O inverno no Brasil

Na linda Fazenda Paraiso conseguimos usar cachecol e blusa pela manhã.

– “Papai, estamos prontos para ir no Brasil”. A Júlia começou a nossa conversa muito animada enquanto arrumávamos a mala na semana passada.

– “Eu sei, filha. É a primeira vez que você irá no Brasil durante o inverno. Por favor, traga algum moletom e camisetas de mangas compridas. ”

“Papai, não é nada. O inverno do Brasil não é como o inverno aqui. Não precisamos nada de nada”.

(Agradeço ao meu amigo Ricardo que veio nos buscar no aeroporto. A expectativa do “inverno frio” era ainda grande quando chegamos em São Paulo – Foto de Capa)

Bom dia meus queridos amigos,

Há muitos anos eu não passo o inverno no Brasil. Aliás, não me lembro quando foi a última vez que passei o inverno no Brasil nestes últimos 20 anos. Na realidade, esta é a primeira vez que todos nós juntos, inclusive a Johnna, estamos passando o inverno no Brasil.

Bastou a Júlia chegar em Atibaia para perceber que ela tinha razão: O inverno do Brasil não precisa trazer “nada de nada”

Pois bem, a Júlia tinha razão. Eu pensei que jaquetas, cachecol, e gorros eram necessários. Eu me equivoquei. A Júlia tinha total razão: Não precisávamos trazer “nada de nada”.

A gente aprende com os nossos filhos. Eu observo a Sophia falando com outras crianças menores com muito carinho. Eu aprendo. Eu vejo a energia da Júlia e a sua alegria radiante. Eu aprendo com ela! Eu aprendo com a mansidão da Sophia quando ela interfere e evita um conflito entre as amigas da sua escola. Eu continuo aprendendo.

Na linda Fazenda Paraiso conseguimos usar cachecol e blusa pela manhã.
No entanto, a tarde a temperatura chegou aos 25 graus!!

Eu me surpreendo com a capacidade da Júlia de traduzir frases com 6 anos de idade e fazer trocadilhos com as palavras em diferentes idiomas. Eu sigo aprendendo.

Você conhece pessoas que possuem uma dificuldade enorme de aprender? Você conhece gente que não dá o braço a torcer? Você conhece pais que são incapazes de aprender com os seus filhos tanto quanto algum chefe que jamais admitiria uma recomendação de algum subordinado?

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Ora, a humildade vem da palavra latina humus que na verdade tem a ver com a decomposição da matéria orgânica que se encontra no solo para o processo de fertilização. Em última análise, a humildade tem a ver com este ser ensinável. É na terra do seu coração cheio de humus que faz brotar os mais belos jardins, sem arrogância e sem a presunção de pensar que ele sabe tudo. E mais ainda, é da mesma raiz que temos a palavra humor. Quem aqui é capaz de ficar ao lado de alguém que tem um humor oscilante e que seja incapaz de sorrir, tratar bem a esposa, brincar com os seus filhos, honrar o seu pai e a sua mãe, que trata com dignidade os seus subordinados e trabalhadores? Quem aqui é capaz?

Eu não sou. Ninguém é capaz de passar tempo com gente que seja o oposto do significado de ser um ser ensinável, um ser bem-humorado, e sobretudo, um ser humano que carrega o adubo constante no coração para deixar a vida crescer, gerar e produzir um lindo campo florido ao redor daqueles que interagem com ele.

Uma alegria ter conhecido a proprietária da Fazenda Paraiso Atibaia. A dona Ana nos recebeu com muita alegria e nos contou com muito carinho a história de gerações que tem a ver com a fazenda e a sua família.Dito isso, você pensou que eu escreveria única e exclusivamente sobre o inverno do Brasil? Mas, a mensagem da coluna de hoje tem a ver com a simplicidade de ser um ser ensinável.

De qualquer forma, eu te convido a aproveitar o inverno do Brasil com os teus pais, sair com a tua esposa para comer uma gostosa pizza. Eu te convido a aproveitar o inverno do Brasil com os teus filhos e curtir um cinema no final da tarde de sábado. Eu te convido a bater um papo com o teu melhor amigo enquanto vocês tomam um chocolate quente.

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Na realidade, independentemente da atividade, valorize o encontro humano, o abraço contagiante, a conversa e a risada espontânea.

Vovó fez cachecol e gorro para a família toda, mas vamos ter que usar tudo no inverno da Europa!

Aliás, a Sophia e a Júlia me lembraram que acordávamos entre 0 e 5 graus em Collonges-au-Mont-d’Or, e a máxima ficava entre 10 e 12 graus, portanto, eu não me surpreendo de ver a duas brincando de shorts e camisetas curtas no inverno do Brasil enquanto elas correm no quintal da casa do vovô e da vovó. Afinal, o que vale mesmo é a alegria das duas que nos contagia. Bom inverno para todos vocês!

Até a próxima.

Atibaia

 

 

 

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Imagens: Arquivos pessoais do colunista

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Respostas de 2

  1. Gostei muito do seu artigões pessoal e como vc trata da palavra humildade. Fez-me lembrar de Provérbios 4:13: “Apega-te a correção e não a deixes, pois ela é a tua vida”. Aproveite sua estada em nosso país tropical😍

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