Fábio Muniz: Ucrânia – Mais um Momento Apocalíptico na História

Bom dia meus queridos amigos.

Eu não consigo nem mesmo colocar um ponto de exclamação “!” depois da minha saudação inicial. Aliás, eu não consigo fechar os meus olhos e orar por qualquer outro motivo que não seja a Ucrânia.

Eu olho para a minha pequena Júlia brincando e imagino as centenas de crianças que já não brincam mais com os seus brinquedos porque deixaram as suas casas.

Eu me despedi da minha esposa e filha, Johnna e Sophia, na semana passada no aeroporto para que elas voltassem à França, eu imaginei as centenas de pais se despedindo das suas esposas e filhas para ir à guerra. Eles não sabem se um dia voltarão a vê-las.

Eu olho para os nossos supermercados, e movimento econômico nas ruas de gente comprando e vendendo, eu imagino as dificuldades dos homens de negócios, pequenos comerciantes, e gente que fechou tudo, para poder fugir desta guerra horrorosa. Milhares deles já são vistos como refugiados na Europa tendo a Polônia como a principal porta de entrada para este novo, e terrível fluxo social.

Um novo capítulo para a Europa. Um outro capitulo envolvendo refugiados…

E mais ainda, eu olho para a minha cama, para o meu travesseiro, olho para o meu cobertor, e fico imaginando as milhares de pessoas que não dormem devido ao medo dos ataques insanos e desumanos, devido aos bombardeios incessantes que atingem as áreas residenciais, orfanatos, escolas e hospitais.

Quando eu ouvi as notícias sobre a usina nuclear ucraniana, eu fiquei imaginando se a tal usina fosse danificada, um estrago infinitamente maior do que o estrago de Chernobyl em 1986 teria ocorrido. Absolutamente insano!

Eu sinceramente não consigo digerir que depois de uma pandemia sem precedentes, um momento apocalíptico com um protagonista chamado COVID-19, um vírus inimaginável, nos levaria a ficar frente a frente com um novo momento apocalíptico: um pesadelo infernal que está fazendo milhares de famílias se deslocarem das suas casas, deixarem os seus pertences para trás, e esperarem que um momento de lucidez venha diante de tanta loucura.

Será que este momento de lucidez chegará?

Isto dito, eu fui perguntado várias vezes e em diversos momentos quais eram os motivos de uma iminente e possível guerra quando tal guerra ainda era ensaios nos noticiários. Eu não sabia o que responder. Ninguém sabia!

Aliás, você sabe?

Eu comecei a buscar as respostas no Google em sites da língua Portuguesa. Os motivos não me convenceram.

Na realidade, eu não estava entendendo muito bem. Portanto, decidi usar os melhores sites da língua Inglesa. Procurei, e li.

Li sobre a tentativa da Ucrânia entrar na Otan. Li sobre a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. Li sobre os movimentos rebeldes dentro da Ucrânia e a validação de tais movimentos por Vladimir Putin. Li, li e reli…

No entanto, nada me convenceu antes da guerra começar, e nada me convence ainda hoje enquanto eu sigo lendo as justificativas de uma ação bélica, cruel, covarde de um dos exércitos mais potentes do mundo que carrega um arsenal nuclear capaz de destruir o planeta ao apertar de um botão.

Calígula, Nero, Nabucodonosor, Hittler, Saddam Hussein e muitos outros fazem parte desta lista de indivíduos que surtaram pela ganância de um pseudo-poder sem escrúpulos e entraram em um processo de lucifernização. Parece que a bola da vez é Vladimir Putin.

De modo que o exemplo mais claro que me vem na mente é a “síndrome de Lúcifer”. Caso você não conheça o significado na tradição judaico-cristã, ela nos ensina que Lúcifer era um anjo de luz, ele se encheu de soberba, desejou e quis ser igual a Deus, não se contentou em ter o que tinha, e tampouco em ser o que era, e portanto, ele caiu e se tornou o adversário, o tão conhecido Satã.

Ora, outra palavra para o tal do Satã é a palavra diabo que vem do Latim e do Grego.

Do Latim, encontramos diabolus. Do Grego Antigo, temos διάβολος (diábolos).

Em última análise o significado e a conotação é a mesma, ou seja, aquele que divide. Honestamente, não precisamos de nenhum diabo de fora, os seres humanos têm se tornado os próprios “diabos” da história e da civilização humana alimentados pela ganância e fome de poder. Seres humanos diabos que dividem. Seres humanos diabos que tristemente acusam. Seres humanos diabos que surgem para esmagar o outro sem nenhuma compaixão.

Eu já estou terminando.

Após ouvir os discursos de Putin, a pergunta mais lúcida, lógica e óbvia que eu tenho é: Se os russos querem desmilitarizar os ucranianos para fazer uma Rússia-Ucrânia porque eles são “irmãos”, porque não se faz um plebiscito para saber se os ucranianos querem tal “união”?

E mais ainda, se Vladimir Putin já reconheceu a independência das duas regiões separatistas no leste da Ucrânia, a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk, porque ele não se contenta com estas regiões que são pró-Rússia e termina esta guerra insana?

O fato é que começar uma guerra é fácil e rápido, terminá-la é uma tarefa absolutamente complexa e quando se vê, ela já se tornou um labirinto sem saída. Basta olhar para o “vizinho” russo, o próprio Afeganistão e os seus 20 anos de ocupação.

Na guerra ninguém ganha.

Na guerra os que mais sofrem são os mais inocentes e frágeis seres humanos. Eles não sabem nem mesmo o significado pelo qual uma guerra existe. Eu falo das crianças inocentes.

Na guerra os recém casados sofrem pela separação do jovem rapaz que deve pegar em armas, granadas, metralhadoras ainda que nunca tenha visto um fuzil. Inacreditável!

Na guerra os idosos não têm forças para se tornarem refugiados e devem permanecer vulneráveis em suas casas pedindo a Deus um milagre para não serem atingidos por nenhuma bomba, míssel ou granada. Triste realidade!

Neste momento de silêncio e profunda tristeza. Neste momento de compaixão e oração pelas famílias, e tanta devastação.  A minha prece é que a profecia de Albert Einstein não se cumpra, pois ele disse:  “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta: com pedras e paus”.

Oremos pela paz na Ucrânia!

Fábio

São Paulo

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Imagem de capa: Post author:Paulo Roberto da Silva Gomes Filho