Fábio Muniz: Eu queria apenas ser pai…

Bom dia meus queridos amigos,

Você já fez um exercício de olhar para a tua vida e perceber que há preces, sonhos, vontades e projetos que um dia brotaram dentro de você, e quando você se dá conta, você está vivendo alguns, ou muitos deles.

Ora, eu estou dizendo isto porque esta semana devo ir trabalhar na Itália, e ficarei alguns dias longe das minhas meninas. É por isso que acabamos de voltar do cinema.

Aliás, a dinâmica da nossa agenda não é fácil. No entanto, eu faço o possível e impossível para conciliar estudos, viagens, projetos e sempre incluir tempo para passar com a Sophia tanto quanto com a Júlia.

Eu queria apenas ser pai…

Talvez você não saiba. Mas eu vivi 4 (quatro) situações de quase morte. A primeira delas eu já descrevi em uma das minhas colunas. Eu era um menino e quase morri afogado na piscina dos meus tios em Valinhos. Fiquei completamente desacordado. Já estava boiando, quando fui salvo pela minha querida prima.

Em uma outra ocasião, eu era gerente de Recursos Humanos, e todos nós, eu e a minha equipe, fomos colocados no banheiro da empresa enquanto ladrões apontavam armas para nossas cabeças.

Infelizmente, dias antes de sair do Brasil definitivamente em 2004, fui abordado por dois rapazes que vinham em uma moto. Apontaram a arma na minha cabeça enquanto estacionava o meu carro, e levaram todo o meu dinheiro.

Triste dizer que faltou mais uma situação onde vi outra arma sendo apontada na direção da minha cabeça. É exatamente esta experiência que gostaria de descrever.

Eu queria apenas ser pai…

Eu tinha apenas 19 anos de idade. Fui ajudar em uma reunião, em um grupo de igreja.

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Se reuniam para comer alguma coisa, abrir a Bíblia, fazer algumas preces.

Eu levei o meu violãozinho. O carro do meu pai era uma Parati Atlanta. Eram quase 11 horas da noite. Eu estava na Rua Oratório. Na região da Mooca em São Paulo.

Liguei o carro. Quando vi no retrovisor, um Palio veio, e me cercou.

Me jogaram para dentro do carro deles.

Eu fiquei no banco do passageiro. Era um sequestro relâmpago. Eram 3 garotos.

Um estava armado apontando o revolver na minha cabeça. Queriam dinheiro. Eu não tinha nada. Eu tinha apenas o meu violãozinho. Eu dizia que poderiam levá-lo.

Os olhos de todos eles brilhavam.

Eu olhei no retrovisor, e o olho do garoto que tinha a arma na minha cabeça brilhava. A sua mão tremia. Eu pensei que ele ia atirar. Eu pensei que ele me mataria naquele momento. Não tinha nada a perder.

Eu queria apenas ser pai…

Eu me recordo como se fosse hoje. Eu fiz uma prece: “Meu Deus, eu sou muito jovem. Tenho apenas 19 anos. Tenho muita vida para viver. Mas, estou pronto para morrer. Me receba. Me receba aonde quer que o meu espírito possa ir. No entanto, uma coisa apenas eu gostaria de dizer.”

Eu queria apenas ser pai…

Depois de alguns minutos que se pareceram uma eternidade, me jogaram em alguma rua que não me recordo onde. Acharam o meu carro flutuando em São Bernardo. Eu sobrevivi. Eu estou vivo. Eu me tornei pai de duas meninas lindas: Júlia e Sophia.

Júlia (esquerda) tem 5 anos e nasceu em Yokohama, Japão. Sophia (a direita) tem 9 anos e nasceu em Saint Petersburg, Florida.

A vida é construída com tijolinhos de amor e ternura minuto a minuto.

A vida é feita de encontros que são capítulos de oportunidades para aprender a amar e perdoar.

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A vida é feita de simples refeições que se tornam eucaristias para aqueles que estão cheios de gratidão.

A vida é feita de tal gratidão por viver cada dia como se fora o nosso último dia debaixo do Sol.

Viva o dia de hoje assim!

Abrace a tua esposa com ternura. Beije os teus filhos com carinho.

Agradeça pela vida dos teus pais que cuidaram de ti.

Brinda a vida com os teus amigos. Celebre!

Celebre a semana que acaba de te dar a oportunidade de recomeçar mais um dia de vida.

 

Cinema, cookies, pipoca, brincadeiras e muita risada. Receita para uma boa tarde de domingo!

 

Até a próxima!

Collonges-au-Mont-d’Or

 

 

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Imagem: Arquivo Pessoal da coluista

 

 

 

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