O Império Romano: A ganância e o desejo de ter, querer, possuir e conquistar

Bom dia meus queridos amigos,

Você conhece gente que se assusta quando alguém se aproxima deles? Você conhece gente que diz, “Eles estão se aproximando de mim apenas por interesse.” 

Você conhece gente que não mede esforços, e se for necessário eles passam por cima de tudo e de todos?

Termas romanas do século I em Lyon/ Lugdunum

Pouca gente sabe da importância de Lyon durante o Império Romano. Aliás, a cidade de Lyon se chamava Lugdunum. A região se chamava Gália e foi conquistada por um dos generais de Júlio César, Lucius Munatius Plancus, no ano 43 a.C.

Pouca gente sabe que o imperador Cláudio nasceu em Lyon, era neto de Augustus, e o seu nome está escrito no capítulo 11 do livro dos Atos dos Apóstolos no Novo Testamento da Bíblia.

Anfiteatro Romano na colina Fourvière, construído no ano 20 a.C.

Pois bem, poderíamos escrever um livro sobre o fato de Lugdunum ter se tornado a segunda cidade mais poderosa de todo o Império. Ainda podemos ver os dois teatros romanos. Um construído no ano 20 a.C. na colina Fourvière. E o outro teatro, construído no ano 19 d.C na colina Croix-Rousse durante o governo do imperador Tiberius. Aliás, foi no mesmo anfiteatro que o imperador Marco Aurélio assistiu a execução de 48 cristãos no ano 177 d.C.

A ganância e a ostentação de cada um dos imperadores partia de um princípio único e poderoso. Eles eram vistos como deuses e esperavam a adoração, a veneração e o indiscutível reconhecimento de todos. A megalomania de cada um deles pelo poder sem pudor, pela conquista sem limites, e sobretudo, pelo desejo de ter, possuir e receber toda glória humana a qualquer custo ou preço, faziam destes seres humanos, seres humanos sem o mínimo senso de humanidade, compaixão e ética.

Alguns deles mataram os seus filhos e esposas. Alguns deles surtaram.

Alguns deles mataram os seus amigos e confidentes com medo de serem traídos.

Alguns deles, como Nero, colocou fogo na cidade de Roma tão somente para ter um pretexto de acusar os cristãos de tal insanidade.

Estes homens jamais pensaram que o Império Romano Ocidental teria um final tão trágico. Estes homens jamais imaginaram que o Império Romano Ocidental cairia nas mãos dos bárbaros-germânicos no ano 476 d.C.

E o que isto tem a ver comigo e com você em pleno século XXI?

Ora, provavelmente você seja alguém que conhece gente assim.

Vista da colina Fourvière onde a cidade foi conquistada pelos romanos no ano 43 a.C.

Alguns indivíduos podem ganhar o mundo inteiro, mas isto não significa que saberão o significado de uma amizade sincera de um amigo. Alguns indivíduos podem construir um império de networking, mas isto não significa que saberão se comunicar com a esposa, ou serão capazes de ser mediadores entre a filha mais velha com a filha mais nova. Alguns deles sabem falar em público com eloquência e possuem habilidade extraordinárias nos negócios, mas isto não significa que sabem se comunicar com os pais e irmãos.

Há gente que tem, possui, pode, manda, ordena; mas não se dá conta que toda esta ganância e loucura têm prazo de validade. Gente que não sabe abraçar. Gente que não sabe rir. Gente que não sabe dançar. Gente que cada amigo é uma ameaça. Gente que a vida se limita dentro de uma corrida que vai do berço à sepultura, e salve-se quem puder!

Eu gosto muito da versão do teólogo e autor americano Eugene Peterson sobre o livro de Provérbios. Você deve conhecer um dos livros mais recitados na tradição judaica-cristã. Eugene Peterson diz, “Sabe o que acontece quando a ganância toma o controle: quanto mais você tem, menos você é.” (Provérbio 1:19). Simples assim!

Vista da cidade a partir da colina Fourvière.

Aliás, a grande ironia é ver que Sêneca, filosofo do século I d.C. viveu dentro da máquina do Império Romano e a sua filosofia girava em torno do autocontrole, da lógica e da razão, da busca de uma vida cheia de serenidade e paz. É dele a frase: “Nunca ninguém enriqueceu com dinheiro. ”

Você já parou para pensar nisto? “Nunca ninguém enriqueceu com dinheiro. ”

Deus nos livre da ganância de querer construir um império, ter, possuir, fazer, conquistar o mundo, mas perder a nossa alma, a alma dos nossos filhos, e a oportunidade de ter um encontro sincero, honesto, desinteressado e leve com o nosso próximo.

Reflita sobre isto.

Um beijo grande a todos vocês. E até a próxima!

Collonges-au-Mont-d’Or

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Imagens: Arquivos pessoais do colunista

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