Fábio Muniz: Porque a atual geração tem uma insatisfação continua?

Bom dia meus amigos queridos,

A pergunta em questão poderia ser respondida do ponto de vista sociológico, filosófico, psicológico, e poderíamos trazer as nuances da tecnologia tanto quanto as características da globalização para nos ajudar a responder tal dilema.

Visto que estamos apenas dentro de um espaço mínimo, chamado “A Coluna do Andreoli”, eu te convido a pensar na tua própria experiência que se torna o teu próprio laboratório para refletir neste assunto.

Ora, eu posso fazer uma viagem simples a partir da minha própria experiência e analisar pela observação do meu horizonte imediato os motivos que fazem a atual geração ter uma insatisfação continua.

Isto dito, eu ainda sou de uma geração que brincava na rua, jogava futebol na rua, e se tivéssemos bola, usávamos a bola. Caso não tivéssemos uma bola, uma caixinha de Toddy servia. Brincávamos de esconde-esconde, taco, pega-pega e jogávamos Atari. Eu ainda cheguei a jogar o conhecido TeleJogo que já faz parte do estudo paleontológico da era dos videogames.

Pois bem, algumas das múltiplas causas da insatisfação da atual geração passam pelas muitas expectativas não atendidas, uma busca por aplauso constante e reconhecimentos Facebookianos e Instragramianos. E mais ainda, eu vejo toda hora os jovens com uma auto-estima baixíssima devido as milhares de comparações desumanas que eles fazem com as chamadas celebridades.

Você sabe muito bem do que estou falando.

Os nossos Iphones se tornaram vitrines e passarelas onde centenas de influenciadores mostram uma vida surreal que instigam milhões de jovens de todas as partes do planeta independentemente da cultura, condição social, língua e geografia a sonharem com algo que está pra além das suas expectativas e chão de realidade.

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Você já ouviu falar do sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman conhecido por suas análises sobre a modernidade, globalização e consumismo?

Pois bem, o seu livro Modernidade Líquida aborda muitos destes pontos. Aliás, foi escrito no final dos anos 90 e parecia ser uma profecia que se cumpriria depois de algumas décadas com uma minuciosidade inacreditável.

O que eu e você podemos aprender com este texto?

Como podemos evitar esta insaciabilidade que se infiltra consciente e inconscientemente através dos múltiplos meios de comunicações, Internet e conversas diárias nas universidades, no trabalho e na roda de amigos que se encontram para tomar um café?

Uma das soluções propostas por Bauman é a importância de trabalhar em comunidades buscando as relações sinceras, duradouras com o intuito de promover a solidariedade através da empatia e compaixão. Gente que se relaciona com gente. Gente que toca em gente. Gente que ouve gente.

A Internet tem benefícios maravilhosos, mas nos dá a falsa sensação de uma comunidade líquida de milhares de seguidores e de centenas de “amigos”.

Aliás, eu acho fantástica também a orientação do chamado apóstolo Paulo ao jovem Timóteo. Encontramos tal instrução no chamado Novo Testamento dentro da primeira carta que Paulo enviou a este jovem que tinha cerca de 30-35 anos.

A instrução é a seguinte: “a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos”.

Quanto mais tenho, mais eu quero dentro deste mundo de consumo insaciável de dezenas de algoritmos que me empurram para comprar, desejar, querer e amealhar.

Quanto mais sou bombardeado pelas páginas de TikTok, Instagram, Facebook, mas eu penso que o segredo para ser feliz é viver uma vida de popularidade.

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Eu te convido a pensar na gratidão que carrega as sementes da simplicidade.

Eu te convido a pensar no teu horizonte imediato sem comparações com nenhuma celebridade. Eu te convido a não olhar para o lado e procurar insaciavelmente ser como alguém que supostamente tenha alcançado o sonho da aparente popularidade.

Eu te convido a viver o dia que se chama hoje e ser a melhor versão de você mesmo.

A melhor versão de você mesma é ser quem você é!

Até a próxima.

Collonges-au-Mont-d’Or

 

 

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Imagem: Freepik

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Respostas de 4

  1. Minha impressão é que muito do que foi arrolado como causa da insatisfação na verdade é consequência. A causa é que não temos Deus. Simplesmente por que Deus não se possui, como de resto tudo o que os homens buscam. O domínio não é nosso. É dele. O nome de Deus não significa “Eu terei o que terei” e sim “Eu serei o que serei”.
    Se somos feitos à imagem de Deus deveríamos ser o que somos, conforme salientado no texto, e assim, com Ele, plenamente satisfeitos.

    1. Querido Helio,
      Que gostoso ler o teu comentário, meu amigo.
      Obrigado por ler a coluna e participar.
      Que cada um de nós possamos encontrar esta jornada que nos leva ao Criador para poder experimentar que na vida o SER é infinitamente maior e de um valor significativo inigualável do que TER, POSSUIR e CONQUISTAR.
      Um grande abraço. Até a próxima!
      Fábio

  2. Estimado Fabio, nuestro Profe de HISTORIA DE LA IGLESIA EN EUROPA,
    Me ha impactado su invitación a los lectores, *para que seamos la mejor versión de nosotros mismos*
    Mientras Zygmunt Bauman, sigue analizando la modernidad, la globalización y el consumismo, la inteligencia artificial llegó como
    un tsunami, barriendo algunos principios de autenticidad en nosotros mismos……

    1. Hola Orfeo,
      Muchas gracias. Tienes razón.
      La inteligencia artificial ha llegado como un tsunami. Hay tantas ventajas, pero tantos desafíos también.
      Bueno, que Dios nos ayude a ser la mejor versión de nosotros mismos.
      Espero que estés bien.
      A lo mejor estaré en Málaga en marzo. Será una alegría darte un abrazo.
      ¡Cuídate!
      Fábio

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