Bom dia meus amigos queridos!
Foi no ano 2000 quando eu vim à Toronto pela primeira vez. Eu sinceramente, jamais imaginei que voltaria ao Canadá. Portanto, naquela ocasião eu disse “adeus” a Toronto e fechei, fechei um capítulo que voltaria a ser aberto inesperadamente 4 (quatro) anos depois, e seguiria sendo aberto…
De modo que eu voltei à Toronto em 2004 e vivi em Mississauga e Etobicoke por basicamente todo aquele ano. Eu ainda voltaria as terras canadenses com a minha familia em duas novas oportunidades: antes da nossa viagem ao Japão em 2015, e antes da nossa mudança para a França em 2018. Parece que os capítulos em terras canadenses continuam sendo escritos. Desta vez eu vim sozinho. Acabo de passar 2 (duas noites) revendo amigos queridos entre Toronto e Milton. Eles me inspiraram a escrever esta coluna, pois são mais do que amigos: são amigos-irmãos.
Ora, a vida é cheia de surpresas agradáveis. A vida é cheia de caminhos misteriosos. Aliás, um destes caminhos misteriosos são encontros inesperados. Vou batizá-los neste texto como “encontros divinos”.
Alguns destes amigos-irmãos eu conheci em 2000 como é o caso do meu querido Armando. Eu o chamo carinhosamente, Armandão!
Nos conhecemos na ilha de Toronto. Era um pique-nique depois do encontro da igreja. Nada programado. Não nos conhecíamos. Eu não o esperava. O Armandão e a sua querida esposa, Dinha, tampouco me esperavam. Encontros divinos são assim. Eles não tem hora e data marcadas. Eles simplesmente acontecem. Eles simplesmente nos abraçam. Eles nos visitam e não sabemos que são “momentos divinos”. Todavia, os anos se passam, o tempo passa, e quando olhamos para trás, é inegável que “tal encontro” começa a carregar as marcas de um jardim que tem sido plantado ao longo dos anos com o adubo do companheirismo, regado com a mais sincera alegria, cuidado com arte, e nutrido com compaixão e gratidão. A amizade sincera nos convida a ser gente. A amizade sincera nos convida a ser ser humano. Simples assim!
De modo que ficamos sem medo de sermos julgados. Nos tornamos gente vulnerável por opção. Nos tornamos gente real. Não há lugar para “fake news”. Não há lugar para máscaras. Não há lugar para performances e teatros. Não há!
Eu preciso fazer uma pausa aqui. Eu te pergunto. Você tem gente assim? Você conhece amigos que são autênticos? Você é um amigo assim? Você é um amigo autêntico? Você se oferece ao teu amigo para ser o irmão dele na hora da sua adversidade e da sua calamidade? Você conhece gente que se aproxima de ti sem nenhum interesse? Você conhece gente que te abre portas e não espera nada em troca? Você conhece gente que estende o “tapete vermelho” para você passar e te introduz com orgulho sentindo-se honrado por te chamar de amigo? Você alguma vez já teve esta atitude que acabo de descrever? Você já apresentou algum amigo teu desta maneira? Você se orgulha dos teus amigos?
Deixo te fazer uma outra pergunta: Quantos amigos você tem que já foram amigos-irmãos na hora da tua dor e da tua calamidade?
Isto posto, eu preciso definir com um parágrafo simples o significado mínimo de ser um amigo-irmão: Um amigo-irmão ouve a trajetória do outro amigo-irmão. Um amigo-irmão respeita, admira e é inspirado pelas marcas de fracasso tanto quanto as marcas de sucesso do outro amigo-irmão. Um amigo-irmão dá gargalhadas no momento que a vida lhes convidam para uma gargalhada gostosa e cheia de energia. Um amigo-irmão chora no momento que a vida lhes convidam para se assentarem juntos no chão da compaixão, da generosidade, da empatia e da sincera oração um pelo outro.
Naquele período quando eu conheci o Armandão não existia Facebook. Não existia WhatsApp. Não existia nada disto!
Foi na base do e-mail que ficamos em contato. Depois surgiu o MSN (Messenger) e assim, quando eu e o Armandão nos víamos on-line ao mesmo tempo, “trocávamos figurinhas” e dezenas de mensagens um com o outro.
Eu ouvi dezenas. Eu ouvi talvez centenas de histórias do Armandão. Uma das situações mais interessantes foi quando ele me contava sobre os Atletas de Cristo. Ele trabalhava com todo este pessoal que eu “conhecia” quando eu ainda era um “menino”.
Ele me contava sobre o jogador Alemão da seleção brasileira, o Jorginho, César Sampaio, Paulo Sérgio e a lista segue deste grupo chamado Atletas de Cristo.
Vou contar apenas um destes episódios que não se programam na vida. Eles apenas acontecem. Eu tinha acabado de ver o Armandão no Canadá quando estava em Frankfurt pegando o meu avião. Quando eu olhei para o lado, na outra fila do vôo, eu reconheci o Paulo Sérgio, ex-jogador do Corinthians. No meio do aeroporto, em Frankfurt, eu dei um grito:
– “Paulo! Tudo jóia?” Enquanto eu olhava para ele, ele não tinha a mínima idéia de quem eu era.
– “Tudo!” Ele me responde com carinho e consciência de que qualquer um poderia reconhecê-lo em qualquer lugar do planeta por ser um jogador de futebol brasileiro.
– “Acabo de ver o Armandão!” Enquanto andávamos em filas diferentes, percebi que o Paulo abriu um sorriso e parecia que nos conhecíamos há muito tempo.
– “Manda um abraço ao Armandão se você voltar a falar com ele!” Ele deu um grito do outro lado enquanto nos despedíamos. Certamente foi um dos diálogos mais inusitados e inesperados que eu já tive com algum jogador de futebol na minha vida.
Eu fico por aqui.
O meu vôo está chegando em Minneapolis.
Eu dedico esta coluna ao meu amigo-irmão, Armandão. Eu escrevo estas linhas com toda gratidão e carinho que tenho por ele, pela sua esposa, pelos seus filhos e familia.
Espero que cada um de vocês possam construir na estrada curta desta existência uma jornada com amigos-irmãos, pois este texto me fez lembrar as sábias palavras do rei Salomão:
“O amigo dedica sincero amor em todos os momentos e é um irmão querido na hora da adversidade”.
(Provérbios 17:17)
Um beijo grande a todos vocês e até a próxima!
Fábio Muniz
Na iminência de aterrizar em Minneapolis
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