me pergunta: Fábio, por que você começou esta coluna com a frase “…Eu sei Deus.” A frase original é a resposta do psicanalista suíço Carl Jung durante uma das suas últimas entrevistas em 1959. A pergunta do entrevistador era muito simples e direta: “Carl, você acredita em Deus?” Carl Jung que tinha uma herança cristã-protestante respondeu em Inglês “I don’t believe. I know”. A tradução seria, “Eu não acredito. Eu sei. Eu sei Deus”.
Eu tenho amigos ateus, agnósticos, muçulmanos, hindus, e muita gente que conheço está cansada da instituição religiosa. Na realidade, cada indivíduo vive a sua jornada espiritual no chão da terra. Cada indivíduo carrega as suas próprias idiossincrasias culturais, heranças familiares, contextos geográficos e traumas na infância tanto quanto experiências pessoais que constroem uma arquitetura de fé, ou muitas vezes, uma resistência a tudo aquilo que se apresente com mecanismos que levem o individuo supostamente até Deus.
Eu converso com gente todos os dias sobre vida, morte, Deus, eternidade, fé, religião, ateísmo, história da Igreja, e Cristianismo. No entanto, frequentemente as perguntas mais difíceis e complexas não estão nas minhas conversas durante as aulas de Mestrado em Teologia e tampouco nas conversas e cafés com os meus amigos agnósticos, cientistas e ateístas na Europa. Não estão!
As perguntas mais difíceis e complexas vêm das minhas filhas. Isto mesmo!
Isto posto, é depois de uma semana como esta que vivemos na Estância Palavra da Vida, onde elas ouvem sobre fé, Deus, faz orações e preces que estas perguntas se multiplicam nas nossas conversas: “Papai, e depois da morte?” “Papai, você já conheceu alguém que voltou para falar como é depois que fica tudo escuro?” “Papai, como é Deus quando a gente faz uma oração?” “Papai, e papai…” “Papai, e papai…”
Quanto mais os anos passam, mais as minhas respostas se tornam parecidas com a resposta de Jung, “Eu sei Deus”.
Quanto mais os anos passam, eu percebo uma série de encontros e conversas que não se explicam pela lógica humana, mas apenas se resumem na experiência do inexplicável, “Eu sei Deus”.
Quanto mais os anos passam, eu me dou conta de um orquestramento divino de combinações que homem algum poderia organizar, “Eu sei Deus”.
E por que você está dizendo isto, Fábio?
Pois bem, este fim de semana eu e a Johnna experimentamos algo inexplicável. Eu estava na iminência de tomar um chá bem quentinho e gostoso na cafeteria da Estância Palavra da Vida quando um rapaz se aproximou de mim e disse:
– “Você não mora no Brasil?”
– “Não. Eu não moro”. Eu respondi e já lhe convidei para tomar um chá comigo.
Ele veio e depois de 5 minutos conversando sobre os nossos projetos na Europa, eu percebi que a minha esposa se aproximou da nossa mesa. Ele começou a falar Inglês fluentemente porque morou em Boston e se graduou em uma das universidades mais renomadas do mundo, na Harvard.
– “Olá, posso participar da conversa?” A minha esposa disse com muita gentileza e começou a ouvir o que o nosso mais novo amigo falava sobre a sua família e sobre a sua trajetória empresarial que fez o mundo se tornar um quarteirão global para ele.
– “Pois bem, eu tenho uma irmã que faz projetos muito similares aos projetos que vocês desenvolvem na Europa. E mais ainda, ela estava na Índia e foi com o seu esposo para a Itália”. Enquanto ele explicava detalhes sobre os projetos da sua irmã, eu percebi que a Johnna estava impaciente para falar.
– “Não acredito! Não é possível!” A minha esposa interrompeu o fluxo da nossa conversa.
– “O que você não acredita, Johnna?” Eu lhe perguntei enquanto queríamos saber o motivo de tanta euforia nas palavras da minha esposa.
– “Eu tenho uma amiga que participa de grupos internacionais, nós falamos de fé, conversamos sobre projetos humanitários, e ela me pediu para ajudar e responder perguntas a um casal que acaba de chegar na Itália e são brasileiros”. Assim que a Johnna terminou de explicar tal situação para além de qualquer arquitetura humana, ela disse os nomes da família e foi confirmado pelo nosso mais novo amigo que se tratava da mesmíssima pessoa.
Uma foto. Duas fotos. Enviamos as fotos para a família que está na Itália. Não conseguimos acreditar. Eu tirei os meus óculos e os coloquei na mesa. Era algo surreal o que acontecera! Começamos a rir os três juntos.
Resumindo, o que era apenas algumas trocas de mensagens entre a minha esposa e a família do nosso amigo há uns dois meses, agora se tornou em um provável encontro em Outubro, pois eu estarei viajando para a Itália e nos encontraremos em Florença.
E o que isto tem a ver com o início desta coluna e com as conversas que tenho com as minhas filhas sobre vida, Deus, fé, entre outros tantos assuntos que possuem um teto filosófico, psicológico, teológico ou de qualquer outra ciência humana?
Ora, são experiências desta natureza que valem infinitamente mais do que múltiplas tentativas de responder intelectualmente as perguntas que cada uma das minhas filhas me fazem.
A Sophia tanto quanto a Júlia ouvem e são testemunhas de experiências como estas que não se explicam do ponto de vista humano. São encontros. São combinações de seres humanos de diferentes idiomas, geografias e culturas que se entrelaçam para a prática do amor, da ajuda humana, com o intuito de promover a paz em ambientes hostis e abraçar aos que vivem com um desassossego de alma indizível.
“Eu sei Deus. Eu sei…”
“Eu sei Deus” tem a ver com uma jornada pessoal. Tem a ver com uma jornada para além das muitas ciências humanas e credencias teológicas. Tem a ver com uma jornada intransferível que cabe a cada um de nós trilhar.
Tem a ver com a tua experiência com o divino e Eterno que não é a minha experiência, mas é a tua. Tem a ver com a minha experiência com o divino e imensurável que não é tua experiência, mas é a minha.
Eu espero que você, que as minhas filhas, e que cada ser humano neste planeta experimente esta explosão do amor e do bem que brotam do que chamamos de “coincidências”, mas que são sinais divinos e inexplicáveis para que possamos olhar para os céus e possamos dizer “Eu sei. Eu sei Deus”.
Uma boa semana para todos vocês!
Até a próxima.
Atibaia
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Uma resposta
Wow! Q bonito!