Ah, se eu soubesse!

Imagine a cena, acordei às 4:00 hs da manhã para uma viagem de trabalho, chovia muito e como sempre faço, chamei um uber e lá fui eu, torcendo para que o trânsito estivesse bom.

Moro bem longe do aeroporto e nesse dia as condições climáticas não ajudaram muito e para completar o motorista resolveu contar a vida, dele, mas tudo bem.

A conversa girou em torno de trabalho, contou que foi um jovem aprendiz, um bom aluno que logo conseguiu o primeiro emprego, que gostava de estudar e foi se aperfeiçoando, assim foi subindo rapidamente na empresa e como resultado de tanta dedicação se tornou um jovem chefe.

Óbvio que o cargo subiu à cabeça, se sentiu o maioral, o detentor de conhecimento, achou que sabia mais do que os outros, mas com a pouca idade, nenhuma maturidade e um rei na barriga desdenhou a opinião do funcionário mais antigo da casa.

O resultado foi um desastre, afinal, todos sabemos que a teoria na prática é outra.

Agora, ele é pai de uma executiva de banco, a filha superou os pais, conseguiu ingressar numa faculdade e trilhar uma carreira de sucesso, mas apesar do pai ter insistido para que ela aprendesse inglês desde pequena, ela respondia como a maioria de nós na adolescência e juventude, ignorando e subestimando os conselhos paternos, conclusão, agora, aos 30 anos ela precisou se matricular num curso de inglês.

Acredito que nascemos com um DNA de rebeldes sem causa e confesso que ao ouvir o relato do motorista lembrei de mim.

Cursei 2 faculdades, uma pós-graduação, estudei inglês numa faculdade no Havaí e me achava intelectualmente privilegiada, então às vezes ao ouvir os conselhos dos mais vividos pensava que eles estavam defasados, que não tinham acompanhado a evolução do mundo e estavam estagnados no passado, ao passo que eu sabia muita coisa!

Ledo engano! Hoje, aos 64 anos de idade reconheço quantos erros seriam evitados se tivesse escutado meus pais e pessoas com mais experiência, neste caso, me refiro aos 60+.

Lembro como se fosse hoje, eu do alto da minha arrogância juvenil, aos 30 anos ocupando cargos de diretoria e me achando… santa ignorância!

Foi assim que caí muitas vezes, me machuquei feio, desabei do alto do Everest.

Ah, se eu não tivesse tido essa arrogância cultural dos jovens sabichões, poliglotas, com MBA, vivência no exterior, talvez tivesse acertado mais, aprendido mais, errado menos, talvez tivesse tido uma vida mais fácil.

Mas sempre é tempo para corrigir a rota, praticar a escuta ativa, ser humilde em todos os sentidos, principalmente quando alguém com mais experiência quiser te ensinar algo, nesse caso, a pessoa não necessita ter diplomas e mestrados, a vida capacita, traz uma sabedoria que só se adquire com o tempo.

Para chegar onde quiser, ouça seus pais, seus professores, tenha mentoras, mulheres inspiradoras, pioneiras que abriram caminhos, líderes de fato e de direito.

A vida é um constante aprendizado e requer muita humildade, é preciso estar disposta a mudar, a melhorar, é aquela velha história que você está cansada de escutar: loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual.

Então, independente da sua idade, do seu nível intelectual, de quanto você é capaz de falar sobre os filósofos gregos ou sobre a história da humanidade, lute bravamente contra a arrogância cultural.

No dicionário, arrogância é a qualidade ou caráter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros, orgulho ostensivo, altivez.

Ser arrogante é ter a convicção que é expert em vários assuntos e, por isso, não ter interesse em ouvir outras opiniões.

Identificamos uma pessoa arrogante pela extrema vaidade, pela falta de empatia, por exaltar suas vitórias e conquistas, por falar o tempo todo sobre ela mesma, por desdenhar as pessoas que considera inferior.

Fica a lição: Menos EU mais NÓS!

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