Fábio Muniz: Vivendo o Espírito Olímpico

Bom dia meus amigos queridos!

Eu sempre fui um apaixonado pelos Jogos Olímpicos. Eu me lembro até hoje dos meus primeiros Jogos que acompanhei e tinha apenas 9 anos de idade. Los Angeles, 1984, era a bola da vez…

Carl Lewis era o nome da fera. Menos de 10 segundos em 100 metros rasos. Aliás, 9.9 segundos e o mundo foi à loucura com a capacidade muscular e a velocidade de Lewis…

Do lado brasileiro, tínhamos Torben Grael, e também o velejador Robert Scheidt. E quem não se lembra do Joaquim Cruz quebrando o recorde olímpico dos 800 metros rasos…

Eu me lembro o quão inocente era, e pensava que o Brasil competiria “cabeça com cabeça” com as principais potências do mundo. Eu era apenas um menino…

Mas vi a superação e conquista do nadador Ricardo Prado que ficou com a medalha de prata na prova dos 400 metros medley na natação.

E mais ainda: O vôlei masculino com Renan, Bernard e Montanaro. Que seleção maravilhosa! Eles nos deram a alegria da prata…

Mal sabiam que novas gerações do vôlei estavam sendo formadas e nos alegrariam com ouros atrás de ouros nas próximas Olimpíadas…

Barcelona (1992), Atenas (2004) e Rio de Janeiro (2016)…

Em 1988, nas Olimpíadas de Seul, eu me lembro que acordava de madrugada para assistir os jogos, corridas, natação…

Começava assistindo uma partida, e quando cochilava e acordava de novo, já estava entrando outra modalidade…

E quando olhava para o relógio, já era hora de ir para a escola…

Não me esquecerei jamais de Ben Johnson, o recorde absurdo dos 100 metros rasos correndo e batendo o recorde mundial: 9,79 segundos!!! No entanto, seria desclassificado e a sua medalha de ouro retirada devido ao uso de substâncias ilegais. Pego pelo tal e famoso exame de doping!

Pois bem, tenho que parar por aqui, senão o Andreoli vai me chamar para escrever uma coluna sobre esportes 🙂

Dito isto, a minha pergunta é simples: Porque não vivemos este Espírito Olímpico quando estamos interagindo com gente diferente, de outra cultura, de outra nacionalidade, de outra religião, enquanto a gente vive a vida e o seu dia a dia…

Um lindo Espírito Olímpico enquanto fazemos negócios, entramos e saímos de supermercados, atendemos o cliente, vamos à universidade, enquanto as nossas crianças vão ao parque e brincam com outras crianças que vieram de países asiáticos, latinos ou do oriente médio…

Porque não levantamos uma tocha olímpica e nos unimos em um grande revezamento 4×4 da existência, respeitando o turno e a vez de cada um…

Saltaríamos obstáculos juntos e poderíamos vencer as crises econômicas, sanitárias, sociais e políticas. Todos nós poderíamos levar medalha de ouro. Não haveria nem prata e tampouco bronze. Todos nós venceríamos…

Já não sou mais um menino….

Já não vejo mais as coisas como um menino…

Aliás, enquanto trabalho com ricos e pobres, imigrantes e refugiados, gente analfabeta e outros que acumulam mestrados e doutorados, tenho a oportunidade de no mínimo ensinar as minhas filhas, Sophia e Júlia, que não há diferenças entre nós, seres humanos porque todos nós possuímos as mesmíssimas necessidades intrínsecas apesar de termos cores diferentes, idiomas diferentes, culturas e países diferentes…

Talvez você me pergunta: O que você quer dizer com isto, Fábio?

Ora, é muito simples. Eu te convido a juntar-se com a nossa familia nestas Olimpíadas. Sendo brasileiro e carregando uma nacionalidade espanhola, sendo descendente de italianos e portugueses. Depois de ter vivido na Espanha, encontrado a minha esposa na Bélgica, morado no Canadá e ter duas filhas: Sophia que nasceu nos Estados Unidos, e Júlia que nasceu no Japão, e atualmente morar na França….

Parece que sempre estamos torcendo e ganhando:-)

Às vezes pego a minha filhinha me perguntando:

– “E agora papai?? Torço para a França ou Estados Unidos?”, pergunta a Sophia.

– “Uma coisa é certa. Você não vai perder desta vez:-)” Eu lhe respondo enquanto caímos na risada, pois seja França, ou Estados Unidos, celebraremos a vitória!

Nesta tarde, dia 29 de Julho, enquanto escrevo este texto, não foi diferente.

Parabéns Rebeca Andrade pela medalha de prata. E claro, não preciso dizer que a minha esposa, Johnna, a Sophia tanto quanto a Júlia, que diga-se de passagem quando vejo está pulando do sofá e dando cambalhotas inspirada pelas ginastas olímpicas, vibraram com a campeã americana Suni Lee.

Que levantemos todos juntos a medalha de ouro para a igualdade e justiça social, para a fraternidade e amizade sincera, e que o pódio do respeito humano seja construído no berço de cada cultura e família enquanto acompanhamos as Olimpíadas de Tóquio.

Até a próxima. E bom Jogos!

 

Fábio Muniz

Lyon, França

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem: Foto Divulgação / Internet

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