Arielli Margiotta: Linha de chegada

Essa semana eu estou tentando não queimar a largada com a estranha sensação de não entender a tal linha de chegada.

Devolvo a pergunta a vocês, caros leitores, até onde vocês podem ir? Por um trabalho, por uma relação, por um filho, por uma doença, por um familiar?

Vivo tendo a impressão de ir longe, às vezes sou capaz de atravessar um deserto só para não ver uma amiga sofrer, seja por dor de corno ou algo mais grave, apesar de crer piamente que dor de corno é gravíssimo, tipo comparado a um cálculo renal, Dói, viu? E não vale rir, ou vale. Essa vida é mesmo uma piada.

Você parou para pensar qual foi seu último grande ato heroico de vida? Sim, porque saiba você, nós temos, aliás, muitos, todos os dias da semana.

Almoçar na casa da sogra todo domingo pode ser um ato heroico, ou mesmo participar de uma reunião de condomínio pode ser outro, e por aí a fora. Sem querer, nos tornamos heróis de uma vida emprestada e, por outro lado, essa é nossa forma de ir além, de bater metas pessoais ou desafios, essa é a palavra da moda!! “Desafio”, nada me parece mais desafiador na vida que fazer exatamente tudo que não gostamos em prol de outros que amamos ou só achamos que amamos.

A gente acha que tem que amar todo mundo, e isso cansa, sabia? Mesmo sabendo que é um mandamento bíblico e estamos em plena Páscoa, prefiro ser honesta, com Deus e com a humanidade, não consigo amar todo mundo, graças a Deus, mas não deixo de respeitar todos com a doçura de uma noviça Rebelde ou nem tanto.

Avancemos…..

Somos, em tese, bravos e valentes, vamos mais longe do que podemos imaginar.

Somos capazes de resistir a tentações, resistimos à insônia quando um filho está doente e precisa de nosso cuidado, passamos horas a fio no celular aconselhando um parente depressivo, aguentamos firmes e fortes reuniões que poderiam ser resolvidas por um simples e-mail, aguentamos gente chata e inconveniente, dessas iguaizinhas às segundas-feiras chuvosas de São Paulo, que chegam sem avisar e demoram para ir embora.

Deixo, então, um conselho final de quem curte uma linha de chegada.

A ideia é você imaginar que de fato faz muito além, por obrigação ou gratidão, não importa, sua autoestima sempre agradece!

Não exija de você aquilo que não consegue dar aos outros, é uma regra simples e libertadora.

Pode apostar que um dia você fará o que seu pai não fez e fará ainda coisas que seu filho duvidará que existisse, e vamos combinar, ser Super Herói é para quem curte roupa colada no corpo, para nós mortais fica a ideia de uma linha, ainda que imaginária de chegada.

O caminho é mais importante que a chegada, mesmo porque onde é mesmo que desejamos chegar?

Bom, hoje eu só quero chegar mais cedo do que o normal em casa, abrir um vinho que comprei faz tempo e não abri por falta de oportunidade e abraçar com força quem eu amo, e olha que já é coisa pra caramba.

Ufa!!

Beijo vocês com valentia irônica de ser exatamente assim perfectível.

Boa Páscoa.

Até a próxima semana.

Uma resposta

  1. Mais um texto muito bom de se ler…. gostei da parte do vinho.. ate pensei em tomar aquele whisky que esta guardado e que ganhei de um grande amigo… amar é realmente dificil… mas da pra dar conta…. ?????

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