Cecília Telles: Aspectos emocionais da obesidade

A Obesidade tem se transformado num problema sério de saúde pública. Observa-se um grande número de pessoas obesas e muitas vezes com famílias obesas. Isto tem levado a uma grande preocupação na área de saúde, pois a obesidade afeta o indivíduo em vários aspectos de sua saúde física e psicológica, necessitando de atendimento e tratamento.

Aqui vou levantar alguns aspectos da obesidade ligados aos aspectos emocionais desta que é atualmente uma grande preocupação dos profissionais de saúde.

Sabemos que a obesidade desencadeia uma série de transtornos físicos, sobrecarregando os órgãos e causando dificuldades ao indivíduo na sua vida e também dificultando seus relacionamentos afetivos.

Geralmente costuma-se dizer que o gordo é feliz, alegre, mas, será? O que podemos perceber é que este estar alegre, esta felicidade que demonstra, muitas vezes está escondendo a ansiedade e tristeza sentimentos que vem da sensação de que “se não for assim ninguém gostará de mim.”

Nossa sociedade divulga um padrão de beleza onde quem é gordo é considerado feio e uma pessoa relaxada, que não se cuida. Há um preconceito social que torna as pessoas, de certa forma, escravas da aparência e onde o gordo é considerado aquele que não liga para nada, está sempre feliz e não
cuida de sua alimentação, não se preocupa com sua saúde e come sem discriminação, come tudo sem se importar com sua aparência.

Sabemos que a obesidade causa muitos transtornos na saúde do indivíduo, sobrecarregando seu corpo e afeta também sua vida emocional. Sua auto-imagem é afetada e sua autoestima fica diminuida, levando a que tenha menos confiança na sua vida social. Sente-se discriminado e percebe o preconceito social, que advém do conceito de beleza física atual, onde só as pessoas magras são consideradas socialmente equilibradas. Sua defesa ao se expor é demonstrar uma alegria que não possui, uma forma de se defender do preconceito e do sentimento de não pertencer ao padrão que a sociedade coloca como o certo.

O que podemos perceber, no entanto é que a obesidade ,muitas vezes, advém de um sentimento de não aceitação de si e incapacidade de lidar com essa sensação de não ser nada, ninguém, que desencadeia uma série de distúrbios psicológicos. O gordo, aquela pessoa alegre, brincalhona, que brinca com sua aparência fazendo piada, na realidade está se defendendo da dor psiquica de se sentir excluído, não pertencer ao grupo das pessoas aceitas pela sociedade como aquelas que são equilibradas que têm controle e sabem se relacionar em todas as situações.

O gordo em situações sociais tem sua auto estima, sua auto imagem, sua confiança e sua motivação afetados o que leva, muitas vezes a um retraimento ou a um comportamento exibicionista, como forma e defesa e de se colocar no mundo, uma vez que não se enquadra no conceito de beleza da sociedade. Com isso sua identidade pode estar afetada, podendo haver uma distorção nos seus valores e na sua identidade como ser humano, que pode levar a que nada faça , como se não desse importância, e então engorde cada vez mais , numa tentativa de esconder seu sofrimento, ou passe para outro distúrbio, qual seja, a anorexia ou a bulimia, dois problemas sérios de distúrbios alimentares que podem afetar o individuo gordo e dos quais falarei mais detidamente em outra ocasião.

O trabalho que realizo visa auxiliar essas pessoas a buscar as razões que a levaram à obesidade ou à bulimia ou anorexia, analisando suas formas de se colocar no mundo e como se relacionam com as pessoas em sua vida tanto profissional como afetiva, para que possam perceber a relação que fazem com o comer nessas ocasiões e possam, dessa forma, encontrar uma maneira melhor de se relacionar com as pessoas.

 

Cecilia Telles

 

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Imagens: Freepik

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