Bom dia meus queridos amigos!
Você certamente conhece os dois livros em pauta. Mas a pergunta que eu gostaria de fazer é se você sabia que O Senhor dos Anéis tanto quanto As Crônicas de Nárnia têm estado na lista dos livros mais vendidos de todos os tempos?
Aliás, você sabia que o nome do autor do livro O Senhor dos Anéis é J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis é o autor de As Crônicas de Nárnia?
Você provavelmente sabe de tudo isto…
Posso então perguntar o que talvez você não sabe? Vamos lá!
Você sabia que Tolkien e Lewis se encontravam regularmente para conversar sobre as suas fascinantes estórias de ficção no charmoso pub “The Eagle and Child” que ainda está aberto na linda cidade universitária de Oxford?
Espero que você me diga, “Fábio isto eu não sabia!”:-)
E certamente você não sabe que eu já tive o prazer de sentar na mesa do tal pub onde O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia se encontraram.
Aliás, Tolkien e Lewis não se encontraram apenas uma vez, mas duas, três e muitas outras vezes…
Fizeram deste encontro, um encontro regular. Fizeram deste encontro, uma amizade singela e profunda. Fizeram deste encontro, um encontro de vida para dentro que tinha a ver com as sombras e as virtudes mais viscerais da alma humana. Fizeram deste encontro, um encontro de vida para fora que continua a deixar os seus leitores boquiabertos com tanta criatividade e imaginação.
Talvez você seja apaixonado pela criatividade extraordinária do Tolkien. Eu também sou. Na realidade, a influência de Tolkien na vida e jornada existencial de Lewis foi crucial para que Lewis se tornasse quem ele se tornou.
Mesmo você sendo um fã do Tolkien, será que hoje você me daria permissão para falar do C.S. Lewis?
Obrigado! Até porque eu prometi para a Sophia, a minha filha de 7 anos, que eu estaria escrevendo no portal do Andreoli exatamente sobre As Crônicas de Nárnia.
Ela ficou feliz. E você no mínimo concorda comigo que eu não poderia desapontá-la 🙂
Olha só. Eu estou lendo para a Sophia o volume único de As Crônicas de Nárnia. O tal volume único compõe os 7 livros e são quase 800 páginas. Isto mesmo, 800 páginas!!
Nós estamos chegando nas últimas 100 páginas 🙂
A Sophia está apaixonada….
Ela percebe como o papai dela é apaixonado pela genialidade do C.S.Lewis, você sabe por quê?
Porque ele me confirma que inegavelmente por trás de cada poeta que se apresenta sem máscaras existe uma poesia que lateja no coração e faz do tal poeta ser um ser extraordinariamente humano.
Assim eu vejo Lewis. Ele me ensina que a vida é muito mais do que uma mera jornada do berço até a sepultura. Ele me ensina que há muito mais entre o céu e a terra…
Isto posto, nada acontece por acaso. Cada um de nós é o resultado das nossas próprias experiências. Cada um de nós se torna um laboratório existencial no chão da vida.
Lewis nasce em Belfast no seio de uma familia protestante. Ele como todo garoto que cresce em um berço cristão segue o “vai e vem” da rotina dominical. Ora, a igreja era a sua segunda casa. Os hinos e versículos bíblicos estavam todos decorados. As festas de Natal e Páscoa eram passadas na comunidade com outras tantas crianças e famílias que faziam daquele grupo uma igreja. No entanto, a vida com toda a sua imprevisibilidade atropelou o então “menino” Lewis….
A notícia chegou. Ele não entendia muito bem.
Ele tinha aprendido que poderia orar. Ele sabia que Deus ouvia a sua oração.
A sua mamãe estava com câncer. O que fazer? Ele se ajoelhava ao lado da sua cama e orava todas as noites: “Papai do céu, cura a mamãe. Eu a amo. Eu a quero. Não permita que ela me deixe…”
Assim ele fez, não uma, nem duas, mas centenas de vezes…
Você sabe o que aconteceu?
A mamãe do C.S. Lewis veio a falecer.
De modo que o garoto feliz, saudável, cheio de energia, e fé, se revoltou. Ele se indignou. Ele se desesperou. E mais ainda, o mundo caiu em cima da sua cabeça e o chão se abriu. Ora, a sua fé foi chacoalhada de tal modo que o menino que sabia recitar salmos e cantar hinos, deu lugar a uma apatia inimaginável e a uma frieza que o levou a se tornar um ateu.
Foi depois de incontáveis cafés e conversas com o seu amigo Tolkien. Um gênio que vivia no mundo irreal da ficção, mas tocava paradoxalmente o mundo real da espiritualidade pela fé. Um gênio que fez C.S. Lewis des-religiogizar a sua experiência com a religião “cristã” para ficar cara a cara com o Cristo dos Evangelhos.
Possivelmente em uma destas tardes frias de outono da linda Oxford, Lewis enquanto lia as narrativas dos Evangelhos sozinho, ele concluiu, “Ninguém jamais falou o que Jesus falara. Portanto, ou Jesus era um lunático que necessitava ser internado em um hospício, ou ele era um tremendo charlatão mentiroso, ou ele era quem Ele disse ser que era: o Filho do Homem, Deus que se vestiu de pele e sangue e habitou no meio de nós”….
De modo que neste momento, ele se ajoelha no seu quarto sozinho. Não havia ninguém. Não existia pastor ou padre. Não havia um coral de vozes. Não havia um convite manipulativo e emocional que o fizesse chorar. Havia a razão. Havia no ar cada conversa e encontro entre ele e o seu amigo Tolkien. As centenas de perguntas e frustrações com a religião, e as centenas de repostas e carinho não fingido do seu amigo Tolkien. Havia a decisão de saltar da religião para uma experiência espiritual transformadora. E assim ele o fez….
Você sabe o que aconteceu depois?
Lewis nunca mais foi o mesmo…
O seu primeiro livro se chama “Surprised By Joy”. Traduzido ao Português, Surpreendido Pela Alegria. A alegria lhe encontrou. A alegria lhe transformou. A alegria lhe fez um homem livre do “catecismo” para ser um homem cheio de fé e razão, cheio de inteligência e consciência do inexplicável.
Pois bem, passam alguns anos. E Lewis conhece aquela que seria a sua esposa. Você sabe como ela se chamava? Acredite se quiser, o nome dela era Joy. Uma bela e agradável moça de New York, jornalista, inteligente e cheia de vida. “Surprised By Joy” e agora uma “Joy” que lhe surpreende. Que coisa boa!
Ora, não preciso te dizer o que significa “Joy” em Português. “Joy” nome próprio, ou “joy” adjetivo têm absolutamente o mesmo significado, ou seja, alegria!
Você percebeu como a vida tratou C.S. Lewis e as coincidências lhe fizeram sorrir sorrisos inesperados e inexplicáveis…
No entanto, as coincidências não terminariam.
Foi talvez numa destas manhãs britânicas de inverno onde não há sol e o clima te faz ficar calado e com vontade de ficar sozinho. Ele recebe uma notícia. Joy, a sua amada. Joy, a sua alegria. Joy a sua companheira. Joy estava com câncer.
C.S. Lewis vai para o seu quarto, e ora…
E ora…
E ora e pede a Deus um milagre….
No entanto, tal e como acontecera com a sua mãezinha na sua infância, Joy, a sua linda alegria, veio a falecer…
Eu já estou terminando. Você pode imaginar a viagem que este homem fez? Talvez você esteja lendo e pense nas alegres coincidências que a vida já te presenteou. Talvez você esteja pensando nas tristes e inexplicáveis imprevisibilidades e não planejadas catástrofes que a vida te atropelou. Pode ser uma perda de alguém querido. Pode ser um divórcio. Pode ser a traição de um amiga que você chamava de “amiga”…
Faça uma pausa neste momento antes de seguir ao próximo parágrafo.
Você quer saber como Lewis conseguiu superar?
Saiba que os livros mais fascinantes e viscerais de C.S. Lewis vieram depois desta experiência de dor e consolo, de perda súbita e serenidade inimaginável, de tristeza e de “Joy”. Ele já não era mais aquele menino dos encontros dominicais e estudos bíblicos. Ele era alguém que recebera a “patada” do Aslam, do Leão da Tribo de Judá…
Você provavelmente não sabe o que vou te dizer agora…
Você sabe porque Lewis e a sua genialidade não foram devidamente mencionadas no dia que ele partiu desta existência?
Pois bem, Lewis faleceu no dia 22 de Novembro de 1963. No mesmo dia que o ex-presidente John F. Kennedy fora assassinado. Enquanto todas as páginas de jornais, e as principais mídias noticiavam o tão misterioso e inesperado assassinato de Kennedy, os rodapés dos jornais anunciavam: “E também hoje…”
Apenas um…
“E também hoje, perdemos um dos maiores escritores, acadêmicos e intelectuais de todos os tempos, Clive Staples Lewis”.
Ah! Já ia me esquecendo…
Eu já disse para a Sophia que o próximo livro que leremos juntos será O Senhor dos Anéis 🙂
Já se passaram 10 anos. Mas ainda guardo algumas fotos e sobretudo a memória da minha viagem à Oxford: a charmosa Holy Trinity Church, o pequeno e tranquilo cemitério localizado atrás da igreja onde Lewis fora sepultado, a sua residência próxima da Universidade de Oxford e o aconchegante pub “The Eagle and Child” onde As Crônicas de Nárnia e O Senhor dos Anéis se encontraram.
Um beijo grande. Até a próxima!
Fábio Muniz
Lyon, França
Fabio Muniz
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Respostas de 3
Filho ….sei o qto q vc gosta de famoso Lewis…e o filme de crônicas de Narnia ..você o papai e eu assistimos no cinema do shopping…porque foi uma despedida sua ,do Brasil q até hoje vc não voltou.Mas ficou marcado em.nossas vidas. Você um cidadão do mundo.Oro diariamente por vc e sua amada família. Amo vcs.
Abordagem muito interessante, gosto muito das analogias que o Pastor Fábio faz, sempre muito perspicaz, transformando a leitura em algo agradável e surpreendente, levando-nos a reflexão sempre. Abraços fraternais!
Q texto bonito!Nao sabia dessas informacoes.Vou ler Narnia!Claro sem deixar de mencionar o belo encontro q Lewis deve ter tido com verdadeiro Cristo!Com tantas lutas e decepcoes que teve! Nos faz pensar!Parabens pelo texto!????