Regina Pitoscia: Busca pela segurança faz a caderneta brilhar

Nos últimos 12 meses, de junho do ano passado a maio deste ano, o rendimento acumulado da caderneta de poupança ficou em 3,35%, informa o Banco Central. Calculado em 70% do juro básico da economia, o retorno do investidor foi derretendo a cada corte na Selic, nesse período. Mesmo assim, o segmento bateu recorde de depósitos no mês passado, tornando a caderneta uma estrela entre os investimentos.

Em maio de 2019, a Selic estava em 6,5% ao ano, quando a caderneta rendia 4,55% ao ano. Em julho, a taxa caiu para 6,0% ao ano, puxando a remuneração para 4,20%. Em setembro, para um juro de 5,50%, a caderneta pagou 3,85% em um ano. Em outubro, com a Selic em 5,0%, o rendimento anual caiu para 3,85%. Em dezembro, o juro foi para 4,50% ao ano, e a remuneração ficou em 3,15%.

Neste ano, a taxa continuou em queda livre passando para 4,25% em fevereiro, 3,75%, em março e 3,0%, em abril, quando a rentabilidade da poupança ficou em 2,98%, 2,63% e 2,10% ao ano, respectivamente.

Mesmo com desempenho ladeira abaixo, em maio de 2020, a captação líquida em caderneta bateu recorde desde o início da série histórica, em 1995: os depósitos superaram os saques em R$ 37,2 bilhões. No mês anterior, o resultado também foi positivo em R$ 30,5 bilhões e, em março, de R$ 12,2 bilhões. Assim, a entrada líquida de recursos no segmento alcançou o total de R$ 63,9 bilhões nos cinco primeiros meses do ano.

Nada mal para uma aplicação que nos dois primeiros meses do ano registrou um total de retiradas superior ao de depósitos em R$ 15,9 bilhões. Reflexo de um movimento de investidores que, decepcionados com a remuneração abaixo da inflação da própria caderneta, partiram para a bolsa de valores em busca de um retorno diferenciado.

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Foi a chegada do coronavírus, e o desastre que provocou na saúde e no mundo das finanças, que começou a mudar esse cenário: com a queda acentuada das bolsas e instabilidade em outros investimentos que ­­remuneram à base de juros. O investidor fechou os olhos para o rendimento minúsculo e claramente deu preferência à segurança, voltando para a caderneta.

Ainda que com uma rentabilidade baixa em termos nominais, de 3,25% em 12 meses, no mesmo período, a inflação acumulada ficou em torno de 1,96%, usando a variação do IPCA-15, que é uma prévia da inflação oficial do País. Em termos práticos, isso significa que a poupança protegeu o dinheiro contra as perdas para inflação e pagou um ganho real de 1,36% ao investidor.

As projeções de analistas do mercado financeiro, publicadas no Boletim Focus do Banco Central, dão conta de que a taxa de juro na economia pode cair ainda mais nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e chegar ao fim deste ano em 2,25%. Com uma taxa dessa, o rendimento da caderneta seria de 1,58% ao ano ou 0,13% ao mês.

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