Bom dia meus queridos amigos,

O terceiro ouvido tem a ver com um livro que comprei no Brasil quando a Sophia estava começando a aprender o Português. O resumo é muito simples: um garotinho sempre queria brincar com o papai dele. No entanto, o papai dele sempre estava ocupado com o computador, toda hora dizia que deveria ir para uma reunião, voltava para casa tarde, e nunca estava disponível.

Até que o garotinho começou a dizer: “Eu gostaria que o papai tivesse um terceiro ouvido porque ele não me ouve de jeito nenhum”. 

Acredito que a Júlia tinha uns quatro anos quando eu estava trabalhando com o meu computador na sala de casa, e percebi pelo barulho dos seus passinhos que ela estava chegando. Quando me dei conta, ela estava bem na minha frente, e subitamente fechou o meu computador e disse: “Papai vem brincar comigo!!”

Naquele exato momento, eu lembrei do tal livrinho e da lição simples, mas poderosa sobre o terceiro ouvido.

Eu já sabia que trabalhar de casa com o computador era uma tarefa difícil, mas naquele dia eu percebi que deveria fazer de tudo, o possível e o impossível, para encontrar equilíbrio.

Equilíbrio entre as dezenas de projetos que desenvolvo com o computador e encontrar tempo para a família. Equilíbrio entre as demandas de viagens necessárias e separar tempo para ficar em casa com as crianças. Equilíbrio entre as reuniões no Google, Teams e Zoom pelas manhãs, tardes e frequentemente pelas noites e tempo para jogar UNO, conversar com a Sophia e Júlia, e comer pipoca enquanto assistimos um filme juntos.

Eu sei que você sabe o que estou falando.

Eu conheço esposas que gostariam que os seus maridos tivessem um terceiro ouvido. Às vezes são filhos que nos procuram e nos dizem: “Mamãe está tão ocupada que tudo o que falamos entra por um ouvido e sai pelo outro”. Tais mães precisam inegavelmente de um terceiro ouvido.

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Líderes de qualquer natureza precisam exercitar a prática do terceiro ouvido.

CEO e chefes de departamentos precisam de um terceiro ouvido.

Quem me conhece sabe que às sextas-feiras eu tenho um encontro inegociável com a Sophia e a Júlia. É o nosso cinema em casa (movie night).

Na semana passada eu escrevi a coluna da Suécia. Foi uma semana intensa entre palestras e projetos relacionados ao meu mestrado. Eu fiz dos aeroportos e dos meus voos o meu escritório para poder chegar em casa e estar presente para as meninas. Eu sabia que quando chegasse em casa, eu precisaria praticar o princípio do terceiro ouvido.

De modo que foi por isso que nestes últimos dois dias eu e a Júlia, pela primeira vez fizemos uma viagem juntos. A Sophia e a Johnna ficaram em Lyon. Eu e a Júlia fomos até Chamonix. Chamonix é uma cidade mágica e não está muito longe de Lyon.

Foi a primeira vez que eu e a minha filhinha Júlia fizemos uma viagem sem a Sophia, e sem a mamãe. Não levei o meu computador. Aliás, não me lembro a última vez que tinha viajado sem o computador. Lemos livros. Jogamos UNO. Conversamos. Tomamos sorvete. Oramos juntos.

E mais do que isso, o terceiro ouvido estava lá, presente, sempre atento e buscando estar afinado para ser parte das memórias que ficam guardadas por toda a vida.

Eu espero de todo o meu coração que você use o teu terceiro ouvido nesta semana enquanto você conversa com o teu marido, brinca com a tua filha, toma um café com uma amiga e abrace a vida com as suas inúmeras oportunidades de encontros humanos.

Um beijo grande a todos vocês.

Até a próxima!

Collonges-au-Mont-d’Or

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

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Imagem 01 e 02:  Livro “O Terceiro Ouvido” – autor James Misse

Imagens 03 e 04: Arquivos pessoais do colunista

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